Poucos sabem da terra em que moram,
alguns nem pouco, nem muito, demoram para entender. Pra que vender uma terra
que tanto deu trabalho para conseguir? Se é que ela teve dono algum dia. Todos
devem ou deveriam saber ao menos do seu real valor como mãe alimentadora de
todos os filhos. Eles lutariam juntos, ajudou-se quando necessário e da maneira
que se pôde ajudar, porque sabia-se da situação em que se encontrava o conflito.
A ganância pelo dinheiro mudara o destino do vilarejo, tivemos que voltar lá
para mais uma vez orientá-los a não vender suas terras, ou parte delas – pois
com o passar dos dias perderiam tudo, não apenas eles, mas as outras chapadas e
comunidades vizinhas. O capitalismo às vezes acaba mudando o pensamento e a
ideia do homem. Esquecem dos dias de labutas e batalhas; abusa de um sistema,
cerca suas vítimas sem que elas percebam. Pra que enriquecer? O homem simples
do campo tem tudo que precisa quando tirando da terra que tudo dá... água, peixe,
alimentos, frutos da mata e da lavoura. Precisam viver bem e a terra é sua
grande mãe. Algum tempo passaria naquela terra e por que não passar! Se a terra
donde moram há décadas, séculos fora sempre seu espaço de luta e vida. Ela
daria muito trabalho para conquistá-la judicialmente – um conflito fora travado
contra os que diziam serem donos. Os camponeses desistiram a ferro e fogo, com
unhas e dentes alcançaram a vitória, graças a resistência e a coletividade.
Portanto não há motivos para vendê-la.
José Antonio Basto
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