Ariano acadêmico da ABL |
Ontem, 23 de Julho de 2014, a morte levou mais um dos grandes nomes
de nossa literatura, dessa vez ficou gravado o nome no panteon da história a
figura emblemática de Ariano Suassuna:
poeta, dramaturgo, romancista e membro da Academia Brasileira de Letras. O sopro
servil chegou ao leito do grande vate de nossa cultura popular nordestina, idealizador
do Movimento Armorial
e autor de obras como Auto da Compadecida
e O Romance d'A Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do
Vai-e-Volta, foi um preeminente defensor da cultura
nordestina. Muito culto, preferiu em sua extensa obra falar das coisas simples
do chão onde nasceu, das terras nordestinas paraibanas e brejeiras que nos deu
tantos nomes imortais assim como os também escritores Augustos dos Anjos, José Américo de Almeida e José Lins do Rego;
cantores como Chico Cesar e Zé Ramalho. Foi lá em meio às criações de
cabras, o sol ardente da caatinga e o som
de violas no repente que nasceu sua magia literária. Nascido no lugarejo Nossa Senhora das Neves, hoje João Pessoa (PB), no
dia 16 de junho de 1927, filho de Cássia Vilar e João Suassuna. No ano seguinte, seu pai deixa o
governo da Paraíba e a família e passa a morar no Sertão, na Fazenda Acauã, em Aparecida (PB).
Com a Revolução de 1930,
seu pai foi assassinado por motivos políticos no Rio de Janeiro e a família mudou-se para
Taperoá, onde morou de 1933 a 1937. Nessa cidade, Ariano fez seus primeiros
estudos e assistiu pela primeira vez a uma peça de mamulengos e a um desafio de
viola, cujo caráter de “improvisação” seria uma das marcas registradas também
da sua produção teatral. A partir de
1942 passou a viver no Recife, onde
terminou, em 1945, os estudos secundários no Ginásio Pernambucano, no Colégio
Americano Batista e no Colégio Osvaldo Cruz. No ano seguinte iniciou a
Faculdade de Direito, onde conheceu Hermilo Borba Filho. E, junto com ele,
fundou o Teatro do Estudante de Pernambuco. Em 1947, escreveu sua primeira
peça, “Uma Mulher Vestida de Sol”. Em
1948, sua peça Cantam as Harpas de Sião (ou O Desertor de Princesa) foi montada
pelo Teatro do Estudante de Pernambuco. Os Homens de Barro foi montada no ano
seguinte.
Em 1950, formou-se na Faculdade de Direito e recebeu o Prêmio
Martins Pena pelo Auto de João da Cruz. Para curar-se de doença pulmonar,
viu-se obrigado a mudar-se de novo para Taperoá. Lá escreveu e montou a peça Torturas de um Coração em 1951. Em
1952, volta a residir em Recife. Deste ano a 1956, dedicou-se à advocacia, sem
abandonar, porém, a atividade teatral. São desta época O Castigo da Soberba (1953), O Rico
Avarento (1954) e o Auto da
Compadecida (1955), peça que o projetou em todo o país e que seria
considerada, em 1962, por Sábato Magaldi “o
texto mais popular do moderno teatro brasileiro”.
Em 1956, abandonou a advocacia para tornar-se professor de Estética
na Universidade Federal de Pernambuco. No ano seguinte foi encenada a sua peça O Casamento Suspeitoso, em São Paulo,
pela Cia. Sérgio Cardoso, e O Santo e a
Porca; em 1958, foi encenada a sua peça O Homem da Vaca e o Poder da Fortuna; em 1959, A Pena e a Lei, premiada dez anos depois no Festival
Latino-Americano de Teatro.
João e Chicó - Auto da Compadecida Ariano tirando um cochilo no aeroporto de Brasília |
Em 1959, em companhia de Hermilo Borba Filho, fundou o Teatro
Popular do Nordeste, que montou em seguida a Farsa da Boa Preguiça (1960) e A
Caseira e a Catarina (1962). No início dos anos 60, interrompeu sua
bem-sucedida carreira de dramaturgo para dedicar-se às aulas de Estética na
UFPE. Ali, em 1976, defende a tese de livre-docência A Onça Castanha e a Ilha Brasil: Uma Reflexão sobre a Cultura
Brasileira. Aposenta-se como professor em 1994.
