segunda-feira, 28 de agosto de 2017

O leste, as dunas e os conflitos

Dunas em Tutóia-MA
Conhecia-se os desconhecidos, a caminhonete roncava na travessia das comunidades Jacu, Araras, Serraria de Cima e outros povoados que ficam na beira da MA 225. Passávamos bem perto do Gonçal dos Mouras, área de conflito dos posseiros. A linha de fronteira entre Urbano Santos e Barreirinhas – avistava-se as primeiras casas da Comunidade Angelim. As comunidades de Urbano Santos vivem sobre o sufoco das demandas de terra, não só Urbano Santos, sabemos disso. A monocultura do eucalipto muito tem prejudicado os modos de vida das comunidades camponesas de Urbano Santos e quase todo Baixo Parnaíba por onde se alastrou as plantações. Em Barreirinhas existe uma lei que proíbe o desmatamento do cerrado para o plantio de monoculturas agressivas ao meio ambiente, assim também como a pequena Beláguas, em São Benedito do Rio Preto criaram a mesma lei, só que foi derrubada. Tenta-se a mesma coisa em Urbano Santos – fizemos um Abaixo-Assinado e colhemos um quinto do eleitorado do município – o projeto tramita no legislativo e nós ainda aguardamos respostas. Mas a burocracia é intensa e o movimento social tem enfrentado dificuldades para a concretização desse direito.
Paulino Neves-MA
A noite pairava – a madrugada se afastava com os raios de sol, chegávamos em Sobradinho – Barreirinhas, quase não tínhamos tempo nem para tomar café, pois teríamos que chegar a tempo em Tutoia para participar do “I Encontro de Comunicadores”, aproveitando a Caravana de Direitos Humanos da SMDH que por lá estavam a serviço. Nossa região leste maranhense, especialmente falando do Território do Baixo Parnaíba e os lençóis que se diferem dos outros biomas. A estrada que liga Barreirinhas a Paulino Neves está no processo de terraplanagem, será asfaltada em breve. As comunidades das dunas enfrentam a problemática dos empreendimentos da energia eólica, assim como os outros programas de espoliação de camponeses de suas áreas agricultáveis, de pesca e extrativismo. Há nove anos atrás, quando viajei por essas mesmas estradas, naquela época em 2008 quando as comunidades e o movimento social do Baixo Parnaíba estava no fogo da luta, esses caminhos não eram aplainados, as comunidades tradicionais pisavam e trabalhavam em seu chão original. O capitalismo no campo e ai hoje falamos do programa devastador do MATOPIBA que vem   passando por cima de muitos direitos dos povos tradicionais principalmente quando se diz respeito a expropriação de terras, este é a maior desgraça que vamos enfrentar nesses tempos. O Baixo Parnaíba é uma das regiões mais secas e de constantes conflitos fundiários que assinala a disputa por terra e por água. A silvicultura do eucalipto e  soja – os dois grandes modelos de monoculturas implantadas na região tem gerado grandes confusões no meio rural. Espera-se dos governos e dos órgãos competentes uma ajuda de alimentação do sonho de um outro modelo de desenvolvimento para as famílias campesinas que na verdade são elas as verdadeiras donas do “Território Livre”. Pois elas se procriam e se reproduzem desde séculos.
I Encontro de Comunicadores  - Agosto de 2017 - Tutóia-MA
O “I Encontro de comunicadores”, nos proporcionou um entendimento do verdadeiro papel da comunicação, além da troca de experiências entre comunicadores de vários seguimentos: radio, blogs... jornalismo e temas diferenciados das páginas. Passamos o dia todo no Salão Paroquial – no final do evento tiramos os encaminhamentos necessários para a formação da rede de comunicadores e os próximos encontros. Voltamos para casa no final da tarde – cortando as mesmas estradas de Tutoia a Paulino Neves – Barreirinhas a Urbano Santos. A noite, avistava-se naquelas imediações de Tutoia a Paulino Neves as luzes da rede de transmissão da Eólica. Mas as lagoas em meio às dunas enfeitavam os caminhos com suas belezas naturais. Ao chegar em casa, depois de quase quatro horas, refleti então com a sensação de dever cumprido.


