segunda-feira, 27 de novembro de 2017

A chapada ouve seu canto

Chapada em algum lugar no Baixo Parnaíba maranhense
Chorava a triste chapada
No rebramar dos encantos
Cantava como se o pranto
Fosse algo sem igual
Era mesmo a poesia
Num eco de agonia!
Em versos de noite fria
Nas chamas do temporal.

Chovia para alegrar
A erva nobre do agreste
Festejando no campestre
Sobre o som desta beleza
A terra cantou também
Árvores gritam amém!
Em tudo que se convém
Na música da natureza.

O gaturamo cantava
Gorjeando no sertão
A juriti risca o chão
O preá corre ligeiro
Cotia grita na moita
Tiú -, a fera açoita!
"Assombração que acoita
Coruja na escuridão".

O tatu trilha o carrasco
A formiga corta a folha
É o sereno das bolhas
Que molha na tempestade
Capim alegre sorrindo
Araras voam partindo
O Poeta construindo
A tela da liberdade.

O pano desta pintura
No ringido do arvoredo
Explode como um segredo
Na fumaça do encanto
Todo esse quadro celeste
Fazendo agora esse teste
De certo é inconteste
Quando a chapada ouve seu canto.

José Antonio Basto

(heterônimo / personagem “Eu” lírico: “O Viajante do leste”).

Nenhum comentário:

Postar um comentário