Membro fundador do Conselho Federal de Cultura (1967); nomeado,
pelo Reitor Murilo Guimarães, diretor do Departamento de Extensão Cultural da
UFPE (1969). Convocou nomes expressivos da música para procurarem uma música
erudita nordestina que viesse juntar-se ao movimento, lançado em Recife, em 18
de outubro de 1970, com o concerto “Três
Séculos de Música Nordestina – do Barroco ao Armorial” e com uma exposição
de gravura, pintura e escultura.
Entre 1958-79, dedicou-se também à prosa de ficção, publicando o
Romance d’A Pedra do Reino e o Príncipe
do Sangue do Vai-e-Volta (1971) e História
d’O Rei Degolado nas Caatingas do Sertão / Ao Sol da Onça Caetana (1976), classificados por ele de “romance armorial-popular brasileiro”.
Ariano Suassuna construiu em São José do Belmonte,
onde ocorre a cavalgada inspirada no Romance d’A Pedra do Reino, um santuário ao ar livre, constituído de 16
esculturas de pedra, com 3,50 m de altura cada, dispostas em círculo,
representando o sagrado e o profano. As três primeiras são imagens de Jesus
Cristo, Nossa Senhora e São José, o padroeiro do município.
Membro da Academia Paraibana de
Letras e Doutor Honoris Causa da Universidade Federal do Rio Grande do Norte
(2000).
Em 2004, com o apoio da ABL, a Trinca Filmes produziu um
documentário intitulado O Sertão: Mundo
de Ariano Suassuna, dirigido por Douglas Machado e que foi exibido na Sala José
de Alencar.
Em 2002, Ariano Suassuna foi tema de enredo no carnaval carioca na
escola de samba Império Serrano;
em 2008, foi novamente tema de enredo, desta vez da escola de samba Mancha Verde no carnaval paulista. Em 2013 sua
mais famosa obra, o Auto da Compadecida
será o tema da escola de samba Pérola Negra em
São Paulo.
Em 2006, foi concedido título de doutor honoris causa pela Universidade Federal do
Ceará, mas que veio a ser entregue apenas em 10 de junho de 2010, às
vésperas de completar 83 anos. "Podia até parecer que não queria receber a
honraria, mas era problemas de agenda", afirmou Ariano, referindo-se ao
tempo entre a concessão e o recebimento do título.
Durante o mandato de Eduardo Campos, Ariano foi assessor especial do
Governo de Pernambuco, até abril de 2014.
Ariano morreu no dia
23 de julho de 2014 no Real Hospital Português, no Recife, onde deu entrada na noite do dia 21, vítima de um acidente vascular cerebral
(AVC), passando por procedimento cirúrgico com colocação de dois drenos para
controlar a pressão intracraniana. Ele ficou em coma e respirando por ajuda de
aparelhos.
Uma das mais importantes obras de Ariano |
A obra artístico-literária
de Suassuna nos faz perceber que a vida tem sentido quando fazemos o que
gostamos, um grande mestre que o Brasil perdeu neste ano assim também como Rubens
Alves e João Ubaldo. O Brasil está perdendo seus grandes vultos contemporâneos,
então como ficará nossa língua agora? Suassuna sujeito simples que preferiu ser
conservador por toda sua vida... não usando o computador para escrever usando
então os rabiscos a punho e a velha maquina de datilografia, foi este homem que
acordava ouvindo cantorias de violas em sua fazenda que um dia disse:
"Tenho
duas armas para lutar contra o desespero, a tristeza até a morte:
o riso a cavalo e o galope do sonho
É com isso que enfrento essa dura e fascinante tarefa de viver."
o riso a cavalo e o galope do sonho
É com isso que enfrento essa dura e fascinante tarefa de viver."
O Brasil inteiro está de luto, a língua portuguesa está de luto,
por findar-se a existência de um vate,
exceto sua obra... seu legado.
J.A.B
*Em dedicação ao
falecimento de Ariano Suassuna:
1927-2014
Fontes de estudo e pesquisas:
· internet – wikipédia;
pensador uol.com; www.iparaiba.com
·
Livro: “A arte da Literatura Brasileira”.
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