segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

A PRODUÇÃO ALTERNATIVA DAS COMUNIDADES DAS CHAPADAS E DOS BREJOS NA REGIÃO DO BAIXO PARNAIBA MARANHENSE




família camponesa descascando mandioca, comunidade Baixa Grande - U. S
Elas sempre foram independentes! Elas sobreviveram séculos e séculos vivendo do extrativismo e da agricultura familiar nos seus manejos tradicionais. A mandioca para a fabricação de farinha e bejú remonta os períodos milenares destes povos. Os trabalhos eram ensinados de pai para filho, o pai ensinava seu filho a caçar, pescar, fazer armadilhas como o quebra, a arapuca, quixós e jiquis... assim, construindo um laço cultural de ensino-aprendizagem; a mãe ensinava suas filhas a pescar nas lagoas, nos igarapés, fabricar instrumentos de pesca como o landuá e tarrafas de linho de tucum. Os camponeses e ribeirinhos viviam em comunhão nesse território livre. Para entendermos esses processos, essas comunidades são livres, mas para manter suas sobrevivências e reproduções elas precisam diretamente dos recursos naturais como terra e água. E são esses recursos que infelizmente estão ameaçados pelo agronegócio, das plantações de eucaliptos aos grandes campos de soja com seus venenos prejudiciais para os povos tradicionais residentes nos povoados e para toda fauna e flora do Baixo Parnaíba. O bacuri como fruto especial das comunidades das chapadas é o cartão postal do território. Já atinge um valor significativo de sua polpa pelo fato de sua escassez, que por ventura essa é gerada pelo desaparecimento da árvore frutífera.
projeto de galinha caipira -, comunidade Santa Rosa - U.S
Além do bacuri das áreas altas e o pequi, os camponeses também tiram seus sustentos das regiões dos brejos como o buriti, juçara, najá, marajá e outros. A maioria das comunidades rurais no Baixo Parnaíba são localizadas nas beiras dos rios para facilitar a pesca e água para banhar e lavar. Mas as cabeceiras desses rios e riachos estão secando, vítimas diretas do impacto ecológico das monoculturas com seus meios de produção agressoras para o meio ambiente. Precisa-se de ações governamentais e das próprias populações para a MANUTENÇÃO DAS RESERVAS DE PRODUÇÃO ALTERNATIVA. As Reservas Extrativistas (Resex’s) são unidades importantes de conservação da biodiversidade pertencentes a um grupo de uso sustentável, ou seja, são espaços territoriais protegidos por lei. Elas têm como objetivos básicos e essenciais proteger os meios de vida e a cultura das populações tradicionais existentes nesses espaços, assegurando o uso sustentável dos recursos naturais dessas unidades, cuja subsistência baseia-se no extrativismo e complementarmente, na agricultura de subsistência e na criação de pequenos animais. Nossas chapadas e brejos transformadas em Reservas Ecológicas Extrativistas pode ser desenhada como um modelo crítico aos desmatamentos crescentes ocorridos em nossa Região, transformando as áreas de florestas, buritizeiros e chapadas ricas em campos de produção, contrapondo ao modelo capitalista de desenvolvimento predatório e concentrador de riquezas adotado pelo Brasil desde 1970.

babaçu - comunidade Santa Maria - U. S
A economia gerada numa Resex não pode ser vista como de grande escala, capaz de concorrer com o mercados adotados pelo capitalismo. As comunidades do Território do Baixo Parnaíba vem produzindo desde tempos bem remotos uma economia voltada à sustentabilidade das populações tradicionais aqui residentes, que, se bem organizada e trabalhada de forma coletiva, elas podem ter um cardápio de várias possibilidades que a floresta oferece como: polpa de bacuri, pequi, óleos, resinas medicinal, látex, sementes ceroulas e etc. Tudo isso trata-se de um berço de experiência na gestão cultural e ambiental não apenas no Baixo Parnaíba Maranhense, mas em todos os territórios do Maranhão e do país.


José Antonio Basto
Militante em Defesa dos Direitos Humanos e da Vida
e-mail: bastosandero65@gmail.com
(98) 98707-6807

 


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