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jatobá |
Escrever sobre a natureza em pleno
período de aquecimento global e mudanças ambientais é gratificante, uma vez que
nossa natureza é esquecida. Em Urbano
Santos, Baixo Parnaíba Maranhense -, um pedaço do mundo, existem maravilhas
pouco conhecidas. Falo de belezas naturais como o fruto do jatobá, uma espécie natural
da região, o jatobá é uma árvore pré-amazônica. Como nossa região se localiza
numa faixa de transição entre o norte e nordeste, podemos perceber a presença
de muitas espécies encontradas tanto por aqui quanto na floresta amazônica.
Nesse sentido o jatobá é encontrado nas poucas florestas de nosso
município, sabemos também do grande risco de extinção dessa árvore por motivo
da procura para a fabricação de móveis, sua estrutura de grande porte é
farejada por madeireiros. O Jatobazeiro produz um fruto resistente, sobre uma
casca roxa, ao quebrar podemos encontrar a massa comestível, rica em vitaminas.
A massa pode ser saboreada na hora, deixando uma goma grudada nos dentes e na
língua por alguns momentos. Da mesma família do jatobá é o “jataí” – mais
pequeno do que o jatobá com as mesmas características, mas muito mais doce.
Outra fruta saborosa é a “pitomba de leite” – encontrada principalmente nas
chapadas, a pitomba de leite também é
detectada nas margens do rio Mucambo. A pitomba é uma espécie em perigo de extinção,
as pitombeiras são encontradas em algumas chapadas distantes dos Povoados:
Porto Velho, Escuta e São José. Há notícias de que na localidade Sapucaia, nas
divisas geográficas e limite dos Municípios de Urbano Santos e São Benedito do
Rio Preto, no encontro dos dois rios Preto e Mucambo, há uma grande quantidade de
pitombeiras que precisam ser protegidas. A ideia de viveiros com plantas
nativas de nossa região nos traz uma esperança de tentar resolver problemas do
salvamento das nossas florestas e chapadas. O fruto da pitomba de leite é
adocicado, parecido com uma seriguela. Esse fruto solta um leite sensível que
não é prejudicial, mas consumido além da conta, seu leite ácido nos lábios e na língua pode causar
inflamações. A pitomba é comestível tanto por seres humanos quanto por animais
como cotia, rato, paca e algumas aves. Amarelinha, o fruto da pitomba de leite
não passa despercebido pelos animais da floresta, a pitombeira de acordo com a
região pode atingir uma estrutura assim como outras árvores sendo também
cobiçada para a extração de madeira na fabricação de móveis.
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pitombeira |
A ideia dessas transcrições será informar aos leitores o valor do
jatobá, pitomba de leite e mais uma espécie muito conhecida por aqui, “murici”
– o murici é encontrado principalmente nas margens do rio Mucambo, nas
proximidades dos povoados Tamanquinho e Porto Velho I. O muricizeiro brota seus
cachos de flores amarelas num formato de cachos de uvas, muito apreciado pelos
pássaros como pipira, bem-te-vi, sabiá, anum branco, galega e outros tipos de
animais. O murici após ser colhido no pé ou depois de caído pode ser vendido
para a fabricação de suco, muitíssimo procurado nas lanchonetes e restaurantes.
O suco do murici é muito saboroso. Na época da produção do murici é muito
comum, encontrado principalmente para a venda nos saquinhos no centro de abastecimento
da cidade (mercado municipal). O murici das margens do rio Mucambo é diferente
do murici da chapada, o da chapada seu fruto é menorzinho e não serve para a
extração de suco – é eficiente apenas para pássaros e outros animais que se
alimentam dele, mas que assegura o equilíbrio paisagístico das chapadas.
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murici pronto para a venda |
Salvemos os jatobazeiros,
as pitombeiras e os muricizeiros, espécies importantes, mas as vezes não
valorizadas. A flora e fauna urbano-antense tem muito a nos oferecer, os frutos
do cerrado, das margens dos nossos rios e dos cocais. Precisa-se de mais
consciência ambiental, de mais respeito com a natureza. O desenvolvimento
sustentável só pode da certo se todos colaborarem coletivamente e se cada um
fazer sua parcela de contribuição para a sustentabilidade da própria vida. Quem nunca saboreou um suco de murici? Mas
será que esse suco que você bebeu é de murici de nossa região, ou murici
artificial? Valorizemos o que temos. Falta incentivo para o processo de
construção de políticas públicas em desenvolver nossas próprias produções
econômicas com base no que temos ao nosso redor, os recursos naturais naturais; manejos e praticas tradicionais merecem respeito, principalmente das comunidades rurais. Temos mudas
necessárias, temos a terra, temos a vontade de fazer e o que está faltando? A
natureza agradece pelo bem que fazemos e chora calada pelo mal que pratiquemos. Precisamos construir juntos esse projeto tão sonhado em defesa da vida pela sustentabilidade.
José Antonio Basto
Ativista –
ambientalista
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