Tendo em vista grandes problemas
ambientais causados pelo plantio de eucalipto em Urbano Santos - infelizmente
ainda há quem diga que essa espécie “também tem tudo a ver com sustentabilidade
ambiental e econômica para as comunidades”, não passa de uma mentira. Um
discurso vulgar que não conquista os agentes dos movimentos sociais pelos
direitos humanos que pregam um mundo diferente com solidariedade para todos,
longe do agrotóxico... da destruição da biodiversidade, das chapadas. Pois
acreditamos na permanência de produção agroecológica e técnicas tradicionais
das comunidades rurais de nosso município num convício de bem com a natureza.
Quando as primeiras experiências de
eucaliptos foram implantadas em Urbano Santos, a empresa Florestal LTDA
avaliava as condições do plantio e já imaginava o impacto social e ecológico no
futuro. Na Comunidade Santo Amaro onde essas primeiras mudas foram postas como
experiências ao lado do rio Mocambo –, estratégia essa pela fartura de água do
rio na década de 80, naquele tempo os representantes da Florestal LTDA diziam
aos militantes em defesa do meio ambiente e pela Reforma Agrária que as
plantações dos monocultivos não prejudicariam; que elas seriam implantadas
apenas em áreas não propicias para a agricultura familiar, solos esses de baixa
fertilidade e que o eucalipto geraria frutos positivos para as comunidades e
sociedade em geral. O que na verdade aconteceu totalmente ao contrario, as
experimentações foram alargadas além de muitas fronteiras adentrando as
chapadas e carrascos, transformando o modo de vida das populações tradicionais
nos povoados que vivem do extrativismo e da agricultura. Os problemas
fundiários cresceram porque muitas associações pretendendo que o ITERMA
regularizasse a terra para fins de Reforma Agrária, estas foram impedidas da
realização de seus direitos mais fundamentais. A Florestal LTDA se transformou
na Suzano Papel e Celulose; em Urbano Santos ela montou seu escritório,
atualmente a empresa domina 174 mil hectares de eucaliptos em nosso município.
O agronegócio avança além de suas fronteiras -, as comunidades mais afetadas em
Urbano Santos como Ingá, Santana, Baixa do Cocal II, Juçaral e tantas outras...
não se ver nada de apoio desta empresa no que se diz respeito ao um amparo
social como hospital, biblioteca ou investimentos na educação local e
alimentação dos moradores; uma vez que a terra geram tantas riquezas má
distribuídas, dinheiro ganho para o bem próprio, usando o que é do povo “AS
CHAPADAS”, por excelência. É comum quando se viaja por essas comunidades, onde
se olha crianças desnutridas, alto índice de analfabetismo, problemas de saúde
causados pela água infectada de produtos químicos entre outros fatores. Muitos
rios já secaram vítima do impacto, diversas áreas de chapadas também sumiram do
mapa como é o caso da “chapada do meio” próximo à sede da cidade ao lado do Bairro
São José, grandes devastações também são detectadas atualmente nos bacurizais
dos povoados Jacú e Araras, além de muitas outras comunidades que antes se via
fartura desses frutos.
Pensar que o eucalipto gera riqueza
pode-se afirmar que sim, mas somente para a Suzano porque para os camponeses o
que fica é um outro legado muito diferente do progresso. As comunidades
tradicionais protegem a natureza, pois é dela que eles tiram parte do sustento
de suas famílias, seja através da agricultura e/ou da pesca e coletas de frutos
naturais e até mesmo em algumas circunstancias da caça não predatória. O
capitalismo sustentado pela expropriação e usurpação de terras rurais no Baixo
Parnaíba é o maior problema da falta de terra para produzir e a escassez de
água para viver. Há algum tempo atrás as pessoas e entidades eram mais
envolvidas nas articulações de combate ao agronegócio, na atualidade se percebe
uma fraqueza e muitas dificuldades de se organizar um movimento forte e
combativo de defesa dos direitos humanos e da vida. As questões fundiárias por
mais que tenham sido debatidas, elas apresentam no cenário regional, estadual e
nacional uma página ainda atrasada, muito longe de ser concretizada como rege
as campanhas no LIVRO DAS REFORMAS. As alterações ambientais tem trazido várias
consequências danosas não apenas para quem se preocupa em fazer alguma coisa
como militar, escrever e denunciar, mas diretamente atinge todo mundo com a
falta de água, de ar, de alimentos saudáveis, queimadas e geração de doenças crônicas.
Sonhemos então em mudar essa história, com solidariedade e respeito. Abaixo o
eucalipto em Urbano Santos! Viva o meio ambiente! Um outro mundo é possível!
Por água, por terra... por vida!
José Antonio Basto
Militante em Defesa dos Direitos Humanos e da Vida
e-mail: bastosandero65@gmail.com
(98) 98607-6807
Urbano Santos, 19 de outubro de 2015
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