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José Antonio Basto - (moderador do blog) |
A
região do Território do Baixo Parnaíba maranhense remonta uma história baseada
na ocupação da terra, desde a saga dos índios Tremembés no período colonial que
habitaram Tutóia e Araioses à fuga dos retirantes de Pernambuco, Ceará e Piauí vindos
das áreas de seca no inicio do século XX. As comunidades tradicionais
desenvolveram técnicas culturais na caça, pesca, extrativismo e agricultura,
para isso, até hoje necessitam do cerrado para garantir seus sustentos. Uma dessas
comunidades é a SANTA FILOMENA, localizada numa área de transição entre os
municípios de Urbano Santos, Santa Quitéria e Barreirinhas. É cortada pelo “Rio
Barra”, afluente do Rio Preguiças – é no rio onde esses moradores pescam,
banham, lavam e tiram água para beber. SANTA FILOMENA é rica em terra roxo e
resistente, muitas chapadas, bacurizais e diversas outras espécies de frutos e
árvores em perigo de extinção; animais silvestres em abundância. A Associação
de Moradores também enfrenta antigas questões de conflitos fundiários com
relação a limites e demarcações. Um processo que tramita no INCRA desde 2007,
de mais de 6.000 hectares de terra – onde naquele período a Empresa Suzano
comprava 3.000 hectares da proprietária local; mesmo momento em que foi dado entrada
nos processos fundiários das comunidades Boa União, Pacova e Mangueira II.
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Farinhada: riqueza cultural da Comunidade Santa Filomena |
Com
o intuito de desapropriação da terra para fins de Reforma Agrária, as
associações ainda esperam repostas do INCRA. Dentro da área toda, chega em
torno de 150 famílias de trabalhadores rurais, só na Santa Filomena são mais de
30 famílias; elas criam aves e outros pequenos animais, mas sua maior renda é a
produção de farinha de mandioca e seus derivados. Santa Filomena, como a
maioria das comunidades é ameaçada pelo eucalipto, os campos estão próximos às
estremas e limites dos povoados de Santa Quitéria como Pau Serrado e Sucurujú,
estes impactados diretamente pelo agronegócio. Os camponeses precisam da concretização
do processo de desapropriação, garantindo a aquisição e posse da terra, preservação
do meio ambiente e demarcação da reserva ecológica para alimentação e
reprodução física e cultural.
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Mulheres lavando roupas no Rio Barra - (Com. S. Filomena) |
Precisa-se reconhecer a importância da história destas
comunidades, valorizando suas culturais e modos de vida. Muitas delas estão no
mapa de conflitos da Diocese, elas vivem ameaçadas por grileiros e grupos
empresariais, fruto do grave problema da expansão da monocultura, política essa
que não representa nenhum desenvolvimento para a agricultura familiar, deixando
apenas um legado de destruição, atraso e devastação da biodiversidade, ameaçando
a vida destas comunidades rurais.
José
Antonio Basto
e-mail: bastosandero65@gmail.com
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