quarta-feira, 13 de abril de 2016

Jatobá, pitomba de leite e murici: riquezas naturais do cerrado urbano-santense

       
jatobá
Escrever sobre a natureza em pleno período de aquecimento global e mudanças ambientais é gratificante, uma vez que nossa  natureza é esquecida. Em Urbano Santos, Baixo Parnaíba Maranhense -, um pedaço do mundo, existem maravilhas pouco conhecidas. Falo de belezas naturais como o fruto do jatobá, uma espécie natural da região, o jatobá é uma árvore pré-amazônica. Como nossa região se localiza numa faixa de transição entre o norte e nordeste, podemos perceber a presença de muitas espécies encontradas tanto por aqui quanto na floresta amazônica.
        Nesse sentido o jatobá é encontrado nas poucas florestas de nosso município, sabemos também do grande risco de extinção dessa árvore por motivo da procura para a fabricação de móveis, sua estrutura de grande porte é farejada por madeireiros. O Jatobazeiro produz um fruto resistente, sobre uma casca roxa, ao quebrar podemos encontrar a massa comestível, rica em vitaminas. A massa pode ser saboreada na hora, deixando uma goma grudada nos dentes e na língua por alguns momentos. Da mesma família do jatobá é o “jataí” – mais pequeno do que o jatobá com as mesmas características, mas muito mais doce. Outra fruta saborosa é a “pitomba de leite” – encontrada principalmente nas chapadas,  a pitomba de leite também é detectada nas margens do rio Mucambo. A pitomba é uma espécie em perigo de extinção, as pitombeiras são encontradas em algumas chapadas distantes dos Povoados: Porto Velho, Escuta e São José. Há notícias de que na localidade Sapucaia, nas divisas geográficas e limite dos Municípios de Urbano Santos e São Benedito do Rio Preto, no encontro dos dois rios Preto e Mucambo, há uma grande quantidade de pitombeiras que precisam ser protegidas. A ideia de viveiros com plantas nativas de nossa região nos traz uma esperança de tentar resolver problemas do salvamento das nossas florestas e chapadas. O fruto da pitomba de leite é adocicado, parecido com uma seriguela. Esse fruto solta um leite sensível que não é prejudicial, mas consumido além da conta, seu  leite ácido nos lábios e na língua pode causar inflamações. A pitomba é comestível tanto por seres humanos quanto por animais como cotia, rato, paca e algumas aves. Amarelinha, o fruto da pitomba de leite não passa despercebido pelos animais da floresta, a pitombeira de acordo com a região pode atingir uma estrutura assim como outras árvores sendo também cobiçada para a extração de madeira na fabricação de móveis.
       
pitombeira
A ideia dessas transcrições será informar aos leitores o valor do jatobá, pitomba de leite e mais uma espécie muito conhecida por aqui, “murici” – o murici é encontrado principalmente nas margens do rio Mucambo, nas proximidades dos povoados Tamanquinho e Porto Velho I. O muricizeiro brota seus cachos de flores amarelas num formato de cachos de uvas, muito apreciado pelos pássaros como pipira, bem-te-vi, sabiá, anum branco, galega e outros tipos de animais. O murici após ser colhido no pé ou depois de caído pode ser vendido para a fabricação de suco, muitíssimo procurado nas lanchonetes e restaurantes. O suco do murici é muito saboroso. Na época da produção do murici é muito comum, encontrado principalmente para a venda nos saquinhos no centro de abastecimento da cidade (mercado municipal). O murici das margens do rio Mucambo é diferente do murici da chapada, o da chapada seu fruto é menorzinho e não serve para a extração de suco – é eficiente apenas para pássaros e outros animais que se alimentam dele, mas que assegura o equilíbrio paisagístico das chapadas. 
       
murici pronto para a venda
Salvemos os jatobazeiros, as pitombeiras e os muricizeiros, espécies importantes, mas as vezes não valorizadas. A flora e fauna urbano-antense tem muito a nos oferecer, os frutos do cerrado, das margens dos nossos rios e dos cocais. Precisa-se de mais consciência ambiental, de mais respeito com a natureza. O desenvolvimento sustentável só pode da certo se todos colaborarem coletivamente e se cada um fazer sua parcela de contribuição para a sustentabilidade da própria vida.  Quem nunca saboreou um suco de murici? Mas será que esse suco que você bebeu é de murici de nossa região, ou murici artificial? Valorizemos o que temos. Falta incentivo para o processo de construção de políticas públicas em desenvolver nossas próprias produções econômicas com base no que temos ao nosso redor, os recursos naturais naturais; manejos e praticas tradicionais merecem respeito, principalmente das comunidades rurais. Temos mudas necessárias, temos a terra, temos a vontade de fazer e o que está faltando? A natureza agradece pelo bem que fazemos e chora calada pelo mal que pratiquemos. Precisamos construir juntos esse projeto tão sonhado em defesa da vida pela sustentabilidade.

José Antonio Basto
Ativista – ambientalista 

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