segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

CAMPANHA DA FRATERNIDADE E A NOSSA LUTA EM DEFESA DAS COMUNIDADES TRADICIONAIS

FRATERNIDADE
Este ano 2017 a Campanha da Fraternidade da Igreja Católica traz um tema especial: “Biomas brasileiros e defesa da vida”. Em um momento conturbado de nossa história, das questões socioambientais, políticas e econômicas, devemos lutar pelo bem comum das coisas: pela terra, pela água, pela soberania dos povos e comunidades tradicionais... em fim pela vida. O consumismo alarga suas fronteiras junto ao capitalismo, deixando um verdadeiro legado de morte nesse problema que os povos do campo e da cidade enfrentam a cada dia, em que a crise ecológica só aumenta e redistribui o fenômeno da pobreza, da miséria e da desigualdade social. Uma escolha criativa, foi o tema e o lema, interessantes para os trabalhos a serem desenvolvidos pelos catequistas; acreditamos que esse é um dos verdadeiros papel das instituições religiosas, formar as pessoas e sobretudo educar as crianças a respeitar e cuidar do seu próximo e ter consciência sobre o meio ambiente – é válida essa ideia romântica  de acreditar em algo novo – na esperança de novos tempos.
Refletimos nesse momento baseada na luta dos povos e comunidades tradicionais que defendem seu território; cabendo um acento especial ao espaço do “cerrado brasileiro” onde o capitalismo no campo se alarga a cada momento; grandes áreas de florestas foram substituídas por fazendas de criações de gado; territórios indígenas foram invadidos pelos programas do agronegócio, garimpos e madeireiros, além das construções de barragens que destroem os ecossistemas como os rios e suas cabeceiras, transformando os modos de vida desses povos tradicionais para pior. Muitos são os riscos causados por esses grandes projetos e setores econômicos agressivos que passam por cima de tudo para atingir seus objetivos econômicos e pessoais. Entre tantos os problemas, um dos mais sérios no campo ainda é a questão da pistolagem, onde trabalhadores rurais, lideranças sindicais e comunitárias e ativistas ambientais são vítimas de assassinatos, famílias camponesas são ameaçadas de morte, suas casas são incendiadas por jagunços, suas plantações são destruídas... um verdadeiro crime contra aos direitos humanos. A expropriação de terras por empresas e latifundiários tem sido tratada como um caso comum, onde os governos e autoridades não levam o caso a sério, muito menos consultando as comunidades desses projetos – como foi o caso da implantação do MATOPIBA -  fronteira agrícola do capitalismo no campo que atingirá o Cerrado dos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia. Em um certo evento promovido para discutir a defesa do cerrado pelas comunidades tradicionais, alguém pronunciou uma frase que não me saiu da lembrança, dizendo: “Não é a natureza que faz parte de nossa vida, nós é que fazemos parte dela”. Um sonho real na luta de se concretizar um novo modelo de desenvolvimento sustentável e solidário para nossos povos do campo, das florestas e das águas de todos os BIOMAS BRASILEIROS. As mazelas no rico chão do cerrado, conhecido como berço das águas são constantes e esta dor é sentida e vivenciada de forma diferente, mas ao mesmo tempo incomum ao longo desse extenso e diversificado cenário.
A Campanha da Fraternidade 2017, pode ser uma luz romântica de consciência política das pessoas em criarem uma corrente fortificada de resistência contra todo e qualquer desrespeito e tirania dirigidos aos povos que habitam nos biomas. O trecho da Bíblia no cartaz da campanha deixa bem claro: “Cultivar e guardar a criação” – (Gn 2,15). Vamos em frente “Caminhando e cantando e seguindo a canção”.
         José Antonio Basto

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