campo de eucalipto (Baixo Parnaíba) |
Ela veio de São Paulo para ficar.
A família Suzano reestabeleceu seus laços com as terras que nunca lhe
pertencera, longe dali, do sudeste do país, ela mantém seus campos verdes no
Nordeste brasileiro, região leste do maranhão, território de inúmeros conflitos
fundiários na disputa por terra. Por que essas terras são tão cobiçadas? Porque são vendidas a preço de banana. Nossas comunidades vivem momentos
de tensão em defesa do seu território, fazem suas roças nos beirais do eucalipto,
pois as matas estão poucas, mais tarde onde realizarão suas lavouras? Da década de
80 pra cá o eucalipto chega a ser um grande problema para as comunidades
tradicionais, contribui para aumento dos conflitos fundiários e destrói o meio
ambiente (fauna e flora), sugando nossas águas e botando em perigo de extinção
os poucos animais que restam nas chapadas. Quando a Suzano chega sob o nome de “Comercial
e Agrícola Paineiras LTDA” em Urbano Santos, trouxe consigo o senso de
enganação. A comunidade Santo Amaro foi a primeira vítima, diziam que a
monocultura do eucalipto traria desenvolvimento e progresso para a comunidade e
que não seria maléfica, ainda afirmavam com suas mentiras que não alargaria
seus projetos no município.
Os experimentos deu certo e o conflito com a CEB
local começava também. Orientados, os trabalhadores rurais defendiam suas áreas
agrícolas, de coletas de frutos, buritizais e o Rio Mocambo donde tiravam o
sustento da família. Na época a “Paineiras” adquiriu terras plantadas de
eucalipto da Margusa, quando esta passava por uma crise financeira. Com essas
reviravoltas em 2003 a Margusa retornou seus ofícios, ao mesmo tempo em que foi
comprada pela GERDAU, em seguida, por questões administrativas e pelo fato do
EIA-RIMA não ter sido concluído com sucesso o grande plano da Margusa plantar
100 mil hectares de eucalipto em todo estado, a GERDAU em 2007 botava um ponto final
na parceria. A partir de 2008, com a diminuição das articulações do movimento
social no Baixo Parnaíba, a Suzano aproveita para expandir com força total o
projeto capitalista do agronegócio, em terras que a antiga Paineiras já tinha
se apropriado anteriormente.
Mas essas terras não eram suficientes para plantar
e atender uma grande demanda, portanto precisava-se de mais áreas de chapadas
para o cultivo do eucalipto, daí os confrontos de camponeses com a empresa do
empreendimento, exemplifica-se portanto com ênfase o casos das questões da
Comunidade Bracinho (Anapurus), São Raimundo (Urbano Santos) e Coceira (Santa
Quitéria), essas comunidades defendem seus territórios e passaram até hoje
incomodar a empresa e latifundiários. Em 2005, explode um grande número de novos
conflitos que se expandiram e alguns continuam até os dias de hoje. Casos que se
encontram na justiça e nos órgãos fundiários ainda esperam resultados. A Região
das chapadas do Baixo Parnaíba se transformou no que eles chamam de “floresta
plantada” – mas floresta não se planta. Uma chapada nasce naturalmente.
“Monstros verdes” – seria esse o nome mais adequado para explicar os campos de
eucalipto da Suzano -, ou como já dizia anteriormente: uma “Floresta morta que mata
tudo”.
seminário contra o eucalipto (Pov. S. Raimundo) |
chapada da bicuíba (Baixo Parnaíba) |
José Antonio Basto
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