terça-feira, 22 de outubro de 2013


143 ANOS DE "ESPUMAS FLUCTUANTES"

(Outubro de 1870 – Outubro de 2013)

A genial obra literária “ESPUMAS FLUCTUANTES” do jovem poeta baiano ANTONIO FREDERICO DE CASTRO ALVES (1847-1871) é um dos livros de nossa poesia romântica de maior expoente. Lançado na cidade de Salvador – Bahia, em Outubro de 1870, com título em original acima citado, “ESPUMAS FLUCTUANTES”, diferença do “C” mudo talvez pela ordem gramatical da época, ainda com a influência da Língua Portuguesa de Portugal.

Castro Alves antes de sua trágica morte, essa tal “Morte”, noiva misteriosa genuinamente comum na vida dos românticos da segunda e terceira geração do “Romantismo Brasileiro”, o poeta já lhe anunciava no Poema “Mocidade e Morte”, dizendo:

“Oh! Eu quero viver, beber perfumes
Na flor silvestre, que embalsama os ares;
Ver minh'alma adejar pelo infinito,
Qual branca vela n'amplidão dos mares.
No seio da mulher há tanto aroma...
Nos seus beijos de fogo há tanta vida...
— Árabe errante, vou dormir à tarde
À sombra fresca da palmeira erguida.


Mas uma voz responde-me sombria:
Terás o sono sob a lájea fria.”

Morrer... quando este mundo é um paraíso, [...] ele continuava seu lamento incansável nas estrofes seguintes, sabendo que não completava dali pela frente as suas vinte e cinco primaveras de uma juventude precoce. E então se apressa, muito doente de tuberculose com o pé esquerdo amputado, nesse estado só chorava e fumava muito para esquecer a dor interior de viver, por mera coincidência do destino. O poeta quer de qualquer forma deixar seu legado. Aquilo que soube fazer com perfeição, a sua poesia, não apenas para sua família, mas para a humanidade, para as gerações futuras. Reúne as pressas uma seleção de poemas para publicá-la ainda em vida. Infelizmente o jovem Poeta Castro Alves não pôde escolher a ordem dos textos, nem revisar todas as provas tipográficas da edição; outros o fizeram por ele. Só que uma coisa lhe estava perturbando a mente. O leitor deve se perguntar, mas o que nesse momento deixaria o poeta Castro Alves pensativo? A vida errante, a doença, o pé amputado, o sentimento precoce de morte? Pois bem, o que estava lhe deixando preocupado era o fato de já ter o principal, o conteúdo (poemas reunidos), mas faltava-lhe uma coisa,  algo muitíssimo fundamental, o nome do livro que ainda não tinha em mente. E ele muito triste pela vida que levava, doente e melancólico consigo mesmo, viajando de barco “O barco dos amores” que cantara em “O gondoleiro do amor”, começa naquele momento a apreciar a paisagem marinha no dia de sua partida da Cidade do Rio de Janeiro, ele olha tristemente para a água que se movimentava como seu coração e, então percebe as “ESPUMAS FLUCTUANTES” na carreira da embarcação. Rapidamente pensa que seus poemas, assim como as “Espumas” formadas pela movimentação da água, teriam sidos gerados do “mar e do céu, da vaga e do vento” o que significa que eles tem sua fonte na natureza. Castro Alves se inspira e dar o nome à sua obra de “ESPUMAS FLUCTUANTES”. Mas além da natureza, são assinalados mais dois elementos inspiradores; a “musa – este sopro do alto” e o “coração – este pélago da alma”. Portanto, natureza (mar e céu, vaga e vento), inspiração artística divina (musa, sopro do alto) e sentimentalismo (coração e alma), são as três fontes de ESPUMAS FLUCTUANTES, assim como a de toda poesia de Castro Alves, tanto romântica como social. Ainda deixando explicito que “O coração” – esse tal “colibrí dourado...” e a alma... que fiquem bem entendido... embebidos de amor e ideal... que são as formas seminais da pena do Poeta romântico condoreiro. 


Os 53 poemas, antecedidos por uma “Dedicatória” em versos, que compõe o volume e a metáfora contida no título é com certeza explicada no “Prólogo”, em prosa poética, que serve de introdução. A poesia de Castro Alves tal como se apresenta em “ESPUMAS FLUTUANTES” dessa vez sem o “C” mudo em nossa modernidade, é uma síntese da melhor poesia romântica que o precedeu, a qual acrescenta sua inconfundível marca pessoal. Por isso comemoremos agora nesse Outubro de 2013, saboreando essas palavras em prosa poética, em celebrar os 143 anos de existência e eternidade do Livro ESPUMAS FLUTUANTES. Parabéns à essa magnífica obra. 

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