segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

As barreiras do sagrado chão

     Um dia o viajante passara por aquela região denominada Baixo Parnaíba, um lugar sagrado na mais distante geografia do leste. Ao chegar, ficou ali sua bandeira de lutas, o estandarte que se perpetuou de geração para geração. A terra era vermelha... tudo que se plantava procriava numa fartura entanto. Muitas matas por onde já tinha acontecido guerras e combates sangrentos em busca da conquista da terra séculos atrás, tempo em que leis não valiam nada, exceto para os poderosos! Os rios perenes desembocam um a outro assim formando bacias importantes -, justamente nesses rios que apareceram esconderijos cavados sob grutas e grotas. Um dia passeando pelo cerrado ouvi o ronco da espingarda!  Gritou seu tiro para outras bandas, eram caçadores das comunidades tradicionais que vigiavam as variantes defendendo seu território de coletas de frutos e agricultura.
      O imaginário era o próprio chão – pois a terra se interligava com as ações dos povos que residiam ali... pessoas que sobretudo eram suas protetoras. Esperam respeito e valorização de direitos garantidos, mas não aplicados. Hoje tudo mudara... a ganância, a arrogância e o avanço do capitalismo que vem para destruir aquele espaço cultural é o que nos preocupa. Grandes batalhas haverão de dá início na briga pelo bem maior dos seres humanos: a água. O líquido valioso que ninguém consegue fabricar e necessita dele diariamente para beber, lavar, cozinhar... para viver, o corpo humano é derivado de água. Este bem maior, carência de todos nós desaparece a cada momento, com a culpa da mão do próprio homem que não pensou no passado para viver no futuro. O que faremos para rebater tamanho desastre contra o meio ambiente? Fica uma incógnita para formulação de nossa consciência.
      O viajante pegava seu alforje, sua máquina de escrever, papeis, livros... seus pertences e sua mala, seguia pelas veredas do sertão arenoso saindo da chapada, adentrando nos portais dos lenções de lagoas cristalinas e cajueiros deitados sobre o chão. O Oceano Atlântico findava no horizonte sob a ótica poética com sua imensidão poderosa capaz de fazer pensar em novos tempos de esperanças.  Ali anoitecia e amanhecia, virou-se portanto uma morada e um mausoléu do artista, tendo como sua fortaleza “As barreiras do sagrado chão”.

José Antonio Basto
E-mail: bastosandero65@gmail.com


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