O mundo
tem vários pedaços e vários cantos e recantos, pertos e longínquos... um desses
pedaços de encantos está localizado nos plenos confins do leste maranhense, na
Região do Baixo Parnaíba –, território antigo e tradicional há séculos que foi
habitado por quilombolas, vaqueiros, índios e caboclos valentes na composição
dos exércitos dos balaios; lá está a comunidade tradicional de São Raimundo, um
cartão verde na mensagem da vida, humilde, mas hospitaleiro e acolhedor. Suas
chapadas, lagoas e brejais são verdadeiras fontes de vida, nas chapadas
concentra-se os bacurizais e pequizeiros que neste período seus botões e flores
enfeitam e escorregam sobre o vento cheiroso do perfume que anuncia a fartura
do próximo ano. De janeiro a março é o período da safra do bacuri onde as
mulheres, homens e meninos cai o corpo no cerrado com cofos e jacás para a
festa da colheita. Sua gente se dedica a preocupar-se com a natureza, com a
educação popular, preservando as nascentes e brejos para que seus filhos
alcance a beleza do lugar. Infelizmente o fogo ainda destrói as raízes das
árvores e o agronegócio devasta e avança devagar nos arredores com a poluição
de agrotóxico que brota dos campos de eucalipto e soja. Mas mesmo assim o
sentimento de liberdade de seu povo, a força pujante na luta pela terra e por
direitos humanos acelera o motor da liberdade em frente. São Raimundo prega com
otimismo as mensagens e capítulos num momento de alerta, de secas, de problemas
fundiários e ambientais, capítulos que ajudam a construir uma história bonita
de ouvir, de se ler e, sobretudo viver.
José Antonio Basto
23/11/2015
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