José Antonio Basto

segunda-feira, 21 de agosto de 2017

Ode à vida

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No retrocesso do mundo
No parar de um segundo
Entre os mares profundos
Está lá toda saudade
Cantando em melodia
No despertar da magia
Nas estrofes da alegria
Em meio à felicidade.

Eram tempos de outrora
Ritmando sem demora
Sobre os dias d` aurora
Anunciando bons tempos,
- Pedras do reino da graça
Subiram no pó da fumaça
Deixando toda desgraça
Nessa carreira do tempo.

A ampulheta de lado
Desce o barro consagrado
Sobe as frases com cuidado
Da outra banda a lição...
Reflete um grito de guerra
Os astros caem sobre a terra
Num canto que não se encerra
Escrito no coração.

José Antonio Basto
21/08/2017



segunda-feira, 14 de agosto de 2017

Quatro cantos d`água

Lavadeira de roupa no Rio Boa Hora - (Pov. Santa Maria - U. Santos)


I
A terra planeta em que vivemos
Contem muitos rios, lagos e mares
Compostos em muitos lugares
Essa teoria nos compreendemos
Toda essa água dela dependemos
Para muitas coisas digo com certeza
Do planeta terra é toda riqueza
Porem por todos é querida
A água é a fonte de vida
Do ser humano e da grande natureza.



II
O líquido mais que precioso
- Está ficando a cada dia mais difícil
Na beira do grande precipício
O mundo está mais ganancioso
Aplicando o veneno perigoso
Destruído o jardim desta vareza
Caindo nos ventos da incerteza
Alargando do mundo a ferida
A água é a fonte de vida
Do ser humano e da grande natureza.

José Antonio Basto - (Riacho do Gonçal dos Mouras - U. Santos)

III
A sede invade as nações
Que procuram água loucamente
Já morreu a última semente
Da nascente que bate os corações
Já é tempo de lutas e ações
Já é tempo de termos a grandeza
E não deixar cair em tal frieza
E seguir avante na partida
A água é a fonte de vida
Do ser humano e da grande natureza.

Rio Mocambo - (Pov. Baixa Grande  - Urbano Santos).



IV
Terra sonho... Água e liberdade...
Resistência em tempos de outrora,
Resplandece da manhã a nova aurora
Entre os tempos da felicidade,
Vamos sempre seguir com a verdade
Na cachoeira dos rios em correnteza
Água: “a mais linda das princesas”,
Coração da fonte consentida!
A água é a fonte de vida
Do ser humano e da grande natureza.


José Antonio Basto

segunda-feira, 7 de agosto de 2017

O BREJAL - (ou o livro da natureza)


Brejal da Comunidade São Raimundo - Baixo Parnaíba-MA.

I
Cantava os pássaros vibrando
No lindo dia raiando
Na matutina beleza...
Sobre o roncar da magia
Nas teclas da poesia
No livro da natureza.

II
Na lira das alvoradas
As águas desamparadas
Sobre a floresta imortal,
Rebramando entre as matas
Sobre as lâminas da faca
Chorava o pobre brejal!

III
Estava ali ele triste
Como um bioma que insiste
No seio da mocidade,
Suspirava em canção
Nos versos do coração
Na sombra da liberdade.

IV
As flores rugem na curva
A pétala vértice recurva
Quando a luz não pairou!
O gaturamo em seu canto
Nos grotiões e recantos
Sua louca voz ecoou!

V
Um tiro sobre o sertão
Roncou no brejo – a amplidão!
De velhos tempos de guerra,
Era o grito das queimadas
Que sobre o fogo em jornada
Regava de sangue a terra.

VI
Estava lá o brejal
Com uma força sem igual
Guerreiro em longas batalhas!
Vivendo na resistência,
Com séculos de paciência
Sobre a lâmina da navalha!

VII
Plantando a nobre semente
Ringindo a “lima” dos dentes
Nas surdas asas dos ventos”
Cantando com agonia
No livro da poesia
Esperando novos tempos.


José Antonio Basto
Agosto – 2017.