Rio Mocambo cheio - U. Santos - (Imagem: José Antonio Basto) |
As águas
corriam da nascente que fica para as bandas dos campos arenosos, a água nasce
do chão, do subsolo – dos brejais e buritizais, as águas do Mocambo descem de
longe. As águas negra do rio relembra o passado de glória em que “heróis
desejaram a liberdade”, lutaram em seus esconderijos nas batalhas sem registros
e mais! Eram BALAIOS que sob pressão do chamado recrutamento forçado, da
expressão (o pega), já desejam explodir com suas ideias e ações e fizeram isso
-, numa peleja de quase quatro anos de guerras pelas matas e vilarejos. O
Viajante entendera que a insurreição passara por sua terra natal “Urbano
Santos” – quando o vaqueiro Raimundo Gomes arrebentara as portas da cadeia de
Vila da Manga no Iguará e lançava seu manifesto começando então organizar seu
exército popular que passaram por este lugar, com o intuito de armar um grupo
de rebeldes em Chapadinha e atacar a Vila de Miritiba - hoje Humberto de
Campos. Os fatos se construíram e se constroem a cada tempo - a HISTORIOGRAFIA
faz o restante do trabalho nas linhas das memórias ancestrais e naquilo que
restou de um tempo diferente repleto de lutas sangrentas, de rebeldia e da
sustentação de um sonho de liberdade.
Muralhas de Santa Maria - U. Santos - (Imagem: José Antonio Basto) |
O Sertão
foi o espaço de luta, a terra tem um significado exemplar – presenciara muitas
batalhas e demandas. A região é antiga e, sobretudo diferente. Mas toda guerra
tem um fim, parava ali os combates depois que os líderes da insurreição
sucumbiram, alguns se entregaram, outros preferiram morrer lutando. Os escravos
sublevados pelo imperador das liberdades bem-te-vi, D. Cosme voltaram para suas
fazendas... Outros procuraram quilombos distantes como o “Saco das Almas” e o
“Lagoa Amarela”. Todos localizados no território deste imenso Baixo Parnaíba.
Mas o medo imperava entre os sertanejos e suas famílias. Com o fim das
batalhas, os legalistas ainda continuavam rondando o sertão para controlar a
situação, alguns insurretos direcionaram-se ás terras de Urbano Santos,
procurando refúgio seguro... Entrincheiraram-se e montaram seus barracos junto às
margens do rio. Crescia as demandas de organização social, do comércio e
subsistência, primeiro chamou-se “Mocambinho”, depois “Mocambo”, Ponte Nova e
por fim Urbano Santos em 10 de junho de 1929. Naquela época o rio não tinha
nome, daí recebera esse por ter amocambado nossos irmãos “Balaios”, mocambo é
uma palavra de origem africana e significa “esconderijo” – “refúgio”. Ás “águas
negras cheias de encantos”, correm banhando as comunidades que presenciaram
combates; as águas que irrigam plantações frutíferas que chegam ás nossas mesas,
águas que dão de beber a roças... As mesmas águas que também mata a sede de
muitos da cidade. Este é o rio que inspirou o autor do hino municipal, nos trechos e linhas inscritas por José
Antonio de Magalhães Monteiro: “Rio Mocambo de lutas gloriosas/ Em que heróis
desejaram a liberdade [...] /Tuas façanhas são vividas
no ideal da mocidade”.” Em tempos de outrora foi um grande rio por onde navegavam muitas embarcações transportando gêneros de nossa agricultura: (farinha, arroz, milho, tapioca, rapadura, tiquira e cachaça de cana), saindo da sede da cidade, caindo no Rio Preto ou “Rio dos Pretos”, caindo no Munim, seguindo para Cachoeira Grande e chegando à capital São Luís.
no ideal da mocidade”.” Em tempos de outrora foi um grande rio por onde navegavam muitas embarcações transportando gêneros de nossa agricultura: (farinha, arroz, milho, tapioca, rapadura, tiquira e cachaça de cana), saindo da sede da cidade, caindo no Rio Preto ou “Rio dos Pretos”, caindo no Munim, seguindo para Cachoeira Grande e chegando à capital São Luís.
O Viajante banhava nas águas do Mocambo, observara os
capítulos da história narrada oralmente pelos mais velhos. Aprendera com
humildade. As memórias da guerra ainda estão vivas, resta muitas coisas boas,
utensílios, barragens, cemitérios antigos, paredões, canhões... Resta o livro do
pensamento que vai sendo construído ao longo dos tempos. O Viajante viajava na
história deixando suas trilhas e pegadas na areia deste chão de lutas e nas
águas que descem para algum lugar importante deste “Território livre”.
José Antonio Basto
E-mail: bastosandero65@gmail.com
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