José Antonio Basto - (Chapada do Pequi-U. S) |
Ela tinha
vontade de comer pequi com galinha caipira; mas onde acharia pequi nesse tempo.
É tempo de pequi? De fevereiro a maio eles desabam no chão. A Vanessa diria que
para as bandas da chapada da Comunidade Pequi, haveríamos de achar os
frutos populares do cerrado, naquela imensa chapada ainda pouca visitada. Sairíamos cedo com o tempo bastante neblinado, um sereno leve e as estradas cheias
de lagoas, pois a chuva da noite anterior tinha sido forte e com certeza haveríamos
de encontrar os pequis, todavia encontramos os bacuris.
O destino pelas
chapadas a procura dos pequis se transformara num encontro casual com os bacuris
– aquela chapada ainda não explorada como poucas pelo Baixo Parnaíba. Com particularidades,
comumente se ver pequi com bacuris entrelaçados – já por ali ao em vez de encontrá-los,
deparamo-nos com os bacurizeiros. Encontrava-se também extrativistas circulando
nas veredas com suas bicicletas a procura dos bacuris - a massa (polpa) já chegara a vinte reais no
mercado, eles acharam muitos bacuris, pois os jacás estavam cheios dos frutos
amarelos. A chapada do Pequi entre as extremidades das comunidades Riacho Seco
e São José sempre foi rica em tudo, território de posseiros que inda não foi
vendido para o agronegócio – gaúchos já estão de olho na área. Muito pasto,
madeira, capim silvestre e caça... É uma
das poucas da região que concentra grandes áreas de bacurizais e outros
importantes frutos do cerrado. Encontrava-se bacuri aqui e acolá e nada dos
pequis, por que não encontra-los, estavam em extinção? A questão é que cada
chapada tem suas particularidades. A princípio se pensava que não se achava
tanto... talvez um número suficiente para comer com farinha ou fazer um suco
após o almoço. A cada momento aparecia os bacuris espalhados sobre o chão da
chapada, muita mutuca e maruim. A chuva aumentava a cada momento. Caia mais
bacuris e nada de encontrar os pequis, teríamos que achá-los de qualquer jeito,
mas o destino nos reservava algo diferente: os bacurizeiros que apareciam a
cada momento pela frente nos dava a graça de encher os cestos.
Deixávamos a
chapada por causa da chuva tensa já por volta do início da tarde, o tiracolo com os bacuris sobre a garupa da
motocicleta balançava, uma hora caiu num areal, - baixa de área. A chapada
ficava lá, num clima de paz e de saudades. Meus avós a herdaram muito antes de
eu ter nascido; ficaram para meus pais. Hoje
ela produz seus frutos, os frutos da natureza que é do bem coletivo das comunidades
tradicionais. A trajetória do procura dos pequis se transformara num casual encontro
com os bacuris. É fácil beber o suco do bacuri já pronto geladinho como se bebe
nas lanchonetes– difícil é colhê-los nas chapadas.
José Antonio Basto
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