Como ela fala? Falava consigo mesma, com o tempo? Com o
firmamento? A retrospectiva da história revoltava os viventes que luta para
viver! Ela estava ali esperando pela paz, esperando por novos tempos de
esperança. Calada na sequidão das idas e vindas, na saga dos arvoredos um sonho
replicava sobre um relâmpago e um trovão que nunca mais fizera chover como
antes. O bacurizeiro chorava sobre a lâmina da máquina que poluía sua terra,
que cortava seus galhos. A jaçanã gritava com vontade de sair de seu habitat,
mas infelizmente para onde poderia ir! Donde veio! O canto da vida que
emblemava soando sobre os caminhos estreitos, velhos foram aquelas melodias que
gritavam por um outro mundo possível, para o belo rosto da biodiversidade.
Grandes sonhos podem ser capazes, se sonharmos de verdade como os heróis das
florestas sonharam! Foram muitos séculos passados, foram muitas lutas travadas,
foram pedaços disputados e, que são até os dias de hoje disputados.
A chapada falava mesmo
sem falar. Percebia-se sua indignação pelas mudanças climáticas que os seres
humanos causam. O vento falava, bastava “ouvir a sua voz” –, pois o mestre já
dizia há dois mil anos atrás: “Não sabemos nem de onde vem, nem para onde vai”.
O roncado dos bichos eram como protestos, eram mesmo protestos naturais . Nãos
os ensinaram a falar!
Ela cantava! Chorava!
As águas não descia mais de suas lindas cabeceiras; os peixes não subiam as
correntezas. Um casal de arancuã tomou arranco para longe dali, pois a mirindiba
e outras espécies base de sua alimentação já não existe mais – o correntão e o
fogo devorou tudo.
A chapada falava, os
bichos falavam! Outrora os mais velhos diziam que houve um tempo em que os
bichos falavam, havia reinos que se perpetuaram por gerações. A ganância humana
mudou toda história, essa ganância e o consumismo já não olham para o futuro,
já não olha para a vida, olha apenas para si mesmo e nada mais! Está faltando
tudo, está faltando terra, água, alimento... uma crise descontrolada que parece
não ter fim avassala e causa impacto ambiental e social em meio as comunidades.
Salvemos o que ainda resta da natureza... suas lágrimas desce como riachos pela
linha do tempo. A ampulheta trabalha dia e noite sem parar – a humanidade
caminha para um abismo feroz, um poço construído e provocado por suas próprias
mãos. Ainda é tempo de fazermos algo, de consolar a chapada e salvar o pouco
que resta de nossas vidas! Ainda é tempo de se pensar na paz e no bem do meio
ambiente, no bem da mãe natureza.
José Antonio Basto
e-mail:
bastosandero65@gmail.com
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