Um dia o viajante
passara por aquela região denominada Baixo Parnaíba, um lugar sagrado na mais
distante geografia do leste. Ao chegar, ficou ali sua bandeira de lutas, o
estandarte que se perpetuou de geração para geração. A terra era vermelha...
tudo que se plantava procriava numa fartura entanto. Muitas matas por onde já
tinha acontecido guerras e combates sangrentos em busca da conquista da terra
séculos atrás, tempo em que leis não valiam nada, exceto para os poderosos! Os
rios perenes desembocam um a outro assim formando bacias importantes -,
justamente nesses rios que apareceram esconderijos cavados sob grutas e grotas.
Um dia passeando pelo cerrado ouvi o ronco da espingarda! Gritou seu tiro para outras bandas, eram
caçadores das comunidades tradicionais que vigiavam as variantes defendendo seu
território de coletas de frutos e agricultura.
O imaginário era o próprio chão – pois a
terra se interligava com as ações dos povos que residiam ali... pessoas que
sobretudo eram suas protetoras. Esperam respeito e valorização de direitos
garantidos, mas não aplicados. Hoje tudo mudara... a ganância, a arrogância e o
avanço do capitalismo que vem para destruir aquele espaço cultural é o que nos
preocupa. Grandes batalhas haverão de dá início na briga pelo bem maior dos
seres humanos: a água. O líquido valioso que ninguém consegue fabricar e necessita
dele diariamente para beber, lavar, cozinhar... para viver, o corpo humano é
derivado de água. Este bem maior, carência de todos nós desaparece a cada
momento, com a culpa da mão do próprio homem que não pensou no passado para
viver no futuro. O que faremos para rebater tamanho desastre contra o meio
ambiente? Fica uma incógnita para formulação de nossa consciência.
O viajante pegava seu alforje, sua
máquina de escrever, papeis, livros... seus pertences e sua mala, seguia pelas
veredas do sertão arenoso saindo da chapada, adentrando nos portais dos lenções
de lagoas cristalinas e cajueiros deitados sobre o chão. O Oceano Atlântico
findava no horizonte sob a ótica poética com sua imensidão poderosa capaz de
fazer pensar em novos tempos de esperanças.
Ali anoitecia e amanhecia, virou-se portanto uma morada e um mausoléu do
artista, tendo como sua fortaleza “As
barreiras do sagrado chão”.
José Antonio Basto
E-mail:
bastosandero65@gmail.com
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