Almoço na comunidade rural de Santa Rosa - Baixo Parnaíba-MA |
Nesse momento de movimentação e transformação política em nosso
país, onde de um lado estão os a favor do Impeachment e do outro os que
acreditam na democracia; quem realmente está por quem? Quem está pelos pobres,
pelos que durante séculos baixaram suas cabeças e sofreram sobre a chibata do
coronelismo, dos feitores e senhores escravocratas? Quem fala pela Reforma
Agrária? Quem levanta a voz em defesa das terras das Comunidades Tradicionais
no Congresso Nacional? A briga é por direitos ou por dinheiro? A terra no
Brasil ainda é tratada como uma questão polêmica -, registra-se que a situação fundiária
na federação durante
o primeiro governo da presidente Dilma Rousseff houve de fato um aumento de
concentração de terras em grandes propriedades privada. Dados do Instituto
Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), revelam que entre 2010 e
2014, seis milhões de hectares passaram para as mãos dos grandes proprietários
e empresas — quase três vezes o estado de Sergipe. Segundo o Sistema Nacional de Cadastro Rural,
o índice das grandes propriedades privadas cresceram de forma acelerada de 238
milhões para 244 milhões de hectares. As discursões em Brasília sobre a
concentração de terras no país pôs em polos opostos os ministros do
Desenvolvimento Agrário, Patrus Ananias, e da Agricultura, Kátia Abreu; no
discurso de Patrus, ele afirma que “derrubar
as cercas dos latifúndios é o que deve ser feito” -, já na opinião de
Kátia, sequer existem mais... e a região do MATOPIBA é a saída para a crise. Na
verdade a nova fronteira agrícola vem pra matar mesmo as populações rurais dos
estados do MA, TO, PI e BA. Alguns dados publicados dizem que há 130 mil grandes
imóveis rurais no país e que concentram 47,23% de toda a área cadastrada no
Incra até agora. Para se ter uma ideia do que esse número representa, os 3,75
milhões de minifúndios (propriedades mínimas de terra) equivalem, somados, a
quase um quinto disso: 10,2% da área total registrada.
Tudo isso nos preocupa,
preocupa as comunidades rurais de nossa Região do Baixo Parnaíba Maranhense que
a cada momento são vítimas de desacatos aos direitos humanos e da vida, tanto
pela opressão dos latifúndios, quanto pela as empresas do agronegócio do
eucalipto e soja. A Constituição Federal de 1988, desvelou a proteção dos conhecimentos tradicionais
das populações das águas, florestas e campos; junto tornou efetiva, nos artigos
215, 216 e o inciso II, do art. 225 daquele texto, a Carta Magna, deixa claro a
proteção dos conhecimentos tradicionais, trazendo á lume questões voltadas ao
resguardo das comunidades detentoras de conhecimentos seculares e até mesmo
milenares, como são aquelas que formam a diversidade cultural deste país. Dados do Atlas da
Terra Brasil 2015, feito pelo CNPq/USP, mostram que 175,9 milhões de hectares de
terras são improdutivas no território brasileiro. “O conceito de produtividade
de terra é rudimentar no Brasil”, explica um dos pesquisadores, responsável
pelo Atlas. O índice de
produtividade das propriedades agrícolas só foi calculado uma vez, em 1980, desde
então, foram realizados alguns censos agropecuários, mas esse índice não foi
atualizado. Assim, a medição de produtividade é feita com dados defasados. No
caso da soja, ainda se considera produtiva a propriedade em que são obtidos
1.200 quilos de soja por hectare.
Caso houvesse uma atualização, levando-se em
conta a evolução dos meios e das técnicas de produção, o índice de
produtividade iria para 3.500 quilos por hectare. Esse problema ocorre ainda no
cálculo de produtividade de outras culturas, como a cana-de-açúcar. A pesar de disso a Agricultura Familiar consegue responder por
mais de 60% do alimento que vai para nossas mesas; além de sua magnifica
importância como provedora de alimentos para as cidades, geradora de emprego
agrícola, renda familiar, proteção ambiental e fonte de receita para os mais
pobres. A Agricultura Familiar contribui para o desenvolvimento equilibrado dos
territórios e das comunidades rurais. Precisa-se de mais força e empenho dos
movimentos sociais na defesa das ideias de que A TERRA E A LUTA GERAM FRUTOS SIGNIFICANTES.
Bacuri da comunidade rural de Bacabal - Baixo Parnaíba-MA |
Faixa contra o agronegócio - Região do Tocantins |
JOSÉ ANTONIO BASTO
Abril de 2016
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