Mulher lavando roupas no rio Boa Hora - comunidade Santa Maria - Urbano Santos |
A Região do Baixo Parnaíba Maranhense ainda é
muito rica em chapadas onde se localizam as nossas cabeceiras de rios e riachos,
apesar do grave problema do agronegócio que toma as terras e suga grande parte
dos recursos hídricos da região. As populações tradicionais que moram nesse
território precisam diretamente das águas e das terras para manter suas sobrevivências,
estas comunidades vivem ameaçadas por empreendimentos capitalistas desde muitas
décadas atrás, modificam a paisagem e os modos de vida das comunidades atingidas.
Primeiro foi o eucalipto que chegou no final da década de 70, depois a soja e
outras monoculturas no inicio dos anos 2000. Os problemas fundiários são na
maioria causados por invasões de fronteiras agrícolas e extrativistas dos
camponeses (as); pois os trabalhadores (as) rurais já se reproduziam há séculos
e séculos nessa região. Segunda as palavras do meu amigo Luiz Alves Ferreira, quilombola
de Saco das Almas em Brejo, militante do CCN – Centro de Cultura Negra do
Maranhão, médico e professor de patologia da UFMA e do mestrado de Saúde e Meio
Ambiente, o mesmo dizia certa vez em sua fala documentada “Em vários trechos do Baixo
Parnaíba maranhense, Cerrado e Semi-Árido e Mata dos Cocais lavam as mãos e os
pés juntos nos rios que formam as bacias do Rio Parnaíba e do Rio Preguiças e
que, com suas águas, abastecem as cidades do Baixo Parnaíba”.
Rio Mocambo - comunidade Bandeira - Urbano Santos |
Com isso
é verdade que o problema da escassez de água não atinge apenas as áreas rurais
donde brotam as fontes, mas também as cidades, onde vivem a maioria das
pessoas. PARA LEMBRETE, o Baixo
Parnaíba Maranhense será atingido diretamente pelo grande impacto da NOVA
FRONTEIRA AGRÍCOLA, conhecida como MATOPIBA, que resulta de um acrônimo criado
com as iniciais dos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia. Essa
expressão designa uma realidade geográfica que recobre parcialmente os quatro
estados mencionados, caracterizada pela expansão de uma fronteira agrícola
baseada em tecnologias modernas de alta produtividade. VAI PASSAR EM 31 microrregiões
e 337 municípios dos quatro estados que compõem a região. Ele resulta de um
significativo Acordo de Cooperação Técnica assinado entre o INCRA e a Embrapa. Segundo o Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE,
nesse território existem 324.326 estabelecimentos agrícolas E reúne 337
municípios e uma área total de 73.173.485 ha.
SÓ NO MARANHÃO O PROJETO ABRANGERÁ 33% DO TERRITÓRIO ESTADUAL, (15
microrregiões, 135 municípios, SOMANDO UM TOTAL DE 23.982.346 Hectares de terra).
As projeções indicam que essa região, deverá produzir 22,6 milhões de toneladas
de grãos no ciclo 2023/2024 e uma área plantada de grãos entre 8,4 e 10,9
milhões de hectares ao final do período das projeções.
A Ministra da
Agricultura KÁTIA ABREU,
afirmou aos empresários árabes e as autoridades de vários países que o MATOPIBA
terá um projeto específico de (desenvolvimento), e destacou que o Plano de
Investimentos em Logística (PIL) prevê R$ 198,4 bilhões em concessões de rodovias,
ferrovias, portos e aeroportos, melhorando a logística de escoamento da produção
de alimentos. (Fonte: www.sna.agr.br).
PERGUNTAMOS ENTÃO, QUE DESENVOLVIMENTO É ESSE QUE SÓ BENEFICIARÁ OS GRANDES
EMPRESÁRIOS? NESSE CENÁRIO COMO VAI FICAR OS CAMPONESES (AS) TRABALHADORES (AS)
QUE DESENVOLVEM SUAS PRÁTICAS TRADICIONAIS NA AGRICULTURA FAMILIAR DE SUBSISTÊNCIA?
E AINDA MAIS, PARA ISSO, TODOS NÓS SABEMOS que a pouca água que resta
em nossa região será utilizada nesse imenso e perigoso empreendimento. OS POVOS
TRADICIONAIS NÃO SERÃO BENEFICIADOS, FICARÁ APENAS UM LEGADO DE DESRESPEITO E
AMEAÇAS CULTURAIS, ALÉM DA VOTA DA GRILAGEM DE TERRAS E O AUMENTO DOS CONFLITOS
FUNDIÁRIOS E SOCIOAMBIENTAIS EM NOSSA REGIÃO.
Riacho da comunidade Bom Princípio - Urbano Santos |
José Antonio Basto
Ativista
ambiental pelos direitos humanos
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