Comparando as várias lutas dos
trabalhadores e trabalhadoras rurais pela conquista da terra em nosso país, em
especial o Maranhão, percebemos que os entreves enfrentados pelo Movimento
Camponês nas décadas de 60, 70 e 80 –, onde naquela naquele tempo a principal
arma era o enfrentamento braçal – essas coragens de muitos lavradores
resultaram em derramamentos de sangue e óbitos, mas esses heróis ficaram na
história e na memória dos cânticos e do povo sofrido e oprimido... desprovidos
de políticas públicas e direitos. Hoje
em dia os tempos são outros, uma nova geração surge onde poucos se interessam
para essa causa; camuflaram então a nomenclatura mudando a frase de “Tomada de terras através da violência
contra os lavradores e lavradoras” para “Ação proibitória legal”. O que mudou nisso tudo? Quando se trata
dessa questão no cenário nacional, principalmente no Congresso e nos Ministérios
do Governo Federal? Apenas as frases. Pois as ações hediondas continuam as
mesmas... práticas do grande latifúndio e de grupos empresariais são na verdade
agora muito mais selvagens, predatórias e perigosas.
O MATOPIBA,
por exemplo -,
expressão que resulta de um acrônimo criado com ideias dos grupos latifundiários e empresas multinacionais, são
as iniciais representativas dos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia,
estados esses que receberão um grande fluxo de ações devastadoras e desenfreadas
plantações de monocultivos daqui há algum tempo. Essa expressão designa uma
realidade geográfica desses estados onde se encontra o Maranhão, recobrindo
parcialmente os quatro estados; caracterizada pela expansão de uma fronteira
agrícola pesada principalmente baseada no agronegócio com suas tecnologias
modernas e de ponta. Será que as populações tradicionais foram consultadas
desse projeto? Como ele será implantado? Que se diz ter a parceria do MDA,
INCRA, EMBRAPA, MAPA entre outras entidades? A Região do Baixo Parnaíba
Maranhense será palco desse projeto, em nossas chapadas o agronegócio continua
avançando e com muito mais força. Parte dessas respostas podemos dizer que
saíram hoje 29/09/2015 em um debate no III
SEMINÁRIO AGRÁRIO DO SINDICATO DOS TRABALHADORES E TRABALHADORAS RURAIS DE
URBANO SANTOS, que durante a programação trabalhamos com representantes de 41
associações rurais do município o seguinte tema chave: “Terra, Água e Sustentabilidade”. Dona Lúcia Vieira – Secretária
Agrária da FETAEMA, em sua fala sobre “Avaliação
Fundiária no Baixo Parnaíba”, se preocupou com tal desenvolvimento do MATOPIBA – esse desenvolvimento que na
verdade é só para os grandes; analisando ainda as políticas nacionais e
contemporâneas para a Reforma Agrária, em meio a um processo de crise econômica
e social, que se encaixa nas disputas de poderes políticos como é o caso da
problemática no Ministério da Agricultura.
Nos perguntávamos como serão desenvolvidas essas caracterizações territoriais do quadro
natural, agrário, agrícola, rural e socioeconômico das 31 microrregiões e 337
municípios dos quatro estados que compõem a região. Eu apresentava na parte da
manhã baseado no título acima, uma explanação prévia para o entendimento da
Situação Fundiária no Brasil, em
especial no Estado do Maranhão com fundamentações de pesquisas nos
livros: “Conflitos e Lutas dos
Trabalhadores Rurais no Maranhão, de Alfredo Wagner – 1982”; “Retrato da Repressão Política no Campo –
Brasil, 1962 – 1985, publicação da Secretaria Nacional dos Direitos
Humanos”; “Terra, trabalho e poder:
Conflitos e lutas sociais no Maranhão Contemporâneo”, do Professor Marcelo
Carneiro e “O Eldorado dos Gaúchos”,
do Professor Rafael Gaspar. Essas obras serviram para o entendimento e direcionamento
dos parâmetros a respeito da luta no campo pela posse da terra; os desafios a
serem enfrentados na atualidade que não são diferentes das épocas passadas:
assassinatos e ameaças de trabalhadores rurais... índios... quilombolas e
lideranças sindicais. O Maranhão já ultrapassou o Pará em conflitos fundiários
e problemas de pistolagem, subindo para o primeiro lugar, onde a impunidade
prevalece porque quem ataca é sempre o mais forte -, o latifúndio que é ligado
a algum grupo político; quem desacata cercando, devastando as cabeiras de rios
é sempre um grupo empresarial que detesta camponeses reunidos lutando pela
garantia de seus direitos.
E daí entra em jogo um todo conjunto
de ações fraudulentas que apenas mudaram as nomenclaturas para usurpação de
terras rurais das populações tradicionais. O que fazer agora? Falando de nossa
casa, Território Livre do Baixo Parnaíba,
pensamos como se encontra as organizações sociais que outrora conquistaram a
ferro e fogo, derrubando fornos, cortando cercas, interditando estradas e
gritando para a mídia, governos e órgãos competentes de defesa dos direitos dos
cidadão e cidadãs de bem que ajuda a constrói esse país num sonho de paz,
harmonia e liberdade. Fica as incógnitas.
José Antonio Basto
Urbano Santos-MA, 29 de setembro de 2015
Militante em defesa da Reforma Agrária
email: bastosandero65@gmail.com
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