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Menino quebrando bacuri - (Com. São Raimundo) |
Se aproxima a
temporada de colheita do bacuri, fruta especial das chapadas do município de
Urbano Santos e toda região do Baixo Parnaíba maranhense. Rica em vitaminas, o bacuri é nativo da floresta
tropical amazônica, essa fruta pouco maior que uma laranja,
com pele mais espessa de uma cor amarelo-limão pertence à família (Guttiferae),
oferece muitos benefícios para a saúde e é usado em cremes, geleias, doces,
bolos, purê e licores.
O bacurizeiro, conhecido cientificamente como (Platonia insignis)
pode atingir mais de 40 metros de altura, com tronco de até 2 metros de diâmetro
nas árvores mais desenvolvidas. Sua madeira considerada nobre também tem
variadas aplicações, mas é proibida a derrubada, apesar dos crimes de capitação
ilegal. É encontrada naturalmente desde o Piauí seguindo a costa do Pará até o
Maranhão. A massa possui alguns nutrientes em quantidades notáveis de fósforo, potássio, ferro, cálcio e vitamina C; a casca
também é aproveitada na culinária regional e o óleo extraído de suas sementes é
usado como anti-inflamatório e cicatrizante na medicina popular e na indústria
de cosméticos. Comunidades tradicionais de Urbano Santos como São Raimundo, Boa
União, Bom Princípio e Bracinho praticam o extrativismo do bacuri servindo como
fonte de renda para as famílias camponesas, além de uma alimentação saudável.
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Selma - (liderança comunitária - São Raimundo) |
Um dos problemas nesse período de safra é a derrubada do fruto ainda verde, mas
as associações destas comunidades citadas se juntaram para defender o território
(chapadas) e criaram autonomamente uma lei que proíbe a derrubada do bacuri
verde, pois o bacuri para ser colhido deve-se esperar o fruto cair de maduro –
assim colaborando para a reprodução da espécie - quando se joga rebolo e
bagunça seus galhos, no ano seguinte aquele pé não brota mais, atrasa de 1 a 2
anos para voltar ao normal. Com leis
severas, o conselho de fiscalização formado pelos presidentes das associações
desde algum tempo já fazem a fiscalização rondando as variantes das áreas,
punindo aqueles que desobedecerem as leis do Estatuto Social das entidades e o
documento oficial que foi discutido coletivamente. Os moradores do São Raimundo
lutam pela terra, batalham pela sobrevivência em convivência com a natureza. Chegando
agora o período do inverno os frutos desabam no chão, homens e mulheres sobem o
carrasco e as chapadas com seus côfos e jacás para a colheita. Os catadores devem
ter a consciência de colher o bacuri no tempo certo, essa prática faz parte de
suas vidas. Problemas fundiários que se arrastam há décadas envolvendo
empresas, latifundiários e famílias camponesas atrapalham o modo de vida destas
comunidades.
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Mensagem dos alunos da escola da Comunidade S. Raimundo |
A terra é o bem comum, as chapadas onde estão localizados os
bacurizeiros são devastadas e transformadas em campos limpos para o plantio de
eucalipto e soja. Empreendimentos no campo com investimentos capitalistas que
não visam o desenvolvimento das comunidades rurais são aplicados a cada dia. As
empresas da monocultura nunca respeitaram os modos de vida das comunidades tradicionais,
os camponeses sempre levaram a sério o processo de racionalidades por serem
resistentes nos seus modos de reprodução social e cultural na agricultura
familiar, no extrativismo numa relação amorosa com a natureza – espaço sagrado
e coletivo. Os bacurizeiros e pequizeiros são espécies mais conhecidas de nossa
região e merecem respeito, merece respeito toda biodiversidade. Destacando as
lutas em defesa do meio ambiente percebemos que ainda temos muito que avançar. Para
acentuar, nós do movimento social travamos uma luta em 2016, encabeçando um
projeto de lei de iniciativa popular com o apoio dos trabalhadores rurais, com
a proposta de se criar uma lei junto ao legislativo para proibição
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José Antonio Basto - ( poeta, militante e moderador do Blog) |
do
desmatamento do cerrado para o plantio de monoculturas e uso de transgenia no
município de Urbano Santos, tomando como exemplo as leis de municípios vizinhos
que não aceitam a entrada do eucalipto. Com a concretização dessa lei, os
camponeses só tem a ganhar, pois os espaços de extrativismo, agricultura e
cabeceiras de rios serão mais protegidos longe as monoculturas que tanto destrói,
atrapalham e matam o pouco que ainda resta de vida em nossa região.
José Antonio Basto
E-mail:
bastosandero65@gmail.com
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