família camponesa descascando mandioca, comunidade Baixa Grande - U. S |
Elas sempre foram independentes! Elas sobreviveram séculos e
séculos vivendo do extrativismo e da agricultura familiar nos seus manejos
tradicionais. A mandioca para a fabricação de farinha e bejú remonta os
períodos milenares destes povos. Os trabalhos eram ensinados de pai para filho,
o pai ensinava seu filho a caçar, pescar, fazer armadilhas como o quebra, a
arapuca, quixós e jiquis... assim, construindo um laço cultural de
ensino-aprendizagem; a mãe ensinava suas filhas a pescar nas lagoas, nos
igarapés, fabricar instrumentos de pesca como o landuá e tarrafas de linho de
tucum. Os camponeses e ribeirinhos viviam em comunhão nesse território livre.
Para entendermos esses processos, essas comunidades são livres, mas para manter
suas sobrevivências e reproduções elas precisam diretamente dos recursos
naturais como terra e água. E são esses recursos que infelizmente estão
ameaçados pelo agronegócio, das plantações de eucaliptos aos grandes campos de
soja com seus venenos prejudiciais para os povos tradicionais residentes nos
povoados e para toda fauna e flora do Baixo Parnaíba. O bacuri como fruto
especial das comunidades das chapadas é o cartão postal do território. Já
atinge um valor significativo de sua polpa pelo fato de sua escassez, que por
ventura essa é gerada pelo desaparecimento da árvore frutífera.
Além do bacuri
das áreas altas e o pequi, os camponeses também tiram seus sustentos das
regiões dos brejos como o buriti, juçara, najá, marajá e outros. A maioria das
comunidades rurais no Baixo Parnaíba são localizadas nas beiras dos rios para
facilitar a pesca e água para banhar e lavar. Mas as cabeceiras desses rios e
riachos estão secando, vítimas diretas do impacto ecológico das monoculturas
com seus meios de produção agressoras para o meio ambiente. Precisa-se de ações
governamentais e das próprias populações para a MANUTENÇÃO DAS RESERVAS DE
PRODUÇÃO ALTERNATIVA. As Reservas Extrativistas (Resex’s) são unidades
importantes de conservação da biodiversidade pertencentes a um grupo de uso
sustentável, ou seja, são espaços territoriais protegidos por lei. Elas têm
como objetivos básicos e essenciais proteger os meios de vida e a cultura das
populações tradicionais existentes nesses espaços, assegurando o uso
sustentável dos recursos naturais dessas unidades, cuja subsistência baseia-se
no extrativismo e complementarmente, na agricultura de subsistência e na
criação de pequenos animais. Nossas chapadas e brejos transformadas em Reservas
Ecológicas Extrativistas pode ser desenhada como um modelo crítico aos
desmatamentos crescentes ocorridos em nossa Região, transformando as áreas de
florestas, buritizeiros e chapadas ricas em campos de produção, contrapondo ao
modelo capitalista de desenvolvimento predatório e concentrador de riquezas
adotado pelo Brasil desde 1970.
A economia gerada numa Resex não pode ser vista
como de grande escala, capaz de concorrer com o mercados adotados pelo
capitalismo. As comunidades do Território do Baixo Parnaíba vem produzindo
desde tempos bem remotos uma economia voltada à sustentabilidade das populações
tradicionais aqui residentes, que, se bem organizada e trabalhada de forma
coletiva, elas podem ter um cardápio de várias possibilidades que a floresta
oferece como: polpa de bacuri, pequi, óleos, resinas medicinal, látex, sementes
ceroulas e etc. Tudo isso trata-se de um berço de experiência na gestão
cultural e ambiental não apenas no Baixo Parnaíba Maranhense, mas em todos os
territórios do Maranhão e do país.
José Antonio Basto
Militante em Defesa dos Direitos Humanos e da Vida
e-mail: bastosandero65@gmail.com
(98) 98707-6807
projeto de galinha caipira -, comunidade Santa Rosa - U.S |
babaçu - comunidade Santa Maria - U. S |
José Antonio Basto
Militante em Defesa dos Direitos Humanos e da Vida
e-mail: bastosandero65@gmail.com
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