segunda-feira, 22 de maio de 2017

O vento cantava

Milagres-MA - //- Rio Parnaíba - (do outro lado o Piauí).
O som troava sobre a mata densa e fria; cantava uma canção melancólica que ao longe se escutava o tinir do mato seco no sinal dos ares. A chapada estava lá calma e magistral, sofrida com os males que lhe maltrata, mas com a fonte que mata a sede dos povos e viventes. O piado dos pássaros ajuda na orquestra que somente quem escreve e poetiza consegue entender e interpretar a lira desses ventos que ecoam. Alegrias e tristezas! Sonhava com um mundo melhor, alcançara seus objetivos na lagoa dos tempos da incerteza.
O cerrado continuava resistindo os desafios que lhe apresentam, que lhe impuseram há décadas. Era uma vez a história de um bioma... Os mais antigos da terra. As águas descem sonolentas “ninguém sabe nem de onde vem, nem pra onde vai”, algum tempo atrás essas águas eram limpas, muitos peixes existiam ali, alimentava os viventes com espécies que brincavam e se reproduziam vida afora! A natureza é o próprio canto fraternal que se perpetua ao longo dos tempos. Muitos coisas, promessas e trabalhos rondavam as veredas do velho sertão –, era uma terra de histórias... terra de memória, muitas lutas e trajetórias.
O vento cantava para todas as bandas - para o leste, sul e norte, reprimia os feitos e defeitos de outrora. A grota era relevada para cima e para baixo nos lençóis do mundo numa época de paz. As palmeiras cantavam em coro as letras de músicas nunca antes escritas mas já gravadas. Há dias não ouvia-se o som do meio ambiente.
A chama da poeira pairava no areal sombrio. O Viajante que narrava tudo em seu diário então aproveitava para descansar sobre a sombra. Dali pela última vez o vento ensinava lições da vida simples com sua breve canção.

José Antonio Basto
E-mail: bastosandero65@gmail.com



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