farinhada na comunidade Baixa Grande |
A farinha de mandioca, farinha de puba ou farinha
d`água e farinha seca é um derivado da matéria prima da mandioca, conhecida
cientificamente por “Manihot esculenta.” A arte de fazer farinha é uma
atividade centenária herdada dos nossos
ancestrais indígenas da América Latina.
Há estudos afirmativos que a fabricação de farinha
no Brasil tenha também a contribuição cultural dos Africanos que aqui
trabalharam como escravos nos séculos XVI, XVII, XVII e XIX.
Mas é certo que a mandioca tenha sua origem nas
terras americanas, onde explica a nota: “O nome dado ao caule do pé de mandioca
é maniva, o qual, cortado em pedaços é usado no plantio. Trata-se de um arbusto
que teria tido sua origem mais remota no oeste do Brasil (sudoeste da Amazônia)
e que, antes da chegada dos europeus à América, já estaria disseminado, como cultivo
alimentar, até a Mesoamérica (Guatemala e México). Espalhada para diversas
partes do mundo, tem hoje a Nigéria (África) como seu maior produtor.
No Brasil, possui muitos nomes, usados em
diferentes regiões, tais como: mandioca-brava - a que contém o veneno ácido
cianídrico, aipim, castelinha, macaxeira, mandioca-doce, najazinha, branquinha,
praiana, mandioca-mansa, maniva, maniveira, pão-de-pobre e variedades como
aiapuã e caiabana, ou nomes que designam apenas a raiz, como caarina.”
O Município de Urbano Santos no Leste Maranhense já foi líder na fabricação de farinha. Nos anos 70, 80 e 90, saia de nossa região muitas carradas de paneiros e sacos de farinha de puba, para a venda em outras cidades do Estado e principalmente para a comercialização na Capital São Luís.
A farinha produzida no Município de Urbano Santos
era conhecida nesse tempo como especial, bem amarela e sequinha. Em alguns
casos os seus fabricantes adicionavam à massa manteiga e côco da praia, para
dar um sabor muito mais irresistível. Muitas comunidades da zona rural viviam
da produção de farinha, que tem sua fase inicial no mês de Julho indo até final
de Novembro.
Para esse processo tudo começa no plantio lá na
roça. Quando o lavrador ao acordar cedinho leva sua família para “plantar
maniva” enquanto uns cavam o chão, outros cortam o caule da planta em pedaços
de dezesseis a vinte centímetros, onde outras pessoas vão concluindo
colocando-os na cova e cobrindo com pouca terra.
Depois de um determinado tempo, surgem os primeiros
brotos e então nasce dali uma bela roça de mandioca (são miguel – san nunga ou
roça de janeiro). Depois de um ano a mandioca está madura, no ponto da
colheita. É hora de preparar os jegues com jacás (recipiente feito de talas de
banbú) e xaxos (um pedaço de metal com um cabo de madeira) para arrancar a
mandioca da terra.
Arranca-se as raízes da terra, levando-as até o pubeiro (local onde se coloca as raízes de molho durante três dias no rio, lagoa ou tanque feito de cimento). Passando-se esse período é o momento de “tirar a puba” as raízes já sem o leite e amolecidas são lavadas e colocadas nos jacás novamente e destinadas aos girais (espécie de suporte feito de madeira e coberto de palhas para alojar a puba).
Do giral a puba vai para o “banco do caititú” e em seguida a massa é triturada. Para acontecer esse processo, antigamente se usava a famosa “bulandeira” (roda de madeira) onde na maioria das vezes, dois homens com as forças dos braços, puchavam a roda que através de uma correia feita de couro cru anexada à púlia (pequeno pedaço de madeira escavado) girava a “bola do caititu” (uma espécie de ralo) parecida com o porco caititu das selvas. Nesse sentido uma mulher sentada no banco faz o manejo do ralamento perigoso da puba, a massa cai no cocho.
