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Bacuri de São Raimundo |
A temporada começa agora nesses meses de janeiro a março –
as comunidades se alegram com mais uma renda para as famílias camponesas. Os
frutos despencam dos galhos e se esparram sobre o chão limpo da chapada. Os
extrativistas saem cedo com seus cofos para a colheita do fruto especial da
Região do Baixo Parnaíba maranhense. Rica em vitaminas, o bacuri é nativo da floresta
tropical amazônica, pouco maior que uma laranja, com pele mais
espessa de uma cor amarelo-limão pertence à família (Guttiferae), oferece
muitos benefícios para a saúde, usado também em cremes, geleias, doces, bolos,
purê e licores.
O bacurizeiro, conhecido cientificamente como (Platonia
insignis) pode atingir mais de 40 metros de altura, com tronco de até 2 metros
de diâmetro nas árvores mais desenvolvidas. Sua madeira considerada nobre
também tem variadas aplicações, mas é proibida a derrubada de sua árvore. É
encontrada naturalmente desde o Piauí seguindo a costa do Pará até o Maranhão.
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Audiência Pública em São Raimundo - 2015 |
A polpa possui alguns nutrientes em quantidades notáveis de fósforo, potássio, ferro, cálcio e vitamina C; a casca também é aproveitada na culinária regional e o óleo extraído de
suas sementes é usado como anti-inflamatório e cicatrizante na medicina popular
e na indústria de cosméticos. Comunidades tradicionais de Urbano Santos como
São Raimundo, Boa União, Bom Princípio e Bracinho, além de outros povoados
praticam o extrativismo do bacuri – aumentando a renda, além de uma alimentação
saudável. Um dos problemas nesse período de safra é a derrubada do fruto ainda
verde. As comunidades devem tomar conhecimentos dos problemas caudados no meio
ambiente que a derrubada do bacuri verde traz. Quando se derruba o fruto verde
antes de madurecer maltratando seus galhos a árvore não consegue brotar no ano
seguinte, daí as famílias poderão perder no futuro parte de sua renda causando
assim a escassez ou talvez o desaparecimento da espécie.
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Saboreando bacuri - Diretoria - STTR |
A massa do bacuri é muito cobiçada nessa temporada de
colheita, chegando a 20 reais o kg. Por isso a grande procura pelo fruto.
Surgia uma ideia em 2015 com ênfase na elaboração coletiva de um documento
oficial que rege principalmente sobre a “proibição da derrubada” do fruto do bacuri
verde nessa temporada da safra. Com o texto preparado sob orientações da SMDH –
Sociedade Maranhense dos Direitos Humanos e apoio do Sindicato dos
Trabalhadores Rurais Agricultores (as) Familiares de Urbano Santos, resolve-se
alargar os capítulos dando assim um entendimento mais amplo da proteção de uma
toda biodiversidade. Com base em leis estaduais, federais e na própria
Constituição de 1988, o documento subdivide-se nos seguintes subtítulos: “DA PRESERVAÇÃO DO BACURI, DO PEQUI E
OUTROS RECURSOS AMBIENTAIS (MINERAIS, VEGETAIS E ANIMAIS; DAS CONDUTAS
PROIBIDAS E PENALIDADES; DA FISCALIZAÇÃO E DISPOSIÇÕES GERAIS”. Com o
sucesso dessa primeira experiência, outras comunidades estão solicitando
audiências públicas para tratar desse assunto como a próxima que será realizada
dia 31 de janeiro de 2018 no Povoado Juçaral. Abrangendo os Territórios dos
Povoados Juçaral, Bebedouro, Laranjeira, Santa Rosa Bacabal, Surrão, Marçal dos
Onças, Pedra Grande, Cajazeiras, Todos os Santos e outras comunidades
interessadas da região.
José Antonio Basto
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