Dona Maria de Paula com seus bacuris - Pov. São Raimundo |
Esse fruto
importante das chapadas do Baixo Parnaíba Maranhense – riqueza incontestável de
comunidades tradicionais como o São Raimundo - há mais de 50 quilômetros de
Urbano Santos. A colheita do bacuri que vai de janeiro a abril, muito ajuda na
economia familiar dos moradores desses povoados, são práticas e manejos que se
perpetuam de pais para filhos. A polpa do bacuri que é tirada através de
tesouras pelas mãos das mulheres e homens num circulo coletivo, esse ano a
matéria prima atingiu um preço significativo talvez pela falta dos bacurizeiros
no cerrado: problema esse causado por motivo da derrubada do fruto verde e em
alguns casos o corte ilegal da madeira para cerrarias. O Povoado São Raimundo é
uma das comunidades modelo quando se fala de preservação ambiental das chapadas
e do território, pois seus moradores trabalhadores e trabalhadoras rurais sabem
da grande importância para a vida que essas chapadas lhes oferecem. O bacuri
possuir alguns nutrientes em quantidades notáveis de Fósforo, Potássio, Ferro, Cálcio e vitamina C... é
sobretudo consumido cru ou misturado com suco. Sua casca também é aproveitada
na culinária regional e o óleo extraído de suas sementes é usado como anti-inflamatório
e cicatrizante na medicina popular e na indústria de cosméticos. Encontrado em todo
território do Baixo Parnaíba - região que infelizmente sofre com a invasão do
agronegócio do eucalipto e soja. Muitas áreas de bacuris já foram devastadas para
o plantio de monocultivos em mais de 16 municípios - esse impacto social e
ecológico gerou muitos conflitos entre a Empresa Suzano e famílias camponeses
que defendem e lutam pela concretização de direitos humanos. Pois essas famílias
já viviam e reproduziam há séculos nesses espaços culturais. O São Raimundo
luta pela terra, luta pela sobrevivência em harmonia com a natureza. Quando
chega o período do inverno e da safra os frutos desabam no chão, as mulheres
sobe a chapada com seus côfos e jacás para a colheita. Aquela comunidade
trabalhadora tem consciência de colher o bacuri no tempo certo porque o bacuri
faz parte de suas vidas, sendo que a comunidade precisa diretamente da chapada
para sobreviver.
José Antonio BastoNovembro de 2015
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