Visita à Brasília-DF, 07/06 |
a esquerda escravos do passado; a direita escravos de hoje sob a vigilância de feitor |
A proposta de emenda à Constituição que permite a expropriação de terras
onde se verifique a existência de trabalho escravo foi votada e aprovada no
Plenário do Senado Federal no dia 27
de maio de 2014. Apresentada em 1999 pelo então senador Ademir Andrade, a
proposta estabelece que as propriedades rurais ou urbanas onde forem
localizadas culturas ilegais de plantas psicotrópicas ou exploração de trabalho
escravo, isso é ilegal onde a vítima pode entrar em contato com orgãos de defesa
dos direitos humanos e fazer sua denuncia. Essa medida foi fundamental para combater
esse tipo de crime hediondo e também é importante saber que ela vem promover a “SEGUNDA ABOLIÇÃO DA ESCRAVIDÃO NO BRASIL”.
Nesse sentido como fica a questão da luta pela manutenção deste CONCEITO DE TRABALHO ESCRAVO no Brasil
e em especial no Estado do Maranhão, um dos estados campeão na violação desse
crime? Pois o estado brasileiro ainda tem essa fama no que se diz respeito à
opinião pública, as manchas da escravidão ainda imperam em nosso meio, os mais
de 300 anos de cativeiro que o chicote derramou sangue humano ainda não foram e
tampouco serão esquecidos. Vale ressaltar que a abolição de 13 de maio de 1888 não resolveu os
problemas da escravidão, nesse sentido dirigida à raça negra, sendo que esta
lei colaborou com o acúmulo de milhares de escravos não apenas os negros mas
também brancos vítimas da exploração e do preconceito social. Hoje são muitos
os fazendeiros que usam dessas artes manhas para usufruírem das forças de mão
de obra escrava no campo e na cidade, uma séria realidade dos trabalhadores
rurais no interior do país que desenvolvem ofícios nas lavouras do corte da
cana, nas colheitas de laranjas, nas carvoarias e nas fazendas de soja. Existe
casos de trabalhadores que saíram de suas comunidades em busca de melhorias
principalmente para a região sudeste do país, mas nunca conseguiram voltar para
as suas famílias, endividados com o patrão são obrigados a permanecerem na
fazenda sob a vigilância de capangas e pistoleiros. Quero acentuar casos de famílias
inteiras de lavradores do leste maranhense que migraram para São Paulo com a
promessa e a consciência de um dia voltar para suas áreas rurais, mas
infelizmente nunca retornaram. Marcelo
Carneiro, respeitado Professor e pesquisador universitário da UFMA –
Universidade Federal do Maranhão tem uma obra “livro-cartilha” intitulada “Migrações Internas” onde ele aborda com
ênfase o processo desse fenômeno na Região do Baixo Parnaíba e outras partes do
Maranhão. A escravidão no campo e a pistolagem são barreiras que devem sim ser
quebradas com a luta dos trabalhadores e dos movimentos sociais, rumo a um
mundo melhor e vida digna para as famílias do campo: quilombolas, indígenas e
comunidades tradicionais, mas é verdade que o silêncio de muitos casos deixa à
tona a experiência de um estado que durante sua formação desde o período
colonial utilizou da violência para conter e suprir necessidades e interesses
políticos e pessoais da classe dominante, colaborando com o avanço do
capitalismo neoliberal e desumanidade com relação aos menos favorecidos.
Precisa-se então estarmos de olhos abertos a cada momento nessa luta para que
mais uma lei não passe despercebida e não seja cumprida, onde isso sempre foi
de práxis em nossa legislação.
JOSÉ ANTONIO BASTO
*Poeta e militante dos direitos humanos no baixo parnaiba
maranhense
Nenhum comentário:
Postar um comentário