Riacho do Assentamento Mangabeira - Urbano Santos-MA |
Conversava-se com a
água, uma conversa sem palavras. O inverno fora muito bom! Chovia bastante de janeiro ao
início de junho; talvez acima do limite esperado – mas a água do céu suspendera
um pouco, o sol tem castigado ultimamente! Chega-se o período da colheita do
arroz... Tempo de assar abóbora na fogueira de São João Hábitos e costumes que
aos poucos vão se perdendo no tempo empoeirado pelas tradições culturais. Rios
e riachos encheram e transbordaram em todas as regiões – alargaram-se além das
margens, gerando grande fartura de peixes – esperando um futuro de tão poucos
bons frutos na lavoura. A força acrisoladora da natureza é extraordinária – mãos
medem forças... Acumulam e explodem na criação e no acreditar do “ser e
escrever” o mais nobre dos cantos. A água não reclama! Reclamar pra quê?
Recupera-se no contar dos dias marcados pela ampulheta. Há muitos séculos ela
se formara – trilhando caminhos e léguas pelas florestas, descendo pelo sertão
até chegar noutro afluente. Em fim a água completara seu ciclo; tornara prosa
porque folheava e compunha sua própria história caminhando pela terra. Se
foi... Esvai-se para nunca mais voltar.
José Antonio Basto
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