segunda-feira, 24 de junho de 2019

Os tiros estrondavam no sertão!

Em algum lugar na região do baixo parnaíba maranhense
Tiros se atiram e se ouvem no sertão! Constantemente se escuta tiros nas chapadas -, quase não se ver mais, de junho a dezembro os tiros estrondam na floresta! Há muito tempo os sertanejos lutam por algo melhor em suas vidas... Para suas famílias - gente que durante séculos foi massacrada. Mas como lembrar disso? Se o sertão é o canto que ecoa nos infinitos caminhos – o sertão é o meio, o início e o fim de qualquer prosa.
Caçadores atiram para as matas, eles caçam para alimentar suas casas e seus criados, a “subsistência” – talvez não faz tanto mal assim como se pensa porque a cultura dos povos é mais forte do que qualquer empreendimento capitalista. Mas o sertão foi invadido e os tiros que rondavam suas terras não se ouvem mais. O território foi marcado por ferro e fogo, o sangue ainda se espalha por lá. Muitos dias se foram, muitos sonhos também... grandes vitorias saíram das entranhas do coração e da vontade de viver! Mas viver com muita cautela, precisa-se “acreditar”, precisa-se escrever a própria história.
O sertão se esvaziara de seu povo que se fora, retiraram-se com medo da fome e dos fantasmas que lhes assombram... RETIRARAM-SE intoxicados pelo veneno! A terra fora tomada - “grilada” – por tempo indeterminado, a mesma terra dos ancestrais. Agora nem caça, nem peixes, nem roças! Acabara-se tudo! Ainda resta a coragem de lutar. Science alertava no pé do ouvido em seu Monólogo, dizendo: “O homem coletivo sente a necessidade de lutar / O orgulho, a arrogância, a glória / Enche a imaginação de domínio”. A cartilha contara a história. A didática também foi contada, mas em alguns casos de maneira equivocada.
Como imaginar o sertão em seus velhos tempos de outrora; quanto aos tiros disparados, anunciaram então uma nova era. Rendiam-se -, os tiros voavam os ares da liberdade e a fumaça do campo enchia os pensamentos de domínios. Eles rondavam o sertão em busca de direitos, atravessavam valas e grotiões pelo agreste. Rumavam para o leste. Para as outras bandas eles moravam, residiam ali longe de tudo e de todos, quando as estações mudavam de cor os campos abriam seus jardins de flores anunciando um novo tempo que nunca chegara.
Os caminhos do sertão eram os mesmos caminhos estreitos trilhados por rebeldes, eles eram insurretos e adentravam pelas matas – chapada afora. Quando se viaja pelo sertão se ouve muitas coisas, histórias e encantos. Os modos de vida mudaram... Ainda resta tempo para a luta e para os sonhos. O sertão parava ali, os ventos do leste ecoavam junto às florestas que adormeceram e sem poder falar dormiam sem dizer nada; exceto, a angustia dentro de si. Ali se ouvia os tiros que estrondavam no sertão!

José Antonio Basto

segunda-feira, 3 de junho de 2019

URBANO SANTOS: 90 ANOS DE LUTA E HISTÓRIA



"Ponte antiga sobre o Rio Mocambo" - (fonte: IBGE)
“Balaios de ontem e de agora” – “Rio Mocambo de lutas gloriosas.... Com suas águas negras cheias de encantos / Guerra dos Balaios que deu origem a Urbano Santos”... [...]. Nessa próxima (segunda-feira), 10 de junho de 2019, nossa querida e amada cidade - Urbano Santos estará completando “90 anos de Emancipação Política”, (são nove décadas de história). A Balaiada, uma das mais importantes revoltas populares - (insurreição) do Brasil Regencial marcara sua trilha e seu espaço geográfico no nordeste maranhense. Eles se amocambaram, montaram suas trincheiras nas margens do Mocambo, atacavam os legalistas e se escondiam ao mesmo tempo... Escutavam (no Escuta) o tropel (barulho) dos cavalos e som de barcos das tropas do Exercito Provincial. Aportavam em (Porto Velho I) para o desembarque de suprimentos e armas... Andavam pelo Sertão desafiando o sistema, contra a Lei de Recrutamentos, contra a tirania dos latifundiários em busca de liberdade. A Balaiada tem
"Avenida Manoel Inácio" - (fonte: IBGE)
mais e mais páginas nos encontros e desencontros da memória oral, na verdade existira várias Balaiadas. Daí com o fim da guerra em 1841, no ano seguinte começa a surgir o Vilarejo de Mocambinho com pessoas que procuravam refúgio seguro nas beiras do rio, mais adiante Mocambo, depois Vila de Ponte Nova estabelecida pela Lei Provincial nº 1.235, subordinada ao Município de Brejo dos Anapurus, mais tarde em 10 de Junho de 1929 se chamaria definitivamente “Urbano Santos”, em homenagem ao cidadão Urbano Santos da Costa Araújo, este, filho da cidade de Guimarães, em sua carreira foi 
deputado federal de 1897 a 1905, governador em 1913, senador entre 1906 e 1914 e vice-presidente do Brasil entre 1914 e 1918, durante a
"Chagas Araújo" - (Primeiro prefeito da cidade).
presidência de 
Wenceslau Brás. Assumiu interinamente a presidência do Brasil em 1917.
"Visão panorâmica da cidade" - (Imagem da web).
Reeleito para a vice-presidência na chapa de 
Artur Bernardes em 1922, morreu antes de ser empossado. Nossa cidade teve como primeiro prefeito o Dr. Francisco das Chagas Araújo -, filho do influente Coronel de patente José Antonio Araújo. Com o passar do tempo ganhamos uma bandeira e um hino que foi escrito pelo Padre José Antonio de Magalhões Monteiro. Parabéns aos filhos ilustres e a toda sociedade urbano-santense pelos “90 ANOS” e sobretudo pelo rico capítulo escrito no PANTEON DA HISTÓRIA.

Fragmentos: Décimas a Urbano Santos”

“Raios do poente brilham no horizonte
Refletindo a imagem das casas antigas
Folclore e lendas misturam cantigas
Cultura dos povos... letras consoantes
Mergulho nas praças seguindo avante!
Compondo o poema pra esse torrão
Nos versos da vida canto com emoção
Espera-me ó fama na luz da lembrança
Eterna cidade berço da esperança
Receba essa lira com inspiração.
 
"Tradicional casa do Sr. Jaime".
No alto da torre eu ouço a canção
E olho a bandeira já bem hasteada
Crianças correndo em disparada
A juventude lendo a mais bela lição
Todos em coro com o livro nas mãos
Em marcha unida ao futuro enfrentar
Pranto dos olhos escorre ao cantar
Cabelos arrepiam ao som das vozes
Balaios de agora... Guerreiros ferozes
Soldados de hoje! As armas preparar!


Com a túnica de um monge consagro-te na aurora
As tuas relíquias que são pesquisadas
Tesouros perdidos em matas fechadas
Repletos de brilhos que estão na história
Aguardo um retrato que não mais demora
Museu e morada da antiguidade
Os ventos do leste nos deixam saudades
Nas folhas das árvores que sempre balançam
Trabalho... Pessoas que nunca descansam
Entrego-te os versos ó minha cidade”!

José Antonio Basto