José Antonio Basto - (Comunidade São Raimundo). |
Coletávamos as
assinaturas para o Projeto de Lei de
iniciativa Popular que proíbe a plantação de monoculturas agressivas ao meio
ambiente e o uso de transgenia nas práticas agrícolas no município de Urbano
Santos-MA. O distante São Raimundo, no meio do Baixo Parnaíba, abraçou esta
justa causa; como não abraçaria? São Raimundo é uma grande referencia na defesa
da terra e do meio ambiente. Suas casas ficam localizadas entre a chapada e o
Rio Preguiças, sua economia é baseada no extrativismo da polpa do bacuri e
buriti, criação de animais e projetos sustentáveis apoiados por instituições
como o Fórum Carajás. Luta há muitos anos pela posse da terra – um projeto que tramita
no INCRA esperando respostas. Seu povo humilde e hospitaleiro tem o senso de
liberdade e perseverança, trabalham na coletividade para o bem comum, pescam
caçam, colhem seus frutos que a chapada oferece. Os entraves enfrentados pela
comunidade São Raimundo são os mesmos problemas fundiários e socioambientais de
muitas outras comunidades espalhadas pela região, vítimas do impacto ambiental
e ameaçadas pelo programa capitalista do agronegócio.
Comunidades essas esquecidas,
isoladas, mas livres! Elas se desenvolveram através da formação social de
indivíduos de lugares diferenciados, primeiro os índios Tremembés, depois os
quilombolas e caboclos e mais tarde já no início do século XX os retirantes do Piauí
e Ceará. As pessoas procuram lugares nas margens dos rios, como as populações
ribeirinhas do Rio Preguiças. Comunidades acostumadas com a fartura de água e
outros recursos naturais, os povos dos brejos e chapadas criaram um vínculo com
a natureza, passaram a lhe proteger e tirar da terra o sustento necessário. Seus
habitantes já sentem na pele as dificuldades de se adquirir terras, água para
beber, caça para o alimento e frutos dos brejais e chapadas. São vários
desacatos aos direitos humanos e à vida. As comunidades tradicionais são
protegidas por lei e merecem respeito. Elas não precisam da ganancia que o
agronegócio tem, precisam apenas viver bem, comer bem, respirar bem. É daí que
parte o orgulho de escrever essas simples palavras dedicadas à comunidade São
Raimundo como exemplo; muitos já foram os artigos publicados. Conscientes de um
mundo melhor para todos e todas, a coletividade da Associação Comunitária de
São Raimundo tem alcançado êxito com a luta do povo. Gente honesta que vem superando desafios
internos e contra latifundiários, contra a pobreza que lhes assolam. São
Raimundo sempre batalhou e através de formações e encontros descobriram que são
importantes numa região de conflitos agrários, arena de batalhas e palco de
lutas desde tempos remotos. Um pedaço de chão regado com suor de companheiros e
companheiras de combate, uma terra que quem a conhece não esquece jamais.
Reunião com membros da associação e diretores do STTR |
José Antonio Basto
e-mail: bastosandero65@gmail.com
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