José Antonio Basto |
Por que o nome “Cassó”?
– como uma enorme lagoa de água doce se formara há algumas léguas do Oceano
Atlântico, desde milhares de anos atrás? Ela fica nas extremidades entre as
regiões dos campos arenosos, o mar e o território do Baixo Parnaíba maranhense.
Hoje o Povoado Cassó pertence ao município de Primeira Cruz -, outrora a lagoa
servia de limite territorial onde uma parte era do lado de Urbano Santos que
fazia limites com a Comunidade Mato Grande.
A história do Cassó
remonta a passagem dos rebeldes Balaios em nossa região. Conta-se que depois de
um tempo após a repressão dos insurretos que escaparam da perseguição horrendo
de Luís Alves de Lima e Silva (o Duque de Caxias), formava-se muitos vilarejos numa
região que ia desde Icatú a Brejo dos Anapurus, acompanhando o “mapa diagrama”
da campanha de Luís Alves de Lima e Silva no início de 1840, ao olhar o diagrama
que foi confeccionado para sufocar os balaios, percebe-se que todas as rotas e
linhas ligam de São Luís à Miritiba (Humberto de Campos), a Brejo e à Vila de
Caxias, possivelmente passando pelas terras do atual município de Urbano
Santos. Além de muitas outras linhas que adentravam pelo sertão do leste
maranhense -, pois o governo provincial se preocupara com aquela que seria a
segunda mais importante cidade do Maranhão, tomada pelos líderes da guerrilha
camponesa e pelo partido bem-ti-vi.
Voltamos para o
Cassó. Os mais velhos da comunidade contam que o primeiro morador habitava ao norte
da Lagoa, atraído pela fartura de alimentos como frutas silvestres, peixes e
sobretudo pela beleza da paisagem, ele construiu então sua “tijupá” -, uma espécie de casinha de palha e pau a
pique como aquelas que os camponeses fabricam dentro das suas roças para descansar
na hora do almoço. Os viajante das regiões praieiras que passavam por lá comercializando
seus produtos da terra e peixe salgado, perguntavam porque ele morava ali
isolado – em uma situação de abandono. O velho lavrador respondia arcaicamente:
“Estou eu aqui CÁ SÓ” – (ou seja,
sozinho sem ninguém ao seu redor). Daí, depois de muito tempo os dois termos
foram juntados (CASSÓ), com a fonologia do (o) acentuado –, o nome é escrito
com dois (ss) e não com (ç), como alguns ainda cometem o erro gráfico de
escrever. O Povoado se estendeu e ultrapassou seus limites econômicos e
sociais.
Lagoa do Cassó - (imagem da web) |
A “Lagoa do Cassó”
se tornou um dos pontos turísticos mais conhecidos e importantes da região,
recebendo pessoas de todos os lugares do estado, do Brasil e do mundo. Há 20
anos atrás era apenas um vilarejo quase que sem acesso –, com poucas casas
rusticas, onde só adentrava carros traçados quatro por quatro no desafio da
areia. Ultimamente recebeu investimentos e infraestrutura para melhor
acessibilidade e as áreas ao redor de toda lagoa foram compradas para a
construção de pousadas e bares. A lagoa também tem o reconhecimento, apoio e
proteção da “Marinha do Brasil” que desenvolveu um projeto com os moradores que
utilizam de suas canoas para o trafego de turistas aos finais de semana –
travessando-os de um lado para o outro, cobrando uma taxa de cinco a dez reais.
O sistema administrativo e de conscientização dos canoeiros é pautado em uma
contribuição que cada um paga para o governo. Em relação à questão ambiental,
existe uma associação dos moradores protetores da Lagoa do Cassó que dão
palestras e fazem campanhas de coletas de lixo onde também exigem a proibição
de veículos aquáticos motorizados como jet ski e lanchas voadeiras.
Lagoa do Cassó - (imagem da web) |
A “Lagoa do Cassó”
além de oferecer uma bela vista de suas águas e coqueiros ao seu redor, também
é utilizada como fonte de alimentação das famílias mais humildes do povoado que
praticam a pesca artesanal com linha, anzol, puçá e redes e também para a criação
de caprinos que pastam nas áreas de brejais. Com a mudança radical de
transformação social e econômica do lugar ainda se ver muita gente em situações
de miséria; palhoças em meio às grandes pousadas inclusive de proprietários
estrangeiros representantes do grande capital.
José Antônio Basto
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