Depois a massa já triturada é, colocada nos “tipitis” (cestos compridos feitos de palha de buriti - tapiti), a massa é escorrida e depositada na gamela para ser peneirada, usa-se uma peneira feita de talas de tabocas, guarimã ou buriti para essa prática. A massa peneirada é enviada para o forno, que já está muito aquecido e ensebado com sebo de gado ou azeite de babaçú, para não grudar a massa no metal ou cobre.
Os primeiros momentos chama-se “passar a massa” depois da massa passada no vai-e-vem do rôdo, ela é recolocada em outro forno para o ponto final, conhecido como “secar a farinha” (apuramento da farinha). Passado esse momento a farinha torrada é depositada nas gamelas para o esfriamento e depois de fria, segue-se para o empaneiramento, botar a farinha nos côfos de palha de babaçú.
Arranca-se as raízes da terra, levando-as até o pubeiro (local onde se coloca as raízes de molho durante três dias no rio, lagoa ou tanque feito de cimento). Passando-se esse período é o momento de “tirar a puba” as raízes já sem o leite e amolecidas são lavadas e colocadas nos jacás novamente e destinadas aos girais (espécie de suporte feito de madeira e coberto de palhas para alojar a puba).
tapitis e roda bulandeira |
Do giral a puba vai para o “banco do caititú” e em seguida a massa é triturada. Para acontecer esse processo, antigamente se usava a famosa “bulandeira” (roda de madeira) onde na maioria das vezes, dois homens com as forças dos braços, puchavam a roda que através de uma correia feita de couro cru anexada à púlia (pequeno pedaço de madeira escavado) girava a “bola do caititu” (uma espécie de ralo) parecida com o porco caititu das selvas. Nesse sentido uma mulher sentada no banco faz o manejo do ralamento perigoso da puba, a massa cai no cocho.
Depois a massa já triturada é, colocada nos “tipitis” (cestos compridos feitos de palha de buriti - tapiti), a massa é escorrida e depositada na gamela para ser peneirada, usa-se uma peneira feita de talas de tabocas, guarimã ou buriti para essa prática. A massa peneirada é enviada para o forno, que já está muito aquecido e ensebado com sebo de gado ou azeite de babaçú, para não grudar a massa no metal ou cobre.
Os primeiros momentos chama-se “passar a massa” depois da massa passada no vai-e-vem do rôdo, ela é recolocada em outro forno para o ponto final, conhecido como “secar a farinha” (apuramento da farinha). Passado esse momento a farinha torrada é depositada nas gamelas para o esfriamento e depois de fria, segue-se para o empaneiramento, botar a farinha nos côfos de palha de babaçú.
Os lavradores tem o costume de fabricar os côfos
artesanalmente (cestos de palha de babaçu ou palmeira najá) e colher folhas de
axixá, guarimã ou bananeiras. Os paneiros são forrados com as folhas para o
alojamento da farinha. Portanto chega-se ao fim da farinhada. Os
lavradores vendem a farinha para resolverem seus negócios. Nos anos
oitenta e noventa em Urbano Santos era muito comum os camponeses se preparar para
a farinhada com o intuito de vendê-la para conseguir algum dinheiro e passar o
“FESTEJO DA NATIVIDADE” de 1º a 7 de Setembro. Essa tradição é mantida até os
dias de hoje em nossa cultura.
Urbano Santos foi grande campeão de fabricação de
farinha. Isso deve ser reconhecido, pois as gerações contemporâneas e futuras
podem tomar conhecimento desse maravilhoso processo que contribui para o avanço
do nosso município tanto na questão socioeconômica, cultural e social, perpetuando-se
de gerações para gerações. “Farinhada é motivo de alegria, força de trabalho
rural, cultura e desenvolvimento sustentável e solidário.” Viva a farinhada de
Urbano Santos.
Poeta e
pesquisador
(98)
98890-4162
bastosandero65@gmail.com
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