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Reunião da CPT e entidades envolvidas no projeto - São Luís, 29/01/2019. |
Quando se fala no processo de colonização de terras no Brasil, imaginamos logo de imediato na memória os antecedentes criminais de quando e como a questão das terras brasileiras foram colonizadas e exploradas, primeiramente pela "Coroa Portuguesa", em seguida pelo Império e, mais tarde pelo sistema político adotado pelo "Coronelismo" no início da República Velha. Sendo os portugueses e seus descendentes - os herdeiros da estrutura agrária deixada no interior das entranhas de um "Brasil de Mãe Preta e Pai João" . Ficara para trás, sem piedade, um legado de violência contra os índios, agricultores, sertanejos, assentados, quebradeiras de coco, pescadores, e tantos outros grupos de negros aquilombados que sofreram mais de 300 anos de cativeiro em situações desumanas. Essa herança de dor, desrespeito, desacato e expropriação das terras se refletem com clareza no espaço que compõe hoje o maior e mais rico bioma que é o "Cerrado Nacional", se estendendo por vários estados e regiões diferentes. Ocupando aí, um grande território riquíssimo em biodiversidade de fauna, flora, minério e sobretudo água. As grandes bacias hidrográficas dos principais rios do país estão no "CERRADO". Sendo assim, botando em disputa no leilão econômico do mundo a cobiçada "Caixa D'água" que abastece a nação e alguns países da América Latina. O Cerrado há algumas décadas atrás tem sido ocupado e colonizado de forma veloz e avassaladora pelo grande capital nacional e estrangeiro, por via das "políticas de commodities" flexibilizando a balança e bolsas de valores de países ricos da Ásia, Europa, África e América. Representado e financiado pelo agronegócio da soja, eucalipto, criação de gado, construção de barragens e mineração. Botando então em jogo a vida dos povos e comunidades tradicionais que sobrevivem diretamente dos recursos naturais tirados da terra, das florestas e das águas desde séculos remotos. São muitos os casos de conflitos fundiários que vem se perpetuando ao longo do tempo e, ainda mais agora onde os sistemas políticos e administrativos, principalmente a esfera federal têm apresentado uma "filosofia prática" de criminalização dos movimentos sociais, com favorecimento ao latifúndio e as grandes empresas que vêem a terra como um simples instrumento de capital e poder. O Maranhão se enquadra nesse jogo como o viés principal de produção, exportação e escoamento de produtos através de seu posicionamento geográfico privilegiado de PORTOS como o "Itaqui". Com a mudança sistemática de governo, o movimento camponês tem sofrido com contínuas ameaças sistemáticas de reformas e MPs que visam destruir conquistas memoráveis desse seguimento tão importante que foi escrito com muita luta e derramamento de sangue dos heróis companheiros e companheiras que nos dão forças pelo que fizeram em vida. Com esse espírito fraterno, modesto e solidário a "Comissão Pastoral da Terra" - (CPT) - num evento realizado em São Luís, dias 29 e 30 de janeiro de 2019, lança com participação de várias entidades e seguimentos sociais a primeira edição da "Revista Cerrados" e o documentário "Cerrados: Rostos, vidas e identidades". Com o intuito desse veículo servir como instrumento de luta contra as adversidades apresentadas nesse momento um tão pouco complicado da histórica do país.
José Antonio Basto
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