Zumbi dos Palmares |
I
O canto negro que
chora
No estribo da
espora
Correndo louco!
Implora!
Pelas matas do
sertão!
Balaios de Cosme
Bento
Que marcaram seu
acento
Em tiros soltos no
vento
Contra a
escravidão.
II
Hoje aguardam a
mensagem
De Castro Alves a
imagem
Zumbi lutou com
coragem
Em outros tempos de
glória!
Pretos que aqui
morreram
E seus corpos se
estenderam
E suas almas
bateram
No estandarte da
história.
III
Sãos esses que na
senzala
O chicote ainda estala
E sobre o sangue
resvala
Há trezentos anos
de dor!
Estes vultos que
gritaram
E por todo tempo
apanharam
E, sobretudo desejaram
Que tivessem algum
valor.
IV
São meus irmãos de
corrente
Negros, negras que
são gente
Hoje seguem
conscientes
Em outra grande
batalha...
A voz que invade o
sistema
São regras, cotas e
dilemas...
Quebrando todas as
algemas
Sobre o fio da
navalha!
V
Na lei, na guerra
ou na marra!
Este cartaz se
esparra...
No chão de luto que
agarra
As letras nesta
verdade
Um outro mundo
almejamos
E todas as mãos
juntamos
Nessa guerra que
lutamos
Em busca de
liberdade.
José Antonio Basto
Urbano Santos-MA, 20 de Novembro de 2017.
* Modestamente, são estes os versos da voz do povo negro! –
os de ontem que tombaram e deram seu sangue como Zumbi dos Palmares, Negro
Cosme Bento das Chagas e muitos outros. E também os de hoje que sustentam e se
dedicam a esta luta em busca da verdadeira abolição do preconceito e dos
problemas sociais. Poema este dedicado ao “Dia
Nacional da Consciência Negra” – 2017, e, sobretudo aos 322 anos da coragem
de Zumbi dos Palmares – covardemente
assassinado na manhã do dia 20 de novembro de 1695. Zumbi representa a força e a
expressão maior do movimento negro dos dias atuais; precisamos conquistar esse
dia para que seja marcado em nosso calendário como feriado nacional e não
apenas em alguns estados e municípios; acentuando em especial a luta atual dos
negros e negras rurais quilombolas e urbanos em suas organizações; suas
batalhas e desafios em busca da concretização de direito civis.
Autor.
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