Canção
misteriosa
I
Numa dessas tardes eu meditava
Ao som dessa canção misteriosa
Longe de tudo eu estava...
Quando achei a poesia perigosa!
Minha alma solitária suplicava
No balsamo da teia nervosa,
Um pássaro chorando a gorjear
Implorava: - natureza... natureza é o meu lugar!
II
A calmaria toma conta do meu ser
Um sopro do alto de desfez...
Um juriti ecoa seu sofrer
E a nambu responde em viuvez
Eu tentava aquilo entender
No âmbito de minha
sensatez
Em silêncio as palmeiras se comunicavam
Dessas idéias que me perturbavam.
III
Águas corriam lentamente,
Rumo a um rio perspicaz
Não podia ser tão diferente
Quando um dia tudo se desfaz
Passando pelas matas tão carente,
Por eu ser trovador, poeta audaz
Entendo a voz de um triste vento
Sobre as notas de um violão violento!
IV
Como uma ilha do exilio imperial
- Viveu em Elba
Bonaparte –
Reproduzindo a imagem surreal
Nessa tela reflete minha arte!
Nem tudo pode ser igual,
Quando o jogo pede o descarte
Ouço sozinho esta canção...
Tentando acalmar o coração.
V
“Diferente” – está escrito no letreiro,
Entre as folhas dos garranchos espalhados
Caçador talvez, não sou mateiro...
Refugiado continuo bem calado
Nesse canto melancólico verdadeiro
Estivemos lutando lado-a-lado,
A cantiga da cigarra então dispara
No zinir do canto que declara.
VI
Observei tudo aquilo e fui pensar
Seguindo o mundo dessa rima
No sacrário é onde eu vou guardar
Os papeis dessa obra prima
São simples, mas é o meu pensar...
“Natureza” é a obra que ninguém termina,
É o impossível que o poeta pode ver!
Mas nunca... jamais vai entender.
JOSE ANTONIO BASTO
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