segunda-feira, 16 de maio de 2016

QUILOMBO DE SANTA MARIA: Encontros e desencontros da história

enxugando a puba (fabricação de farinha)
côco babaçú
jaqueira
torrando a farinha
casca de puba (processo da farinhada)
Uma história fabulosa que remonta os meados do século XIX, período pós-Balaiada, ciclo das fazendas e da produção de açúcar, rapadura e cachaça no leste maranhense. A COMUNIDADE QUILOMBOLA DE SANTA MARIA, localizada no município de Urbano Santos, região do Baixo Parnaíba há poucos quilômetros da sede, vive suas memórias refletidas nas muralhas de pedra da antiga senzala do Sr. Fazendeiro João Paulo de Miranda. É presente a herança tradicional na comunidade, desde a produção de farinha, plantios de jaca e manga do outro lado do Rio Boa Hora, além de vários outros trabalhos na roça, nas águas e nas florestas. SANTA MARIA guarda belezas naturais e memórias que fazem parte de nossa cultura, mas que precisam ser preservadas. Outrora existiam ricas chapadas com muita fartura de bacuri, mangaba e pequi, mas aquele cerrado que abastecia seus moradores com frutos e caças foi invadido pelo agronegócio.
mulher lavando roupas (rio Boa Hora)
 O Rio Boa Hora que nasce para as regiões do “recanto da seriema” entre os povoados Bom Sossego e Cajazeiras, desce pelas comunidades Pedra Grande, Surrão, Raiz... cortando o quilombo. Sua situação fundiária merece ser tratada como um ponto vital e paciência, seus moradores necessitam do título da terra para viver em paz. Alguns conflitos tem se arrastado na luta por essa terra, os lavradores requerem toda área, somando um total de mais de 2.342 hectares de terra. A ouvidoria agrária do INCRA fez uma visita no mês passado para crivar alguns fatos que envolvia as famílias dos camponeses, pois o processo que tramita já tem anos de ferrenhas batalhas. Os quilombolas de SANTA MARIA praticam agricultura familiar, sobrevivem da caça e do extrativismo em especial a fabricação de farinha de puba e outros derivados da mandioca, também criam animais para ajudar na alimentação diária.
muralhas de pedra (antiga senzala)






No local onde era instalada a antiga fazenda restou os vestígios das muralhas de pedras feitas por escravos, o muro servia de fortaleza para proteção da casa grande e senzala. O Rio Boa Hora foi modificado por uma outra muralha de pedra para a construção de um engenho movido a água. SANTA MARIA, assim como muitas outras comunidades tradicionais do Município de Urbano Santos tem muita história perdida ainda não registrada, merecendo resgate, ajudando na valorização de nossa rica cultura rural do Baixo Parnaíba Maranhense.

José Antonio Basto
e-mail: bastosandero65@gmail.com





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