Com todas as dificuldades e avalanches
ainda é importante dizer que as comunidades tradicionais da Região do Baixo Parnaíba
Maranhense, têm sim, avançado em determinados aspectos. Dois exemplos ímpares
foram a grande vitória dos títulos do Bracinho – Urbano Santos e Lagoa das Caraíbas
– Santa Quitéria, ambos pelo ITERMA. Comunidades essas de resistência contra o
impacto ambiental selvagem causado pelas plantações de eucaliptos da Empresa
Suzano Papel e Celulose.
O acesso a terra pelos camponeses não
é coisa de coitadinhos ou de bandidos tomadores do que é alheio, como a mídia
diz. “Acesso a terra é lei... é direito
constitucional”, - segundo nossa constituição de 1988, as áreas
improdutivas devem ser transformadas em processos para fins de reforma agrária,
para que os trabalhadores e trabalhadoras rurais produzam em seus estilos não
predatórios em manejos tradicionais na agricultura familiar. Precisa-se mapear
as terras devolutas do estado no Baixo Parnaíba Maranhense, pois nas primeiras
décadas de 80 quando a monocultura do eucalipto foi testada em Urbano Santos,
houve retrocessos e quem sabem, malandragens por parte de quem adquiriu as
terras através de sistemas políticos corruptos na época. A Associação União dos Moradores e Trabalhadores Rurais do Povoado
Santana I, por exemplo, espera um título pelo ITERMA de apenas 63 hectares
de terras para um total de 35 famílias que lá moram e trabalham de roça – é
muito pouco! Como pode, uma comunidade dessas que formou-se há décadas e
décadas, ter direito somente nessas 63 hectares; Santana e Ingá são exemplos de
comunidades super-afetadas diretamente pelo impacto ambiental do eucalipto da
Suzano, o riacho que passa no povoado está quase seco, a caça que jamais consegue
viver dentro dos campos desapareceu totalmente, tudo por conta do impacto
ambiental. Inventaram ainda nessas duas comunidades a política ludibriosa de umas
tais roças comunitárias, onde na verdade essas ações da empresa não passa de
estratégias de querer passar a perna e calar a boca dos verdadeiros donos do
território: os lavradores (as). Em
Santa Quitéria, algumas comunidades lideradas por caboclos de sangue no olho
vem ocupado as terras que a Suzano diz ser dela -, o conflito socioambiental e
agrário pela posse da terra vinga na memória, no passado, presente e futuro dos
agentes defensores da LIBERDADE. Se o território é livre, as populações
tradicionais que asseguram a qualidade de vida num equilíbrio de produção junto
a natureza, merecem mais respeito e atenção dos órgãos competentes. De acordo
com dados recentes da CPT – Comissão
Pastoral da Terra, foram levantados muitos casos de desacatos aos direitos
humanos e da vida aqui no Leste Maranhense nos últimos anos. A problemática se
alastra nos 16 municípios, somando-se agora com as plantações de soja e capim dos chamados gaúchos, que também são
responsáveis por devastar as chapadas e ameaçar trabalhadores rurais. Tanto a
Suzano quanto os gaúchos representam para o Baixo Parnaíba a célula do atraso
para nossa Reforma Agrária e Desenvolvimento Rural Sustentável e Solidário.
Os Movimentos Sociais precisam acordar
e reestruturar suas bases de combate assim como acontecia nos antigos encontros
de comunidades organizados pelo Fórum em
Defesa do Baixo Parnaíba e as várias entidades e segmentos dos direitos
humanos. Pois é do saber de todos (as) que outrora o agronegócio chegou a
respeitar mais as organizações sociais que lutam por garantias de direitos em
nossa querida região. O projeto capitalista de expropriação dos bens naturais
nada tem a oferecer às comunidades tradicionais. Pensa só em seu bolso,
deixando para traz uma situação de desrespeito, desprezo, solidão e total
transformação de um espaço que dantes usufruía das razões e práticas culturais
de sobrevivência tradicional; que até hoje no largar das proporções perpetua-se
de pais para filhos... de geração para geração.
José
Antonio Basto
Militante em Defesa
dos Direitos Humanos e da Vida
Nenhum comentário:
Postar um comentário