“Na sequidão em que nós estamos hoje em dia,
a chapada devastada, seca mais”, dizia o velho Benedito Onça, um dos
moradores mais antigos da comunidade Marçal dos Onças, numa denúncia ao STTR de
Urbano Santos sobre os crimes ambientais praticados por lá. A chapada do Marçal
é umas das mais belas e apreciáveis da região; seus moradores vivem da
agricultura familiar e da coleta do bacuri. Um dos problemas que preocupa o
Benedito é a extração de madeira ilegal da área que pertence sua família.
Segundo ele, caminhões saem carregados de madeira nativa como candeia,
barbatimão, pequizeiros e bacurizeiros, ele acha isso um absurdo! E como não
poderia ser! Além desse grave problema, um Gaúcho diz que comprou parte da
terra devoluta do estado que por direito pertence à associação de moradores;
muitos animais já foram assassinados pelo dito Gaúcho. Os animais dos
camponeses que pastam aos arredores do arame são recebidos a tiros, seja
jumento, gado, cavalo, porco e até bichos domésticos. A terra que já deveria
ter sido regularizada pelo Iterma para a família Onça, ainda aguarda as
vontades do governo. A situação fundiária no município de Urbano Santos não é
diferente de outros municípios do Baixo Parnaíba. Há mais de três décadas que o
agronegócio do eucalipto e outras monoculturas causam danos nas áreas das
comunidades rurais. O Marçal é também cercado de eucalipto, assim como os
povoados “Todos os Santos e Juçaral”. A chapada mãe de “Todos os Santos” que
lhe alimenta de frutos e caça, onde está a principal cabeceira do riacho Chibéu
- aquela região continua dilacerada pelo programa da monocultura do eucalipto.
O falecido Rio Chibeu que fornecia água e peixe para a comunidade, hoje fica
apenas na lembrança, ele é mais uma vítima do grande impacto ambiental e
social, por onde corria suas águas, se ver agora apenas a areia branca. O Benedito
Onça tinha certeza quando falava dos problemas ambientais na chapada onde
nasceu e foi criado, ainda contava que na época de criança tudo era diferente; a
fartura de bacuri atraia não apenas os moradores do Marçal, mas também adjacências.
A chapada, no sentido figurado e coletivo não existe fronteira, nem donos...
ela é de todos... dos pássaros, dos animais silvestres das pessoas que lhe
tratam com respeito e carinho – ela precisa ser preservada para o bem comum dos
povos! Salve a chapada do Marçal e a coragem do Benedito Onça.
José Antonio Basto
e-mail: bastosandero65@gmail.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário