segunda-feira, 27 de junho de 2016

O vento leste que leva a soja em Anapurus, Baixo Parnaíba maranhense

Campo de soja em Anapurus (aqui era uma chapada) - imagem: J. A. Basto
Ali vivia uma chapada, ali moravam animais e corria uma cabeceira de rio, aquele campo de soja no leste maranhense seria uma prova concreta do projeto devastador e selvagem do agronegócio na região do Baixo Parnaíba. A soja implantada nos municípios de Anapurus e Brejo tem suas demarcações e fronteiras, os gaúchos vieram de longe, do sul do país arrasando terras alheias pertencentes aos povos tradicionais. Dirigíame-me á Audiência Pública no Seminário Santo Antônio em Brejo, as comunidades tradicionais foram articuladas pela Diocese, elas falariam sobre velhos problemas fundiários e socioambientais aos representantes das secretarias de estado. A vista dava da janela do carro, carretas enfileiradas carregadas de soja produzida em nosso chão, o cerrado perdeu sua força, ali estar um território secular que hoje clama por justiça. Os tremembés passaram por ali, os balaios e mais tarde os retirantes vindos de lugares distantes. Os camponeses criaram vínculos com o meio em que viviam, colhiam frutos, tiravam madeira... reproduziam-se na permanência das áreas agricultáveis. A soja plantada nos municípios de Anapurus e Brejo é exportada atendendo demandas de consumo de outros países, ela se desenvolve através de produtos químicos. Enfraquecida, a terra se tornou uma colônia que enriquece metrópoles e interesses pessoais dos sojicultores. As famílias de camponeses que moram nos arredores dos campos sofrem com doenças causadas pelo agrotóxico, eles perderam suas áreas de caça, pesca e extrativismo. A monocultura da soja vem agravando os modos de vida simples desses lavradores. Um cientista e pesquisador certa vez disse que “o agronegócio da soja vem acabando com o cerrado, sem saber o valor de sua biodiversidade, infelizmente este foi um dos grandes crimes dos últimos vinte anos praticado contra o sertão”. A soja na região do Baixo Parnaíba maranhense visa somente o ganho imediato do capital econômico daqueles gaúchos, sem qualquer análise da importância dessas áreas de chapadas e florestas que estão sendo perdidas e desaparecendo do mapa territorial.

José Antonio Basto
e-mail: bastosandero65@gmail.com




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