segunda-feira, 10 de outubro de 2016

A chapada falava...

     Como ela fala? Falava consigo mesma, com o tempo? Com o firmamento? A retrospectiva da história revoltava os viventes que luta para viver! Ela estava ali esperando pela paz, esperando por novos tempos de esperança. Calada na sequidão das idas e vindas, na saga dos arvoredos um sonho replicava sobre um relâmpago e um trovão que nunca mais fizera chover como antes. O bacurizeiro chorava sobre a lâmina da máquina que poluía sua terra, que cortava seus galhos. A jaçanã gritava com vontade de sair de seu habitat, mas infelizmente para onde poderia ir! Donde veio! O canto da vida que emblemava soando sobre os caminhos estreitos, velhos foram aquelas melodias que gritavam por um outro mundo possível, para o belo rosto da biodiversidade. Grandes sonhos podem ser capazes, se sonharmos de verdade como os heróis das florestas sonharam! Foram muitos séculos passados, foram muitas lutas travadas, foram pedaços disputados e, que são até os dias de hoje disputados.
     A chapada falava mesmo sem falar. Percebia-se sua indignação pelas mudanças climáticas que os seres humanos causam. O vento falava, bastava “ouvir a sua voz” –, pois o mestre já dizia há dois mil anos atrás: “Não sabemos nem de onde vem, nem para onde vai”. O roncado dos bichos eram como protestos, eram mesmo protestos naturais . Nãos os ensinaram a falar!
     Ela cantava! Chorava! As águas não descia mais de suas lindas cabeceiras; os peixes não subiam as correntezas. Um casal de arancuã tomou arranco para longe dali, pois a mirindiba e outras espécies base de sua alimentação já não existe mais – o correntão e o fogo devorou tudo.
      A chapada falava, os bichos falavam! Outrora os mais velhos diziam que houve um tempo em que os bichos falavam, havia reinos que se perpetuaram por gerações. A ganância humana mudou toda história, essa ganância e o consumismo já não olham para o futuro, já não olha para a vida, olha apenas para si mesmo e nada mais! Está faltando tudo, está faltando terra, água, alimento... uma crise descontrolada que parece não ter fim avassala e causa impacto ambiental e social em meio as comunidades. Salvemos o que ainda resta da natureza... suas lágrimas desce como riachos pela linha do tempo. A ampulheta trabalha dia e noite sem parar – a humanidade caminha para um abismo feroz, um poço construído e provocado por suas próprias mãos. Ainda é tempo de fazermos algo, de consolar a chapada e salvar o pouco que resta de nossas vidas! Ainda é tempo de se pensar na paz e no bem do meio ambiente, no bem da mãe natureza.

José Antonio Basto
e-mail: bastosandero65@gmail.com



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