Será que a abolição
da escravatura de 13 de maio de 1888, resolveu os problemas de milhares de
escravos no Brasil? Os movimentos abolicionistas pregavam a liberdade por
completa e não apenas pela metade como aconteceu. Nomes como os de Joaquim
Nabuco, José de Patrocínio e o poeta Castro Alves foram vultos da história que
merecem ser lembrados pela grande contribuição a respeito da liberdade dos
negros e negras deste país, além de muitos outros líderes que se doaram à causa
da luta contra o mais horrível e hediondo dos sistemas que perseguiu a
humanidade, principalmente o povo negro africano.
Os problemas sociais no Brasil, em
especial o da escravidão negra, foram mazelas e feridas que ainda hoje não cicatrizaram
e continuam na alma e na lembrança dos afro-brasileiros. Os mais de trezentos
anos de cativeiro negro e indígena que perdurou em nosso país – dizimando o
continente africano, foi sem dúvida uma das maiores vergonhas machas desta pátria.
Uma coisa não é lembrada: os escravos nunca aceitaram a escravidão, fugiam e
formavam quilombos, resistiam aos ofícios não fazendo os trabalhos ordenados
pelo patrão, quebravam instrumentos de trabalho, as mães num momento
desesperador até abordavam seus filhos para não vê-los futuros servos dos
senhores brancos, em fim... A luta dos negros foi acirrada: Zumbi foi
assassinado, Negro Cosme enforcado em praça pública para assim mostrar o poderio
do estado repressor. Mais de 18 milhões de africanos foram deportados da África
para o Brasil, a Lei Eusébio de Queirós proibira o tráfico de escravos da
África para o Brasil, mas isso também não valeu a pena, porque o tráfico de
negros continuou na clandestinidade por um bom tempo.
O
período literário do “Romântico” no Brasil principalmente a terceira fase,
(condoreira), foi um dos alicerces para que grupos de intelectuais
influenciados principalmente na Revolução Francesa formassem grêmios com o
intuito de discutir uma política de apoio aos escravos. Esses grupos deram
origem às chamadas “Sociedades Abolicionistas” – essas organizações tinham o
objetivo de alforriar escravos, esconder negros fujões das fazendas até que
conseguissem achar um quilombo. Uma campanha foi idealizada, mas quando deu
certo não foi cumprida porque muitos negros após o 13 de maio de 1888,
continuaram sendo escravos do preconceito e da discriminação racial até os dias
de hoje. A abolição de 13 de Maio foi inacabada porque a D. Isabel apenas
assinara com um traço de pena a Lei Áurea, uma vez que ela nunca realmente
lutou por uma bandeira abolicionista. Assinara por pura pressão social. A
abolição foi inacabada porque os afro-brasileiros ainda apresentam os maiores
índices de analfabetismo, as favelas, guetos e cortiços em suas grandes maiorias
são habitados (as) por negros; morre mais jovens negros no Brasil do que jovens
brancos; há quem diga é porque são pobres, sim a escravidão negra sempre
mostrou essa face criminosa do desamparo, da angústia, desrespeito e pobreza,
são pobres e são negros. Uma sociedade com problemas de escravidão não tem como
avançar no que diz respeito à economia e o progresso. A História do Brasil é
uma história feia, são páginas de opressão e sofrimentos, um sujeito só faz um
serviço com gosto se realmente for remunerado, claro que o progresso se estende
através do trabalho assalariado. A escravidão negra ainda nos reflete um quadro
obscuro e sem escrúpulos, as lutas sociais, a rebeldia dos jovens e os sonhos
de um dia ter uma vida melhor, foram as bandeiras que hasteadas para o sol
nascente alcançaram a vitória de uma luta que durou mais de três séculos. Essa
luta que esteve na imprensa e nas linhas dos poemas calorosos de Castro Alves,
anuncia agora com muito otimismo a “A
abolição Social” dos negros e negras dos nossos dias atuais. Queremos ouvir
o som do berimbau, do atabaque e do agogô... Queremos cantar e brincar em
homenagem às flâmulas que conseguiram a abolição mesmo pendente. Abaixo os 131
anos da falsa abolição nesse 13 de maio de 2019, essa luta é de todos nós, o
Brasil precisa erradicar urgentemente a escravidão social das páginas de nossa
história.
“Minha
alma ainda treme de frio e indignação quando se lembra da chibata que assolou o
couro dos meus irmãos cativos.”
(anônimo)
José Antonio Basto
Urbano Santos/MA –
13/05/2019.
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