terça-feira, 13 de maio de 2014


A abolição inacabada
       
Eu com crianças quilombolas do quilombo de Bom Sucesso dos Pretos / Mata Roma-MA
causa na luta contra o mais horrível dos sistemas que perseguiu a humanidade.
Os problemas sociais no Brasil, em especial o da escravidão negra, foram mazelas e feridas que ainda hoje não cicatrizaram e continuam na alma e na lembrança dos afro-brasileiros. Os mais de trezentos anos de cativeiro negro e indígena que perdurou em nosso país – dizimando o continente africano, foi sem dúvida uma das maiores vergonhas desta pátria. Só que uma coisa não é lembrada em nosso meio: os escravos nunca aceitaram pacificamente a escravidão, fugiam e formavam quilombos, resistiam aos ofícios não fazendo os trabalhos ordenados pelo patrão, quebravam instrumentos de trabalho, as mães num momento desesperador até abordavam seus filhos para não vê-los futuros servos de brancos, em fim... a luta dos negros foi acirrada: Zumbi foi assassinado, Negro Cosme enforcado numa praça pública para assim mostrar o poder do estado imperial repressor. Mais de dezoito milhões de africanos foram deportados da África para o Brasil, a Lei Eusébio de Queirós proibiu o tráfico de escravos da África para o Brasil, mas isso também não valeu a pena, porque o tráfico de negros continuou na clandestinidade. O período romântico no Brasil principalmente a terceira fase foi um dos alicerces para que grupos de intelectuais influenciados principalmente na Revolução Francesa formassem grêmios a fim de discutir uma política de apoio aos escravos. Esses grupos deram origem às chamadas “Sociedades Abolicionistas” – essas organizações tinham o objetivo de alforriar escravos, esconder negros fujões das fazendas até que conseguissem achar um quilombo. Uma campanha foi idealizada mas quando deu certo não foi cumprida porque muitos negros após o 13 de maio de 1888, continuaram sendo escravos do preconceito e da discriminação racial até os dias de hoje. A abolição de 13 de Maio foi inacabada porque a D. Isabel apenas assinou com um traço de pena a Lei Áurea, uma vez que ela nunca realmente lutou por uma bandeira abolicionista, ela assinou foi por pressão. A abolição foi inacabada porque os afro-brasileiros ainda apresentam os maiores índices de analfabetismo, as favelas, guetos e cortiços em sua grande maioria são habitados por negros, morre mais jovens negros no Brasil do que jovens brancos; há quem diga é porque são pobres, sim a escravidão negra sempre mostrou essa face criminosa do desamparo, da angústia, desrespeito e pobreza, são pobres e são negros. Uma sociedade com problemas de escravidão não tem como avançar no que se diz respeito a economia e o progresso. A História do Brasil é uma história feia, são páginas de opressão e sofrimentos, um sujeito só faz um serviço com gosto se realmente for remunerado, claro que o progresso se estende através do trabalho assalariado. A escravidão negra ainda nos reflete um quadro obscuro e sem escrúpulos, as lutas sociais, a rebeldia dos jovens e os sonhos de um dia ter uma vida melhor, foram as bandeiras que hasteadas para o sol nascente alcançaram a vitória de uma luta que durou mais de três séculos. Essa luta que esteve na imprensa e nas linhas dos poemas calorosos de Castro Alves, anuncia agora com muito otimismo a “A abolição Social” dos negros e negras dos nossos dias atuais. Queremos ouvir o som do berimbau, do atabaque e do agogô... queremos cantar e brincar em homenagem às flâmulas que conseguiram a abolição mesmo pendente. Abaixo os 126 anos da falsa abolição nesse 13 de maio de 2014, essa luta é de todos nós, o Brasil precisa erradicar urgentemente a escravidão social das páginas de nossa história.  
   
“Minha alma ainda treme de frio e indignação quando se lembra da chibata que assolou o couro dos meus irmãos cativos.”
(J.A. B)
José Antonio Basto
Urbano Santos/MA, 13/05/2014
 - Dia da falsa abolição da escravatura no Brasil

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