quinta-feira, 2 de março de 2017

A floresta

Ela estava ali, densa e viva...
Quase morta – mas viva!
Cantavam os pássaros
E as árvores no ringido dos ventos;
As formigas trilhavam suas veredas
E cortavam as folhas em seus ofícios,
Piava a coruja em seu trono
Esperava passar
A noite solitária,
Nos pomares
Os frutos pairavam sobre o chão
E sobre os ecos nos grotiões
Camponeses gritavam ao longe
Disparavam tiros que anunciavam
A revolução dos dias que vem
Dos dias que vão... dos dias que se foram
Era uma vez: “O sertão”
Que fora espaço de revoltas populares
E de narrações
Ali estava grandes sonhos
Que se foram
No chão avermelhado de sangue
Regado de companheiros
Que se sacrificaram
Por esta causa nobre,
Ela continuava ali
A Floresta
Atravessando madrugadas,
Dias e noites
Cantava em solidão
No embalar dos horizontes;
A floresta solitária
Atravessava o tempo
Chorava, sorria, entristecia...
Na certeza de gravar
Seu nome no panteon da história
O trovador parava no pé de uma serra
E sobre a sombra de uma árvore
Finalizaria seus versos
E com sua máquina de escrever
Comporia a crônica do tempo.

José Antonio Basto
Março de 2017



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