segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Os frutos da terra nos confins da Primavera!


O “P.A Primavera” localizado no município de Urbano Santos, Baixo Parnaíba Maranhense há 40km da sede da cidade é um ASSENTAMENTO DO INCRA com 1.742  hectares de terra, esta comunidade tradicional que vive da agricultura familiar como forma de desenvolvimento sustentável e solidário é uma região de matas virgens, cabeceiras de rios e riachos onde mora uma grande diversidade de pássaros e outros animais silvestres; madeiras  como mirim, maçaranduba, ipê roxo e amarelo, Camaçari, pindaíba, aroeira, sapucaia são espécies da vegetação quase não encontrada mais em outras regiões, mas lá tem com abundância. A Primavera tem uma história de resistência pela posse da terra – há algum tempo atrás os trabalhadores rurais foram para o embate formando uma associação de moradores para adquirir o bem comum. O latifundiário ainda tentou resistir às exigências dos camponeses, mas por fim a fazenda foi desapropriada e a área titulada para fins de Reforma Agrária. A produção de mandioca para a fabricação de farinha de puba é a mais importante renda familiar daquela comunidade, além da criação de pequenos e médios animais como pato, capote, galinha caipira, suínos e cabras. O Sr. Antonio Rodrigues da Costa – Presidente da Associação dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais do Assentamento Gleba Primavera, solicitou em parceria com o STTR de Urbano Santos a presença da ouvidoria agrária do INCRA afim de ajudar a resolver alguns problemas que vem acontecendo dentro do assentamento, como por exemplo a questão do desmatamento ilegal das encostas de morros, roçagem da beira do riacho, extração de madeira e caça predatória. Quando a fazenda pertencia seu antigo proprietário, este fez questão de preservar parte do terreno... matas e chapadas - quando foi desapropriado pelo governo federal, foi tirado as reservas ecológicas mantendo seu estado normal com fauna e flora. Infelizmente muitos camponeses por mais que moram nas áreas de assentamento acabam cometendo delitos, desobedecendo os estatutos das associações e prejudicando o meio ambiente, roçando as beiras dos riachos e não se preocupando com a biodiversidade e o ecossistema. No caso da Primavera quem vem cometendo tais erros são os assentados vizinhos que já não acham mais recursos naturais em seus assentamentos (como madeira e caça) e adentram então em áreas alheias, conforme depoimento do Antonio (presidente). As famílias assentadas estão aguardando do governo a construção das habitações e o programa do fomento. No Região do Baixo Parnaíba são muitos os exemplos de comunidades como a Primavera -, mas que resistem aos obstáculos e desafios em meio as dificuldades enfrentadas quando de fala em questão agrária. Hoje em dia, nesse momento difícil de crise econômica e política, os trabalhadores rurais são os mais atingidos, apesar de suprir as necessidades econômicas no que se diz respeito a alimentação da população. Atualmente a maior parte dos alimentos que abastecem a mesa dos brasileiros vem das pequenas propriedades. A agricultura familiar favorece emprego de práticas produtivas ecologicamente mais equilibradas, como a diversificação de cultivo, o menor uso de insumos industriais e a preservação do patrimônio genético. Segundo dados do Censo Agropecuário de 2006, 84,4% do total de propriedades rurais do país pertencem a grupos familiares. São aproximadamente 4,4 milhões unidades produtivas, sendo que a metade delas estão na Região Nordeste. Esses estabelecimentos representavam 84,4% do total, mas ocupavam apenas 24,3% (ou 80,25 milhões de hectares) da área dos estabelecimentos agropecuários brasileiros. Com base no o último Censo Agropecuário 2010, a agricultura familiar responde por 37,8% do valor bruto da produção agropecuária. De acordo com o MDA, aproximadamente 13,8 milhões de pessoas trabalham em estabelecimentos familiares, o que corresponde a 77% da população que se ocupa da agricultura. Isso é um exemplo de que o Movimento dos Trabalhadores do campo tem conseguido avançar, mas ainda não foi o suficiente, pois em nosso país ainda impera no campo o fantasma da pistolagem, desrespeito aos direitos humanos e o grande impacto ambiental. O assentamento Primavera é uma partícula dessas mudanças, dessas lutas que vem apesar de tudo, se concretizando ao longo do tempo. Precisa-se urgentemente fazer REFORMA AGRÁRIA, pois são tantas terras sem atividade de produção e muita gente querendo trabalhar nelas!

José Antonio Basto
Militante dos Direitos Humanos
Email: bastosandero65@gmail.com
(98) 98607-6807

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