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campo de soja em Anapurus-MA |
Ali vivia uma chapada, ali
moravam animais e corria uma cabeceira de rio, aquele campo de soja no leste
maranhense seria uma prova concreta do projeto devastador e selvagem do
agronegócio na região do Baixo Parnaíba. A soja implantada nos municípios de
Anapurus e Brejo tem suas demarcações e fronteiras, os gaúchos vieram de longe,
do sul do país arrasando terras alheias pertencentes aos povos tradicionais. Dirigíame-me
à Audiência Pública no Seminário Santo Antônio em Brejo, as comunidades
tradicionais foram articuladas pela Diocese, elas falariam sobre velhos
problemas fundiários e socioambientais aos representantes das secretarias de estado.
A vista dava da janela da caminhonete, carretas enfileiradas carregadas de soja
produzida em nosso chão, o cerrado perdeu sua força, ali estar um território
secular que hoje clama por justiça social, por causa das fronteiras agrícolas. Os
tremembés passaram por ali, os balaios e mais tarde os retirantes vindos do
Piauí. Os camponeses criaram vínculos com o meio em que viviam, colhiam frutos,
tiravam madeira... reproduziam-se na permanência das áreas agricultáveis. A
soja plantada nos municípios de Anapurus e Brejo é exportada atendendo demandas
de consumo de outros países, ela se desenvolve através de produtos químicos. Enfraquecida,
a terra se tornou uma colônia que enriquece metrópoles e interesses pessoais
dos sojicultores. As famílias de camponeses que moram nos arredores dos campos
sofrem com doenças causadas pelo agrotóxico, eles perderam suas áreas de caça,
pesca e extrativismo. A monocultura da soja vem agravando os modos de vida
simples desses lavradores. Um cientista e pesquisador certa vez disse que “o
agronegócio da soja vem acabando com o cerrado, sem saber o valor de sua
biodiversidade, infelizmente este foi um dos grandes crimes dos últimos vinte
anos praticado contra o sertão”. A soja na região do Baixo Parnaíba maranhense
visa somente o ganho imediato do capital econômico daqueles gaúchos, sem
qualquer análise da importância dessas áreas de chapadas e florestas que estão
sendo perdidas e desaparecendo do mapa territorial.
José Antonio Basto