J. A. Basto - autor do texto |
Num período da História do Brasil, em
especial falando dos capítulos em que o Maranhão faz parte onde as forças
legalistas do governo imperial tentava sufocar aqueles desprovidos de direitos
que lutavam por um pedaço de terra e justiça social, (os insurretos da Guerra da Balaiada, 1838-1842 -, sendo seus
líderes máximos: Raimundo Gomes, Francisco dos Anjos e o Negro Cosme.
Vaqueiros, lavradores e artesãos, foram obrigados a pegar em armas para
defender suas honras e anunciar um novo caminho rumo a liberdade.
Foi daí então que por volta de 1843, após a
execução do último líder do movimento guerrilheiro, o Negro Cosme, que liderou inúmeros quilombolas na Região do Baixo Parnaíba, pois alguns
revoltosos escapando da perseguição dos soldados vieram para as bandas de cá,
montando suas trincheiras em barrocas nas margens do Rio Mocambo. Os primeiros
acampamentos foram onde hoje está localizada a comunidade tradicional de Mocambinho, há alguns quilômetros da
sede de Urbano Santos. Com o passar dos anos ainda em meados do século XIX,
nasceu o vilarejo de “Mocambo” e em
seguida Ponte Nova que depois foi emancipada em 10 de Junho de 1929 com o nome de Urbano Santos tendo como primeiro
prefeito o Dr. Francisco das Chagas
Araújo filho do Coronel José Antonio, homem de grande influência por sua
patente doada pelo governo. Com toda essa trajetória pode-se perceber que a
história da fundação de Urbano Santos está interligada com a do Rio Mocambo. Ele nasce nos recantos de uma comunidade
chamada Mocambinho como já foi citada, uma vazante repleta de buritizeiros e
brejais, terreno arenoso e de difícil acesso. Recebeu esse nome devido ao
processo de amocambamento dos balaios -, esta nomenclatura provém da língua
africana “quimbundo” e significa “aldeamento
ou esconderijo secreto – o mesmo que “Quilombo”.
O Rio mocambo é um
afluente do Rio Munim, a partir de sua cabeceira ele desce cortando os
povoados: Estiva da Josefa, Bráz, Rumo, Vertente de Baixo, Siricora, Lázaro,
Salomão e continua pela sede da cidade pelo Bairro da Graça passando pelo
Bairro Fazenda, seguindo em frente correndo por outros povoados: Porto Velho I
e II, Escuta, Pequi, Olho D`água, São José e por fim desemboca no Rio Preto na
comunidade Sapucaia. Hoje em dia o mocambo vem sofrendo com a poluição causada
por grandes quantidades de lixo jogados pela população em seu leito. No inicio
da década de 20, o Mocambo servia para o tráfego fluvial de mercadorias
(farinha, milho, tapioca, rapadura, tiquira, cachaça de cana e outros gêneros
de nosso município), eram embarcadas através de lanchas e canoas, saindo da
sede, caindo no Rio Preto e seguindo para a Região do Munin para a
comercialização.
Rio Mocambo cheio no inverno |
criança banhando no rio |
Algumas atividades de cunho social já foram
feitas para amenizar o lixo no rio, como as ações sociais de limpezas
organizadas pela antiga ONG Entrerrios. O Rio Mocambo inspirou o autor do nosso
Hino Municipal, o Pe. José Antonio de Magalhães Monteiro, no trecho que diz “Rio Mocambo de lutas gloriosas/ Em que heróis
desejaram a liberdade”.” Já foi tema também de telas (pinturas) e poemas de
filhos da terra. O Rio Mocambo é responsável em grande parte pela economia de
nossa população. As novas gerações precisam conscientizar-se que o Rio Mocambo
é fundamental para a sobrevivência de nossa gente no abastecimento de água e
sobretudo nos antecedentes que ajudam a compor uma página importante da
história do Maranhão e do Brasil.
(José
Antonio Basto)
Urbano Santos-MA, 16/12/2014
- Poeta e pesquisador
Email: (98) 98890-4162
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