diga não ao trabalho escravo |
Comunidades do município de Urbano
Santos como o Jacú, Mato Grande, Centro Seco e Capãozinho são exemplos claros
do processo devastador e sem controle do agronegócio em nossa região. No primeiro
povoado citado, as chapadas foram derrubadas, os pequizeiros, bacurizeiros,
candeias, faveiras, mangabeiras e tantas outras espécies foram transformadas em
carvão vegetal abrindo caminhos para os mares verdes do eucalipto; a população
do Mato Grande vive sem ar puro para respirar – pois os aviões pulverizadores ateiam
veneno nos campos e ao mesmo tempo estes agrotóxicos atingem outras áreas como
cabeceiras de riachos e lagoas. Centro Seco e Capãozinho são incomuns, os
fornos produzem fumaça todos os dias e noites com a madeira do eucalipto -, os
campos ainda não tinham sido mexidos, apesar de estarem na tabela dos mais
antigos.
Certo dia viajei passando pelo Capãozinho a destino das Cajazeiras,
terra das parteiras tradicionais, tive então que cortar a área de estalação dos
fornos de carvão nas proximidades da Lagoa dos Costa, olhei muitos
trabalhadores que entravam e saiam dos fornos quentes ainda em brasa, nenhuma
proteção e orientação para evitar acidentes no trabalho, os encarregados davam
ordens rígidas como se fosse feitores, percebi que não gostaram muito de minha
presença e ficaram de olho em minha máquina fotográfica que levava a tiracolo. Parei
poucos momentos; senti indignação a respeito de tal situação hedionda. O
trabalho escravo infelizmente ainda é muito comum em nosso estado. O Maranhão
está entre os primeiros estados da federação na lista desse crime.
carvoarias prox.de comunidades |
desmatamento |
Existe no Baixo Parnaíba situações
como estas e até piores, como já citei a realidades das carvoarias –
acrescenta-se ainda os ofícios nas fazendas de gaúchos, na roçagem dos campos
de eucaliptos, sua derrubada, corte e carregamento das toras jogando em cima de
caminhões. Quem faz esse serviço? São os engenheiros florestais? O gerenciamento?
Nada disso, quem sofre com todo essa sacrifício são os pobres e desprezados peões
que acordam 1:00h da manhã para pegar os rudimentares ônibus que os levam até
os locais de trabalho, antes de pegar o trampo são alimentados com uma xícara
de café preto e apenas um pão massa-grosa sem manteiga. Três problemas somam-se
nessa questão... o primeiro é a política do agronegócio que considera-se sem
retorno para as populações tradicionais, atrasando todo um projeto
alternativista e socioeconômico dos
camponeses, como a realização de direitos fundiários das terras em processo no
INCRA e no ITERMA; o segundo é o legado da destruição total dos ecossistemas
(fauna e flora), atingindo sobretudo as áreas de proteção e onde os camponeses
exercem o extrativismo; a terceira e ultima é a exploração em regime de
trabalho escravo dos assalariados rurais, desacatos esses que merecem mais
atenção da justiça, dos órgãos competentes como o Ministério Público e da
própria sociedade civil.
José
Antonio Basto
Militante
em Defesa dos Direitos Humanos e da Vida
Região do Baixo Parnaíba Maranhense
Email: bastosandero65@gmail.com
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