Principal nascente do R. Boa Hora / imagem de Daniel - (UEMA) |
Em 2011, estudantes da
Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), realizaram uma pesquisa sobre a bacia hidrográfica do Rio Boa Hora, um dos rios mais importantes do município de
Urbano Santos. Detectaram que sua principal nascente (o coração) estar
abandonada, esquecida, dilacerada e ameaçada diretamente pelos plantios de
eucalipto e soja. Muitos outros rios da Região do Baixo Parnaíba vivem esse
dilema, pois são eles quem abastecem as cidades de água, quem ajuda no
equilíbrio da lavoura e faz parte do dia a dia das comunidades rurais. Os rios são fontes de um dos recursos naturais
indispensáveis aos seres vivos: a água. Além disso,
têm grande importância cultural, social, econômica e histórica. A vazão do rio,
em termos de representatividade na renovação dos recursos hídricos, “é o componente mais importante do
ciclo hidrológico. Os rios exercem um efeito pronunciado sobre a ecologia da
superfície da terra e sobre o desenvolvimento econômico humano através da
produção de água. É a vazão do rio que é mais amplamente distribuída sobre a
superfície da terra e fornece o maior volume de água para consumo. Com base na Sustentabilidade da vida, milhares de espécies da flora
e fauna, inclusive nós seres humanos, consomem água dos rios, que precisam ter
uma qualidade adequada para os diversos usos. É dos rios que saem grande parte
da água consumida pela humanidade para beber, cozinhar, lavar, conservar
alimentos, cultivar plantas, criar animais, navegação, dentre outros usos. Os
rios trazem referências culturais muito importantes sobre a sociedade humana,
especialmente para as comunidades ribeirinhas que moram ao seu redor,
expressando modos de vida e implicações no cuidado e/ou falta de cuidado com o
meio ambiente do qual fazem parte, os recursos tecnológicos e tipos de usos de
suas águas, significados, dentre outras. Eles fazem parte da biografia de
muitas pessoas, compondo memórias e perspectivas do presente e futuro, que se
alinhavam na tessitura de sua cultura e identidade. É o caso do Rio Boa Hora que corta comunidades tradicionais
do município de Urbano Santos. Ele nasce numa região conhecida como “recanto da seriema” entre os povoados
Bom Sossego e Cajazeiras, passa pelas seguintes comunidades: Pedra Grande,
Surrão, Raiz, Santa Maria, Fortaleza, São Bento e entra na sede do município
desembocando no Rio Mocambo. Existe documentos que na década 30 o Boa Hora teve
uma grande enchente que inundou o Bairro São José e parte da Rua Boa Hora
(sede), naquele tempo era utilizado para o tráfego fluvial de canoas
transportando farinha e outros produtos para São Benedito e Região do Munin. Os
fatores e problemas que colocam sua vida em risco é a questão do assoreamento, captação
ilegal de água e areia de seu leito, pesca predatória com flechas (armas
caseiras), desmatamento das margens ciliares, lavagem de veículos (motos e
carros) e a imensa quantidade de lixo em suas margens. O Rio Boa Hora precisa
viver, talvez daqui a 20 ou 30 anos talvez não existirá mais, com isso nós e as
futuras gerações expiremos juntos dele. Apenas resta a lembrança de tempos de
outrora, quando no inverno o Rio Boa Hora alcançava seu patamar de enchentes,
com águas desafiadoras invadindo ruas, quintais e passando por cima de pontes. Agora
resta apenas a memória! Nosso rio merece reviver, mas para isso acontecer, cada
um de nós temos o dever de fazer nossa parte.
José Antonio Basto
e-mail: bastosandero65@gmail.com
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