Plantações de eucaliptos em Urbano Santos-MA |
É muito fácil entender que as plantações de
eucaliptos no município de Urbano Santos e em todo Baixo Parnaíba Maranhense
encabeçada pela empresa multinacional “Suzano
Papel e Celulose” é uma política atrasada em comparação com a nossa
tradicional agricultura familiar praticada desde tempos bem remotos. A Suzano
representa em seus mares de eucaliptos o capitalismo selvagem que abusa das
comunidades tradicionais em nossa região; já agricultura familiar prega em seu
bojo o desenvolvimento rural sustentável, decerto não nos alimentamos de
eucaliptos, de fato, comemos arroz, feijão, melancia, abóbora, quiabo; bebemos
suco de bacuri e gostamos de pequi. O desenvolvimento sustentável na segurança
alimentar é o caminho para uma sociedade mais justa e consciente sempre na
proteção do meio ambiente e dos recursos naturais. O sistema neoliberal que
utiliza de sua força capital para oprimir os trabalhadores rurais, estes são liderados
pelos setores conservadores de latifundiários e grupos empresariais onde na
verdade nunca fizeram nada pelas comunidades que lutam há séculos por uma
Reforma Agrária de verdade.
O município de Urbano Santos é pólo da
Suzano desde a década de 80, a maioria das terras pertence a ela e são
utilizadas para a plantação desses monstros verdes onde até os passarinhos
recusam adentrar nessas áreas sem respiração. Muitos são os conflitos
registrados na zona rural de Urbano Santos envolvendo associações e a Suzano.
Lembro que a parir do ano de 2001 até 2008, as comunidades estavam no fogo da
luta contra o agronegócio; foram várias reuniões com o apoio das entidades em
defesa dos direitos humanos realizando encontros e seminários incluindo até
marchas e tomadas de estradas para chamar a atenção dos órgãos competentes e da
mídia com o intuito de mostrar a realidade do avanço do eucalipto e da soja não
apenas em Urbano Santos mas em muitos outros municípios da Região do Baixo Parnaíba. Essa luta em defesa da vida e das
questões ambientais tendo como precursor o movimento social do município de
Urbano Santos ganhou popularidade com poucos dias depois que a antiga Florestal
LTDA chegou e se instalou por aqui, como podemos citar por exemplo a “Ação popular das CEBs nas derrubadas dos
fornos da Empresa Maflora instalada no Povoado Juçaral no início dos anos 90”.
Em 1992, a Paróquia Nossa Senhora da Natividade de Urbano Santos com a
orientação da Diocese de Brejo em nome da CPT organizaram as CEBs (Comunidades Eclesiais de Bases) e outros
associações de moradores do município e lugares vizinhos para a realização do
histórico e importante “I Congresso de
Trabalhadores em Defesa do Baixo Parnaíba” com o lema “Terra, vida, trabalho e
Reforma Agrária”. Temas esses que nos faz refletir hoje em dia sobre o
calor e otimismo das lideranças daquela época em se preocupar com o progresso
das comunidades e combater os sistemas que assolam os camponeses, esse evento
ficou para a história. Hoje as comunidades e os movimentos sociais na Região do
Baixo Parnaíba talvez não tenha mais o mesmo pique daquelas atividades
realizadas na época, mas mesmo assim devemos alimentar a ideia de que os
trabalhadores são os verdadeiros donos da terra. A terra é para plantar
alimentos: mandioca, milho, maxixe... em fim... a terra é nossa mãe, sem ela
não conseguiremos viver; o eucalipto não é daqui, a Suzano não sabe e nem sente
as dores e muito menos nunca supriu as necessidades de nossa população, uma vez
que seu imenso patrimônio lucrativo fica apenas nas mãos de seus
funcionários e gerentes de negócios.
As terras de Urbano Santos é para fins de
Reforma Agrária de nossas comunidades que estão esperando por arrecadações e
titulações há décadas, quase cansadas, queremos a distribuição da terra! Essa
política atrasado da plantação de eucaliptos nunca fez nada pelo nosso povo,
pelo contrário causou conflitos, secou rios, riachos e mananciais, expulsou os
animais de seus habitats naturais, desacatou os direitos humanos cercando até
cemitérios. Isso basta! Sonhamos ainda com o reflorestamento de nossas
chapadas, com a produção de alimentos da agricultura familiar que assegura mais
de 65% do alimento que vai para nossas mesas, precisamos lutar em favor da
vida, precisamos sonhar com um mundo melhor para os menos favorecidos
representados por aqueles que sempre tiveram seus direitos negados: homens e mulheres trabalhadores e
trabalhadoras do campo, com todo esse romantismo concreto recordo
conscientemente do lema do “9º Fórum
Social Mundial” que aconteceu em Belém-PA, do qual estive presente,
servindo como luva para esta causa, o mesmo dizia: “UM OUTRO MUNDO É POSSÍVEL”.
José Antonio Basto
23/09/2014
- Militante dos Direitos Humanos
Email: bastosandero65@gmail.com
(98) 8890-4162
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