Os problemas da escravidão no Brasil vem
se repercutindo desde os primeiros tempos da colônia, os mais de 300 anos de
cativeiro que o nosso país passou, deixou uma mancha que até agora vem sendo um
problema social e socioeconômico. O “Movimento Abolicionista” dos séculos
passados foram de certa forma um espelho para as futuras lutas em defesa dos
direitos humanos e da vida. Casos defendidos por Rui Barbosa, Joaquim Nabuco e
o Poeta Castro Alves deixam milhares de brasileiros orgulhosos por sua pátria,
uma vez que a questão da escravização do nosso próximo só vem atrasar a
economia de toda e qualquer sociedade.
O trabalho escravo é uma vergonha: como iremos avançar nos aspectos de desenvolvimentos e sair do quadro de subdesenvolvimento? Precisamos acabar com esse crime hediondo, pra isso temos que ter a plena consciência de que o respeito cultural também é importante, os negros e negras deste pais deixaram um legado importantíssimo para nós, mas essas manifestações ainda sofrem piadinhas e preconceito. Podemos exemplificar a Capoeira: uma luta... esporte que surgiu do seio do sentimento libertário e popular, essa cultura que segundo a história antropológica teve sua origem no Quilombo dos Palmares e ainda é vista como uma coisa violenta e desordeira, foi proibida por lei durante anos e, ainda hoje não conquistou seu espaço nos Jogos Olímpicos Mundiais... sendo que quase todas as modalidades esportivas fazem parte do conjunto de competições. Precisamos ver a Capoeira como um bonito esporte nos próximos Jogos Olímpicos no Brasil em 2016, pois ela não é apenas um jogo, é Filosofia, História, respeito e solidariedade. Um outro grande problema é o desrespeito às religiões de matriz africana, um legado milenar daquela gente que infelizmente vieram contra suas vontades para América e resto do mundo. Nessa linhagem é importante acentuar a diáspora africana dos mais de 18 milhões de escravos que sendo arrancados de suas terras, crenças e convívio social se espalharam pelos continentes como mão de obra das grandes metrópoles e colônias. Mas o problema da escravidão dos dias atuais no Brasil não é uma questão apenas dos negros, mas da pobreza incluindo também os brancos: Senzalas daquela época são as cadeias de agora; os quilombos daquele tempo são os guetos e favelas de hoje; os capitães do mato é a polícia; o império é representado pelo capitalismo e interesses próprios do estado. Com isso percebemos o grande impacto na contemporaneidade.
Para avançarmos como país desenvolvido, precisamos ABOLIR A ESCRAVIDÃO SOCIAL, e para que isso seja concretizado temos que contar com todas as ramificações: “Estado e Sociedade” principalmente com a educação da família, dos amigos, da escola e sobretudo a consciência de cada individuo. Podemos perceber o grande fluxo das migrações internas, para que isso não aconteça precisa-se de políticas públicas como anúncio do DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL, a migração pode ser o principal problema da escravidão contemporânea, pois as pessoas saem de sua terra natal em busca de uma vida melhor em outros lugares sendo que é daí que surge o processo do trabalho escravo nas fazendas de cana e laranjais e até mesmo com a mão de obra em empresas e empreiteiras Brasil a fora. Muita gente sai quase sempre do Nordeste para trabalhar de ajudante de pedreiros em São Paulo nas empresas de construção civil, chegando lá tem que pagar o processo da viagem, aluguel das hediondas casas onde ficam somando as vezes até luz elétrica e água, quase sempre recebem migalhas que fazem de tudo para mandar um pouquinho para suas famílias e, o problema mais sério: começam a se endividarem sem ter como voltar para casa. Em 2009 o Governo do Estado do Maranhão criou o “PLANO DE ERRADICAÇÃO DO TRABALHO ESCRAVO NO MARANHÃO” – pesquisas apontaram casos de trabalho escravo de maranhenses até na Europa, o Maranhão segundo dados recentes é o estado da federação com o maior índice de trabalho escravo, causado quase sempre pela falta de oportunidades e pela má distribuição de renda. Um outro fator que se arrasta desde os tempos dos escravos africanos são os índices de negros pobres e esquecidos nas cadeias, 80% dos detentos são negros ou descendentes, nas periferias como é o caso da Favela da Mangueira no Rio de Janeiro esse número ultrapassa os seus 85%. A violência