segunda-feira, 13 de abril de 2015

Revisitando o livro “O eldorado dos gaúchos”, a cartilha “Sustentabilidade Socioambiental” e entendendo, sobretudo o Desenvolvimento Rural Sustentável e Solidário no Baixo Parnaíba.


A história do nosso país é marcada por um sistema de desenvolvimento conservador, principalmente quando se trata do campo – onde as classes mais baixas sempre foram exploradas pelo modelo capitalista e escravocrata durante séculos. O processo excludente concentrador da terra e da renda usufruem do poderio militar e de guarda para assim se apropriar dos territórios que resulta em grandes problemas ambientais e sociais para o país. Podemos lembrar que na década de 1990, o neoliberalismo provocou o surgimento de um parâmetro de reestruturação produtiva, ainda hoje em curso no campo e na cidade, que fez ampliar a exclusão e aprofundar as desigualdades sociais das famílias camponesas.
Aqui no Baixo Parnaiba Maranhense isso não é diferente. Relendo o livro “O eldorado dos gaúchos” de autoria do Professor Rafael Gaspar entendi que o programa de sistematização dos monocultivos da soja em nossa região traz um atraso enorme para as comunidades tradicionais, primeiro porque é uma monocultura desconhecida do lugar e os produtos tóxicos aplicados nos campos é super-destruidor, avassalando a biodiversidade e os ecossistemas. Os chamados gaúchos que adentraram no Baixo Parnaíba não respeitam as populações campesinas que moram nos povoados, matam seus bichos sem motivos que desde séculos são acostumados a pastar nas beiras das lagoas, brejos e chapadas, além disso, a ameaça de trabalhadores rurais é constante –, esse pessoal sem compromisso com nossa região vieram do sul do país para grilar as terras devolutas do estado, maltratar aqueles e aquelas que são na verdade os verdadeiros donos da terra por direito ancestral, pois precisam diretamente dela para sobreviver. Como pode tamanho desacato aos direitos humanos e da vida? Como os lavradores vão entender essa política de mudanças drásticas e bruscas que foi implantada em suas áreas de cultivos na agricultura familiar e onde os mesmos praticam desde tempos remotos seus manejos e práticas extrativistas dos bacuris, pequis e muitos outros frutos das chapadas? As cabeceiras de rios foram dilaceradas, toda fauna e flora pede socorro! Comparando o livro do Rafael com a cartilha “Sustentabilidade Socioambiental – publicação da CTB- Central dos Trabalhadores (as) do Brasil” – reflete-se que as questões a respeito das relações climáticas do Maranhão, do Brasil e do mundo estão englobadas em uma só página: o agronegócio com suas tecnologias de ponta nunca se preocupou e muito menos respeitou os povos tradicionais – quilombolas, gerais e indígenas, vem destruindo o meio ambiente com a ganância de seus lucros estrangeiros. Já a agricultura familiar representa o projeto do Movimento Sindical dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais (MSTTR) - que realiza-se no Desenvolvimento Rural Sustentável e Solidário, responsável pela soberania dos povos do campo garantindo então renda e segurança alimentar. A agricultura familiar mesmo ocupando apenas 21% das terras agricultáveis e acessando menos de 40% do volume de crédito rural disponível, responde por 39% do Produto Interno Bruto - PIB, por mais de 80% - dos postos de trabalho existentes no campo e por 51% da produção de alimentos de todos nós brasileiros.
Nossa Região do Leste Maranhense onde se encontra um significativo número de comunidades tradicionais: quilombos, brejeiros e ribeirinhos é um território livre – os camponeses precisam da terra mais uma vez e sempre dizendo; vivem da floresta, das chapadas, das águas e de suas roças de subsistências. O agronegócio da soja e eucalipto que foi implantado nessas áreas nada tem a nos oferecer, o legado é a imensa destruição dos recursos naturais principalmente (terra, fauna, flora e água). Que a resistência do movimento social no Baixo Parnaíba possa ser um escudo para as comunidades realizar um sonho antigo, sendo este talvez o lema do 9º Fórum Social Mundial acontecido em Belém-PA, em 2009, onde participei que diz assim nas palavras de conforto: “UM OUTRO MUNDO É POSSÍVEL”.
                                        
José Antonio Basto
Militante em defesa dos Direitos Humanos
(98) 98890-4162

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