Segundo a Bíblia Sagrada a terra foi
criada por Deus, mas ele não deixou nenhum atestado nomeando (A ou B) para ser
dono dela... a natureza surgiu junto com sua formula natural. Nasceram os
animais silvestres, as águas, os mares... em fim, tudo em 7 dias. Isso gerou
dúvidas em um certo monarca do Sião, em dizer que Moisés foi um tolo nas
afirmações do Gênesis que a terra foi preparada apenas em uma semana, o determinado
rei chamado Mongkut defendeu em sua filosofia que o
planeta passou milhares e milhares de anos para ser formado; duas versões
existem até hoje: a criação e a evolução, cansamos de estudar essas coisas
pelos bancos escolares mas continuamos em dúvida. Mas tudo bem, cada um com
suas crenças filosóficas. Podemos talvez acreditar que no início os humanos já
viviam sobre essa terra e tiravam dela o necessário para suas sobrevivências
como comida e água. Depois de algum tempo o homem sofreu seu processo de
modificação psicológica decidindo então que o espaço donde obtinha seu fundamental
alimento, seria de sua propriedade... resolvendo-se tomar posse da terra. Foi
daí que surgiu o atrasado grau de inconsciência, de intolerância... acreditando
que a terra (um pedaço de chão) a partir
de então teria um dono, o próprio homem que a explorou e se explorou.
Na região do Baixo Parnaíba, leste do
estado do Maranhão (um pedaço do mundo), área essa em quase toda sua estrutura
coberta de Chapadões e Brejais – que concentra uma grande quantidade de
nascentes e cabeceiras de rios, esse território livre foi invadido pelo
programa agroexportador do eucalipto e soja. Boa parte dessas terras foram
griladas favorecendo aos grupos empresariais representantes do capitalismo
exacerbado – apoios políticos somaram-se a essas questões na época. Com suas
forças capitais e econômicas destruíram o cerrado e quase toda biodiversidade,
tanto a fauna quanto a flora. O Baixo Parnaíba foi primeiramente habitado pelos
índios Tremembés, depois teve seu importante ciclo das fazendas de cana
–de-açúcar, em seguida recebeu os retirantes do Piauí, Ceará e Pernambuco –
ajudando a formar a cultura de nosso povo. Na década de 80 por exemplo, o território
de intocáveis chapadas foi vítima da plantação destruidora do eucalipto da
antiga empresa Florestal LTDA, gerando a partir de então um grande e infinito
conflito agrário e sócio ambiental. Os camponeses reivindicavam as soberanias
das posses das terras onde os mesmos exerciam suas atividades rurais e os
campos de onde colhiam o bacuri. Os trabalhadores (as) rurais, baseando-se nas
práticas da agricultura familiar como fonte de sobrevivência, tomaram
consciência de que a luta pela terra, mesmo que poderia ser uma batalha cerrada,
valeria a pena - após conseguir tão importante projeto seriam donos de seus
próprios destinos. Aquelas terras eram das associações, mas por falta de
interesse não foi possível realizar o que realmente queriam: uma reforma
agrária massiva com gente e desenvolvimento sustentável.
A ditatura da expropriação das terras
rurais do Baixo Parnaíba pelos setores do agronegócio é um problema social que
maltrata tanto as comunidades rurais quanto as fontes naturais do bioma
cerrado. A cada dia aparece caso de aviões pulverizadores que ateiam venenos
tóxicos nos campos de eucaliptos, gerando doenças nas pessoas e nos animais que
asseguram o equilíbrio do ambiente. As terras baixoparnaibenses são
concentradas em uma linha de ponta econômica que não pensa em perder essa
guerra de onde os trabalhadores rurais são vítimas desse impacto ecológico e
social. Precisa-se de informações que a coisa não é bem assim... os camponeses
são posseiros por tradição, os donos conhecedores da região do território que é
livre desde séculos bem remotos de nossa história.
José Antonio Basto
Militante dos Direitos Humanos
bastosandero65@gmail.com
(98) 98890-4162