# PROSA POÉTICA SOCIOAMBIENTAL, ENSAIOS, QUESTÕES AGRÁRIAS NA REGIÃO DO BAIXO PARNAÍBA MARANHENSE E DIREITOS HUMANOS.
segunda-feira, 4 de abril de 2016
As chapadas do Baixo Parnaíba vendidas como forma de commodities
No feriado da Semana Santa
aproveitei para visitar alguns velhos amigos das comunidades Todos os Santos e
Juçaral – município de Urbano Santos, no Baixo Parnaíba, uma vez que passaria a
sexta-feira santa e o sábado de aleluia no Povoado Cajazeiras na casa de Tia
Neném, membra da importante “Associação das Parteiras Tradicionais das
Comunidades Rurais de Urbano Santos”. Num cafezinho rápido com uma liderança
moradora de Todos os Santos, perguntava a ela sobre a situação das chapadas com
relação ao avanço do eucalipto, a mesma me respondia que as chapadas donde tiram
seus sustentos como bacuri e pequi estão sendo vendidas como se fossem mera
mercadoria sem valor algum, pois é tratada como mercadoria de lucros
capitalistas. Pensou-se então que nesse sentido a palavra “commodities” – é o
mesmo que “mercadoria”, nomenclaturas com as mesmas origens entrelaçadas apenas
de língua pra língua. Commodities “São produtos sem os quais as pessoas que moram
em um território não vivem ou não são beneficiados com tais monoculturas e que
são negociadas diariamente numa escala global, seus preços são determinados
pelo mercado internacional e varia de acordo com a demanda”. Nesse ponto de
vista, falemos então do eucalipto que arrasa e destrói imensas áreas de
chapadas no Baixo Parnaíba impactando diretamente diversas comunidades
tradicionais. Esse território rural produz um número muito alto de madeira de
eucalipto, onde a Suzano Papel e Celulose e suas terceirizadas sugam os bens
naturais da região como terra e água. Um artigo
de Mayron Regis publicado em 2010 no “Portal Eco Debate” – intitulado ”O
embalo da Suzano: veneno nas Chapadas de Anapurus, Baixo Parnaíba Maranhense”,
esclarece que “As áreas, que a Suzano pretende
desmatar ou já desmata no Baixo Parnaíba maranhense, cerca de 40 mil hectares
em Urbano Santos, Anapurus e Santa Quitéria, foram sacramentadas no mês de maio
de 2009 pela então secretária de meio ambiente, Telma Travincas numa só
canetada. Só mesmo a Suzano, a secretaria de meio ambiente do Maranhão e o
Fórum em Defesa do Baixo Paraíba sabem que essas licenças existem”, diz o
fragmento do texto naquela época. O que mudou de lá até hoje? Voltemos então
para os dias atuais, quem avançou em seus trabalhos e metas? O movimento social
em nome da luta dessas comunidades? Ou a Suzano e os gaúchos, grilando e
tomando terra, avançando com silvicultura e a soja na região? Problemas
fundiários vem se arrastando desde muitas décadas, quando nosso território foi
negociado e vendido por políticos sem escrúpulos. Alegavam que as chapadas do
Baixo Parnaíba não serviam para nada, que essas terras eram improdutivas, por
isso alguém vendeu e ganhou muito dinheiro com aquilo que é de fato das comunidades rurais. As
comunidades rurais vivem em comunhão com a natureza, o que elas precisam o meio
ambiente tem, seja água, terra e um ar natural, sem poluentes. Um outro gigante
se aproxima do Baixo Parnaíba agora, o MATOPIBA - com sua política
agroindustrial com tecnologias de ponta. Desenvolvimento para as comunidades ou
para os grande latifúndio e empresas? As comunidades nem se quer sabem ou foram
informadas desse processo devastador e violento, que nada mais é que a volta da
grilagem e o atraso da Reforma Agrária. As comunidades do Baixo Parnaíba já tem
problemas de mais para resolver. Nossas chapadas e brejos é o pouco da vida que
os camponeses tem e que se expira -, no momento tudo estar ficando escasso:
caça, peixe e frutos. O município de Urbano Santos estar na ponta de cima nos
índices dos municípios desmatados para o agronegócio, fontes essas encontradas
no “Portal Oficial do Ministério do Meio Ambiente”. A situação fica mais feia,
os entraves são constantes de acesso a terra, créditos e assistência técnica”.
Os trabalhadores rurais sofrem para adquirir migalhas dos bancos para
desenvolver sua economia, através de empreendimentos familiares como criações
de animas e roças. Muito pouco vem para a agricultura familiar, enquanto a
gauchada acessam créditos milionários para o plantio de monocultivos.
Profetizamos e estaremos preparados para tudo isso, porque é do saber de muitos
que o eucalipto transgênico vem aí com uma porrada de agrotóxicos para nossa
região que ao meu ver estar afundando em venenos. Mas ainda é tempo de
renovação, o espírito para a alegria de novos tempos está cheio de
otimismo rumo a um mundo melhor para os oprimidos e explorados.
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