policial contra negros são freqüentes nesse país, dados mostram que morre mais jovens negros nas grandes metrópoles do Brasil. Então com todos esses acontecimentos nos faz pensar e refletir que a história de nosso país é sempre contada por outro ângulo, nossos heróis são todos brancos, os negros como Zumbi e Preto Cosme são tratados nos livros didáticos como bandidos e feiticeiros. A Lei Federal 10.639/03 que “rege o ensino de cultura africana, história geral da África e afro-brasileira” só está no papel e nada mais. Para que isso seja estabelecido ainda é preciso muita luta e força de vontade do Movimento Negro Organizado. Tudo tem que partir da educação das pessoas é, óbvio que uma boa educação formará futuros cientistas que projetarão grandes invenções, em nossa Constituição Federal de 1988, diz que todo cidadão brasileiro tem direito a educação, saúde e habitação, mas não é o que se ver, moradores de ruas a cada dia cresce nas principais capitais e são vítimas da violência policial... sem nenhum amparo, pois acredito que devemos apostar na competência das pessoas, nas manifestações intelectuais de cada um de nossos irmãos. O que fazer com isso? Falta consciência política de cada pessoa, principalmente dos grandes representantes do povo. Uma nação aculturada, letrada, informada, educada... é muito difícil de se dominar, pois na proporção que cada um sabe dos seus direitos e deveres fixados por leis, a coisa muda, daí surge as formações de opiniões e críticas, ninguém é obrigado a concordar com ninguém, mas respeitar sempre. A “Declaração Universal dos Direitos Humanos” nos defende em um de seus artigos sobre a livre expressão de pensamento. A juventude precisa estar engajada no processo de transformação de nosso país, o trabalho escravo precisa ser erradicado em todas as esferas. Somos um país livre e sabemos de uma toda luta por essa pouca liberdade, entre aspas. Os problemas sociais são frutos da nossa história, passamos por escravidão indígena e negra, ditaduras cruentas onde o movimento social sempre foi massacrado, o Brasil é um país totalmente rico em matérias primas, temos de tudo para sermos uma nação melhor com distribuição de renda principalmente no que se diz respeito aos menos favorecidos desta terra. Um ponto indiscutível em nosso meio é a questão de nossas reformas... falo em todos os aspectos, mas batendo sempre na tecla implorando por melhorias do homem do campo. Os casos de trabalho escravo na maioria estão ligados ao campo, o êxodo rural precisa ser extinguido de nosso meio... mas para isso mais uma vez lembramos a distribuição de renda social. A Reforma Agrária no Brasil ainda é muito rudimentar, existe apenas políticas de assentamentos, pois os camponeses não precisam só da terra e nem da casa pra morar, mas subsídios para viver. 80% dos recursos federais são destinados anualmente para o agro-negócio, contra apenas 16% da Agricultura Familiar... e quando chega ao crédito burocrático dos trabalhadores rurais, pois sabemos e as estatísticas apontam que é a Agricultura Familiar quem segura o mercado nacional de alimentos.
Vamos libertar nossas rebeldias e conseguir mais espaços nos campos da SOCIOLOGIA, entender as raízes do Brasil e a GEOGRAFIA de nosso espaço, vamos ser mais atentos nos problemas que circulam, vamos ler jornais... pois ainda somos um país que quase não se ler jornais estamos na posição 68º dos paises na leitura de jornal no mundo, vamos ler os livros dos nossos clássicos para entender nossa rica e genuína cultura, assistir TV, pesquisar na internet e ficar mais informados do que acontecem em nosso meio principalmente as transformações, vamos conhecer de perto na prática o que causa tais mudanças. Vamos crescer e sair do subdesenvolvimento... temos que sentar nos bancos dos desenvolvidos, temos tudo pra chegarmos no topo de todos os processos desenvolvimentistas, mas para isso acontecer vamos primeiro ABOLIR A ESCRAVIDÃO SOCIAL E DE PENSAMENTO desta nação e do mundo. E nessa mística, MAHATMA GANDHI nos ensina dizendo: “Aprendi através da experiência amarga a suprema lição: controlar minha ira e torná-la como o calor que é convertido em energia. Nossa ira controlada pode ser convertida numa força capaz de mover o mundo.
Autor: José Antonio Basto
*Poeta e Militante do Movimento Negro
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