Chapada em algum lugar no Baixo Parnaíba maranhense |
Chorava a triste
chapada
No rebramar dos
encantos
Cantava como se o
pranto
Fosse algo sem igual
Era mesmo a poesia
Num eco de agonia!
Em versos de noite
fria
Nas chamas do
temporal.
Chovia para alegrar
A erva nobre do
agreste
Festejando no
campestre
Sobre o som desta
beleza
A terra cantou
também
Árvores gritam amém!
Em tudo que se
convém
Na música da
natureza.
O gaturamo cantava
Gorjeando no sertão
A juriti risca o
chão
O preá corre ligeiro
Cotia grita na moita
Tiú -, a fera açoita!
"Assombração que
acoita
Coruja na escuridão".
O tatu trilha o
carrasco
A formiga corta a
folha
É o sereno das
bolhas
Que molha na
tempestade
Capim alegre
sorrindo
Araras voam partindo
O Poeta construindo
A tela da liberdade.
O pano desta pintura
No ringido do
arvoredo
Explode como um
segredo
Na fumaça do encanto
Todo esse quadro
celeste
Fazendo agora esse
teste
De certo é
inconteste
Quando a chapada ouve
seu canto.
José Antonio Basto
(heterônimo / personagem
“Eu” lírico: “O Viajante do leste”).
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