A nascente do “Roncador”
morria ali, desabava e desaparecia longe dali; os buritizais foram dilacerados
pelo fogo que atearam certa vez – ninguém sabe quem foi, mas o crime foi cruel.
Seria algum dia ele o pai da alimentação da comunidade, porque além do peixe, a
água banhava as plantações. A “Gleba Roncador” fica pro lado leste, numa faixa
de fronteira e de conflitos fundiários. Antes, aquela terra pertencera às
famílias camponesas residentes ali – os moradores vivem da agricultura familiar,
da caça e da pesca, mas alguém veio de fora para comprar, (grilar), o “forasteiro”
tenta expulsar os lavradores da terra. Eles praticam agricultura familiar de
forma sustentável, plantam mandioca, feijão, arroz, zezilin, fava e outras
culturas básicas, suas terras foram invadidas e eles até agora procuram saída,
(justiça), porque acham que a soja vem logo mais. E vem mesmo!
Os agentes do movimento social já começaram um
trabalho de organização da Associação, o ITERMA já sabe do problema enfrentado
pelas famílias dos agricultores – espera-se a “regularização fundiária”, mas há
noticias de que essa terra já foi vendida há muito tempo atrás – negócios que
se voltam e que se vão! Se arrependem! Os moradores do Roncador antigamente
viviam felizes – em comunhão e respeito com a natureza, não enfrentavam
problemas de disputas de terras. Uma liderança contara sobre as questões que
assolam sua gente, pois a terra devoluta do estado pertence a eles –“a terra é comum”,
sempre pertenceu aos posseiros que lá residem e praticam suas culturas básicas,
eles se organizam na Associação e unem forças na luta coletiva. Alguém veio de
fora, como muitos aventureiros que saem de lugares distantes e chegam no
Território para “grilar terras rurais”, ato esse que virou comum. O “forasteiro”
pretende adquirir o título (papel), para assim se fortalecer; agora o título de
domínio está em jogo. Grilagem de terras é um crime antigo que vem se perpetuando
até os dias de hoje, ele é praticado contra os mais pobres desde séculos
remotos, continua no meio rural e os órgãos competentes nada, ou quase nada tem
feito para resolução do problema.
José Antonio Basto
E-mail: bastosandero65@gmail.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário