FRATERNIDADE |
Este ano 2017 a Campanha da
Fraternidade da Igreja Católica traz um tema especial: “Biomas brasileiros e defesa da vida”. Em um momento conturbado de
nossa história, das questões socioambientais, políticas e econômicas, devemos
lutar pelo bem comum das coisas: pela terra, pela água, pela soberania dos povos
e comunidades tradicionais... em fim pela vida. O consumismo alarga suas
fronteiras junto ao capitalismo, deixando um verdadeiro legado de morte nesse
problema que os povos do campo e da cidade enfrentam a cada dia, em que a crise
ecológica só aumenta e redistribui o fenômeno da pobreza, da miséria e da
desigualdade social. Uma escolha criativa, foi o tema e o lema, interessantes
para os trabalhos a serem desenvolvidos pelos catequistas; acreditamos que esse
é um dos verdadeiros papel das instituições religiosas, formar as pessoas e
sobretudo educar as crianças a respeitar e cuidar do seu próximo e ter
consciência sobre o meio ambiente – é válida essa ideia romântica de acreditar em algo novo – na esperança de
novos tempos.
Refletimos nesse momento baseada
na luta dos povos e comunidades tradicionais que defendem seu território;
cabendo um acento especial ao espaço do “cerrado
brasileiro” onde o capitalismo no campo se alarga a cada momento; grandes
áreas de florestas foram substituídas por fazendas de criações de gado;
territórios indígenas foram invadidos pelos programas do agronegócio, garimpos
e madeireiros, além das construções de barragens que destroem os ecossistemas
como os rios e suas cabeceiras, transformando os modos de vida desses povos
tradicionais para pior. Muitos são os riscos causados por esses grandes
projetos e setores econômicos agressivos que passam por cima de tudo para
atingir seus objetivos econômicos e pessoais. Entre tantos os problemas, um dos
mais sérios no campo ainda é a questão da pistolagem, onde trabalhadores
rurais, lideranças sindicais e comunitárias e ativistas ambientais são vítimas
de assassinatos, famílias camponesas são ameaçadas de morte, suas casas são
incendiadas por jagunços, suas plantações são destruídas... um verdadeiro crime
contra aos direitos humanos. A expropriação de terras por empresas e
latifundiários tem sido tratada como um caso comum, onde os governos e
autoridades não levam o caso a sério, muito menos consultando as comunidades
desses projetos – como foi o caso da implantação do MATOPIBA - fronteira agrícola do capitalismo no campo que
atingirá o Cerrado dos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia. Em um
certo evento promovido para discutir a defesa do cerrado pelas comunidades
tradicionais, alguém pronunciou uma frase que não me saiu da lembrança,
dizendo: “Não é a natureza que faz parte
de nossa vida, nós é que fazemos parte dela”. Um sonho real na luta de se
concretizar um novo modelo de desenvolvimento sustentável e solidário para
nossos povos do campo, das florestas e das águas de todos os BIOMAS BRASILEIROS. As mazelas no rico
chão do cerrado, conhecido como berço das águas são constantes e esta dor é
sentida e vivenciada de forma diferente, mas ao mesmo tempo incomum ao longo
desse extenso e diversificado cenário.
A Campanha da Fraternidade 2017, pode ser uma luz romântica de consciência
política das pessoas em criarem uma corrente fortificada de resistência contra
todo e qualquer desrespeito e tirania dirigidos aos povos que habitam nos
biomas. O trecho da Bíblia no cartaz da campanha deixa bem claro: “Cultivar e guardar a criação” – (Gn 2,15).
Vamos em frente “Caminhando e cantando e seguindo a canção”.
José Antonio
Basto
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